quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Carta para o bebê

Buenos Aires, 10 de janeiro de 2008

Amado bebê,

Hoje a sua mãe e eu fomos ver como você está. Quer saber? Você está ótimo. Vimos seus bracinhos, suas perninhas, sua cabeça, seu corpinho... e vimos suas partes íntimas... e já sabemos se você é Santiago ou Carolina.

Então, bebê, a partir de agora vou chamá-lo pelo nome. Santiago. A sua mãe perguntou ao médico se ele não podia estar enganado. Sabe, filho, ele disse que com uma flecha como a que ele estava vendo na tela você não podia ser menina de jeito nenhum.

Sabe, Santiago, preciso te contar uma coisa. A sua mãe e eu conversávamos sobre ter um filho. Mas falávamos disso como uma possibilidade de algum dia. Não colocávamos uma data para que isso acontecesse.

Mas na minha vida nada foi muito planejado. E acho que na vida da sua mãe, depois que me conheceu, as coisas também não. Então, filho, num dia 20 de agosto (era feriado, o do dia 17 de agosto que passou para a primeira segunda-feira posterior), ocorreu um pequeno acidente.

Fazia pouco mais de um mês que a sua mãe não tomava Yasmin, um remédio que fazia a gente planejar o momento da sua vinda. Como ela não estava tomando o remédio, a gente estava usando outro método para planejar a sua sonhada vinda.

Só que você foi mais esperto, Santiago. Meu filho, você furou todos os esquemas, você fez a gente ver que nem tudo pode ser planejado. E isso é lindo. E nós amamos você.

Santiago, muito obrigado por não ter seguido os meus projetos e os da sua mãe. Muito obrigado por ter furado aquele Tulipán. Muitíssimo obrigado por existir.

Um beijo do seu pai,

I.R.