segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

cabisteza


Foto: I.R.

viver é saber gritar atchésa na hora certa,
é ser feliz quando se pesca xaréu
sem renegar o bonito-cachorro de cada dia.

cala a boca com o viver...

viver, presente desnecessário, mas genial,
é carro de apolo indo da praia do anjo à praia grande,
parecendo história de Lot
ou lorota de pescador.

viver como as gaivotas ou como os atobás,
comer o que está ao alcance
ou mergulhar para ganhar o pão,
a decisão é sempre pessoal,
e o importante é escapar do "usca"
ao sair de bico vazio.

do cova ao pontal,
do pixínio,
à farofa de tatuí
...um pão com mantchega...

a vida hozi,
sem maquiazi
ou dinero,
tal como é.

viver a vida e o viver,
galo,
sabendo que amanã tem de novo arrastão.

I.R.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

colagem

meus dedos refazem acordes,
o ar de minha boca
venta melodias herméticas,
há música em mim.
há um anel que indica meu compromisso.
e nisso,
minhas costas,
meus joelhos,
precisam de analgésico
e fisioterapia.
meus olhos cansados necessitam repouso
e a garrafa e o copo que equilibro
fazem de mim um malabarista,
um bêbado equilibrista,
um sindicalista torcedor,
que torce a dor
e filma o próprio samba no pé.
queimo guitarras
num lual qualquer na praia dos anjos,
woodstock cabista,
reconheço a semana de trabalho divina,
toco um baixo que não desafina,
mas grito, entre cansado
e necessitado de conversar,
para umas senhoras sentadas no bar
odeio panetone e quatro garrafas de vodca de cereja!

I.R.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

pescaria


Foto: M.E.L.

vejo a rocha aí,
ponta imóvel,
ilha, pedaço de terra, praia e pedra,
cercada de água salgada por todos os lados,
e os barcos vazios,
sinal de que houve
e sempre haverá pesca.
sempre há pesca nos olhos de quem vê,
linha na retina,
anzol na pupila,
e a vontade de pescar
uma verdade no fundo do mar.

I.R.

sábado, 22 de janeiro de 2011

férias

na areia debaixo da sombra,
ou dentro d'água
com o meu amor;

na praia, conversando,
rindo, comendo um salgado,
tomando uma cerveja,
um guaraná;

um churrasco;

uma conversa em família;

um bate-papo com os amigos;

o poeta está de férias,
a poesia não.

I.R.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

folhetim

no fundo do mar,
na falha da pedra,
um folha-de-mangue
ajuda a matar a fome
de alguma filha de pescador.

I.R.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

de olhares e abraços

contando a partir de agora,
faltam menos de cinquenta horas
pra me fundir num abraço apertado.

mas a verdade
é que o tempo
e seus medidores
pouco me importam
por mais que os cite
e os transforme em versos

o que me importa
e me faz feliz
é o abraço,
o seu abraço apertado
com o seu olhar chamando o meu olhar,
para juntos olharem pro infinito.

I.R.

sábado, 15 de janeiro de 2011

saudadear

sabe aquele sentir falta,
aquele querer estar perto,
aquela coisa, mesmo estando alegre,
de saber que falta algo,
alguém?
pois é,
assim estou,
assim sou.
te extraño,
embora saiba
que dizer
que tô morrendo de saudade
talvez seja um pouco mais expressivo.

I.R.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

trapitos al sol


Foto

para cada persona
o cosa
hay un trapo propio...
un trapo para la puerta,
otro para el puerto
el trapo de la tropa
y el trapo de la troupe
el trapo del trapense,
de la pelota,
del pelotudo
y del pelotero,
el trapo para el trapecio
y para el trapecista
trapo de tela,
trapo de lana,
trapo para plata
y para porcelana
y la trampa de entre tripas
y trapos entrañados
dejarse atrapar.

I.R.

sem calculadora

cinco vezes treze
é igual a
cento e cinquenta e três.
e se inexata na lógica,
a matemática é perfeita
na marcação do caminho,
na vida viva
que aos poucos
lado a lado
vai sendo vivida.

I.R.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

alternativa


Foto: M.E.L.

quando à frente chove
ou está nublado
e de um lugar fechado
não se sabe aonde ir,
talvez o ideal,
ideal, não obrigatório,
seja olhar para os lados,
seja parar tudo
e olhar pelo retrovisor.

I.R.

sábado, 8 de janeiro de 2011

transparente

quando teu braço
se transforma em abraço
e tua boca
(lábio, língua e lábio)
se transfunde em beijo,
me transubstancio,
me transporto.
e sou marinheiro
que chegou a seu destino
sou meu destino
que se transplantou no porto.

I.R.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

coitadinho


Foto: M.E.L.

elemento fundamental,
maior parte do nosso do corpo
e da nossa terra,
bendita para as plantas
e para os animais,
esperada pelas represas
salgada,
sólida,
e em forma de vapor
fonte de vida,
que em forma de chuva
pode chegar
a ser um enorme transtorno.

I.R.

domingo, 2 de janeiro de 2011

36

se tivesse que nascer novamente
escolheria os mesmos pais que tenho.
se pudesse voltar no tempo,
retroceder e decidir,
teria os mesmos amigos,
seria o mesmo coroinha
e frequentaria o mesmo seminário.
viveria o mesmo passado,
entre alegrias e tristezas,
entre erros e acertos.
não me reinventaria
para tentar ser perfeito.
a perfeição é um ideal,
não um modo de vida.
sou feliz.
amo e sou amado,
quero e sou querido,
trato de ser melhor
pessoa, pai, companheiro,
filho, amigo, professor.
sou feliz.
e se tivesse que nascer de novo
escolheria nascer
quem aos poucos vou sendo.

I.R.

sábado, 1 de janeiro de 2011

2011 dá a partida

Posadas, 01 de janeiro de 2011

Prezados,

2010 já é história que aos poucos vai sendo escrita, enquanto 2011 começa a acontecer. Um novo janeiro, um novo ano. Mais uma vez temos a possibilidade de não fazer nenhuma promessa, mas sim de realizar projetos, cumprir propósitos, assumir responsabilidades, deixando o barco fluir. Assim, os projetos, propósitos e responsabilidades não são uma carga ou um peso, são apenas a própria vida, o ato de viver consciente da nossa estada na terra, a oportunidade de vermos que estar vivos é muito mais do que simplesmente nascer, crescer, (se reproduzir) e morrer.

Que cada dia de 2011 seja, conscientemente, melhor do que 2010. Que o passado seja exemplo do que queremos ou não para tocarmos a vida pra frente!

Abraço,

I.R.