quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Possível conversa de fim de ano

- Oi, amiga, há quanto tempo!
- Oi, querida, pois é, faz um tempão que a gente não se vê!
- Fiquei sabendo pela Paulinha que você vai fazer uma himenoplastia em 2009, verdade?
- Ai, essa Paulinha é fogo... eita mulherzinha fofoqueira... Mas vou sim, era um fetiche do Paulinho.
- Que d-e-l-í-c-i-a!!! Se eu fosse mulher eu também faria. Tenho certeza de que isso deixaria o Paulão com um fogo in-crí-vel!!!!!!
- Ih, sua boba, do jeito que você e o Paulão vivem, nem precisam de reconstrução de hímen.
- É, você tem razão. Acho que em 2009 vou fazer uma reconstrução das pregas mesmo. Bem, a gente se vê. Feliz ano novo para você!
- A gente se fala, feliz ânus novo para você, então!

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Feliz 2009 para quem estiver me lendo. Mesmo que esteja me lendo em outubro. A internet tem dessas coisas.

I.R.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Nem judeus nem palestinos - Décimo-quarto bilhete para um world músico

É tão fácil atirar a primeira pedra, criticar, condenar, julgar...

É tão duro ver pessoas governadas pela cultura do rancor, do ódio, da violência, da intransigência...

É tão triste ver crianças, adultos, inocentes, culpados, seres humanos sendo cruelmente assassinados... a vida humana parece valer tão pouco...

É tão difícil conviver...

Mas a música, sempre ela, nos mostra outro caminho, outra possibilidade, sem idiomas, sem religião, sem fronteiras... Não um mundo perfeito, mas um mundo onde há lugar para todos, onde as diferenças podem ser discutidas sem a presença de uma bomba.



I.R.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Viejos buenos aires

o ar que respiro quando
raia no Arraial
não é rarefeito;
é o rabo da arraia,
o cabo de união,
quando acabo de chegar.

I.R.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Carta e Verso - 1 ano

Arraial do Cabo, 27 de dezembro de 2008

Prezados,

Não sei se isto se pretende uma carta, um bilhete, um aviso, uma propaganda, uma página de diário, um panfleto... Bem, na verdade, a intenção do que escrevo às 10:48 deste sábado 27 de dezembro é comemorar.

Há mais ou menos 14 anos cometi o primeiro poema. E entre idas e vindas, entre tentativas, acertos e erros, felicidades e poemas destinados ao lixo, fui juntando algumas coisas.

No dia 27 de dezembro de 2007 resolvi abrir este blog para poder dividir com quem quer que fosse um pouco do que já tinha escrito. O bom disso é que começar o blog me motivou a voltar a escrever. Só que quando tive a idéia do Carta e Verso, na época ainda sem nome, pensei que se ele tivesse apenas poemas seria muito chato. Eu, particularmente, não leria um blog apenas com poemas. Gosto de poemas, mas não tenho paciência para ler muitos, muito menos de um autor desconhecido como eu. Em outras palavras, eu não me leria com freqüência.

Aí tive a idéia de escrever cartas também. Nas cartas eu poderia e posso dar espaço às coisas que penso, aos meus delírios, ao meu divertimento na hora de escrever. Quando pensei nisso, tive o nome deste espaço.

Este espaço que não é a grande casa virtual de um grande escritor, mas de uma pessoa que, mais do que escrever, gosta muito de ler e gosta muitíssimo de se comunicar. A escrita acaba vindo como uma necessidade dessa comunicação à distância que se mostra, mas não se revela, que fala, mas nem sempre entra em detalhes, que ATÉ pode falar de mim, mas QUASE SEMPRE entre as linhas de um texto quando o faço. Não tenho necessidade de me expor inteiramente quando escrevo, mesmo que às vezes o faça. Portanto, deixo claro, nem tudo o que está aqui sou eu, por mais que tenha saído de mim.

Agora, quem me conhece sabe que adoro música. Já disse uma vez, o Carta e Verso se chama, informalmente, Carta, Música e Verso, já que a presença dela aqui é constante e continuará sendo.

Agradeço aos que entram sempre aqui, que lêem este espaço. Agradeço aos que comentam ou deixaram algum recado. Agradeço aos anônimos. Agradeço aos que entraram por engano. Agradeço aos que entraram para "pegar" algum texto, para esses eu digo que escreverei outros para serem "copiados" por vocês. E como se diria no "Xou da Xuxa", agradeço ao meu pai, à minha mãe e a você.



Um abraço,

I.R.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Carta de Natal

Arraial do Cabo, 25 de dezembro de 2008

Prezados,

de todas as coisas que não entendo nesta vida, e posso garantir que são muitíssimas, uma das que menos entendo é essa história de desejar Feliz Natal para os outros.

A coisa começa antes do dia 24, aí por volta do dia 21 ou 22 se você já sabe que não vai reencontrar a pessoa antes da noite do dia 24 para desejar o tal feliz natal. No dia 23 a expressão ganha mais força para ter o seu gran finale a partir da meia-noite do dia 24 para o dia 25 de dezembro, onde a dizemos para os outros, entre abraços, taças de vinho, panetone, rabanada e um sorriso estampado no rosto.

Agora, o que significa desejar Feliz Natal para alguém? Se o natal representa o nascimento de Jesus, é meio ilógico desejar ou dizer a qualquer outra pessoa que não seja o próprio Jesus alguma frase nesse dia. Eu entendo que no dia do meu aniversário alguém me procure, me telefone, me mande um email ou um sms me desejando feliz aniversário. Mas não entendo que no aniversário de Jesus alguém faça isso comigo.

Seria como se no dia 30 de fevereiro (se existisse) alguém telefonasse para o Céu e...

- Alô, poderia falar com o Jesus.
- É ele mesmo que está falando.
- Oi, como vai, Jesus? Tô te ligando para te desejar um Feliz Aniversário do Zé das Couves.
- Pô, cara, valeu mesmo! Desejo o mesmo para você e para toda a sua família!

Quer dizer, não rola.

E isso que estou falando do natal. Na páscoa essa coisa complica um pouco mais, já que desejar feliz páscoa a alguém equivale a dizer: Feliz morte e ressurreição de Jesus para você!

Bem, não posso dizer que não desejo Feliz Natal a ninguém, afinal, estou acostumado, cresci dizendo isso, mas procuro pensar que essas palavras contêm uma mensagem secreta. Algo como: Desejo que hoje você coma até arrebentar! Espero que seu fígado agüente! Tomara que você não ganhe um par de meias, uma cueca ou uma água de colônia barata neste ano! E se de repente aparecer um monte de gente na sua casa que você não conhece, que a visita fale pouco, tenha bebido menos ainda e seja breve!

Bem, é isso... e Feliz Natal para todos!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Bilhete para Lennon, Feliz Natal

Arraial do Cabo, 24 de dezembro de 2008

Prezado John,

não encare estas palavras como uma crítica, pois não são. Você, pelo menos para mim, não é um profeta, um pensador, um iluminado. Você, pelo menos para mim, não é alguém que nos veio tirar da caverna para podermos ver as imagens tais como são.

Mas suas músicas e seus versos contribuem para a diversão, tão necessária a todos, e também, às vezes, para a reflexão, para que pensemos no que podemos fazer para melhorar um pouco este planeta onde vivemos, onde você viveu.



Aproveito para pedir desculpas pelas versões em português que já ouvi dessa música. Essas versões quase me fizeram esquecer quão bonita é a original.

Feliz Natal!

I.R.

PS: E no meio de tanta comida, tanto presente, tanto cartão de crédito, tanta gente nos shoppings, tanta carta para Papai Noel, tantos duendes e renas, tanta neve, resta uma pergunta: por que amanhã é feriado?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Carta para o Papai Noel

Arraial do Cabo, 22 de dezembro de 2008

Querido Papai Noel,

antes de começar preciso lhe dizer que fui um bom menino durante todo o ano. Me comportei bem, não fiz malcriação e mereço um bom presente.

Se eu fosse criança seria muito mais fácil pedir. Poderia começar com uma bicicleta ou com uma bola, presentes clássicos da minha época. Ou talvez um playstation, clássico do século 21.

Mas, apesar de me sentir bastante criança, deixei essa frase para trás há algumas décadas e os pedidos acabam se tornando um pouco mais complexos. O que pedir? Uma casa ou um apartamento? Um carro, pelo menos usado, já que um 0km tá difícil até com incentivos do governo? Uma viagem para a Europa?

Essa história de pedir a paz mundial não vai dar, até porque você é conhecido como distribuidor de presente, não como fazedor de milagre. Também não vai dar para pedir por políticos mais honestos, pois além de não ser milagreiro, não acreditamos em coelhinho da páscoa, não é mesmo?

Peraí... não acreditamos em coelhinho da páscoa? Bem, então eu tenho uma notícia que talvez você não goste muito. Eu não acredito em você. E não é por ter 33... em contagem regressiva (faltam 11 dias) para os 34. Eu nunca acreditei em você. Se tiver alguma criança me lendo agora, por favor, se você não quiser perder a ilusão, se não quiser saber a verdade, pare de ler este blog agora ou passe para outro texto. Papai Noel não existe. Quer dizer, você, Papai Noel, não existe e nunca existiu para mim. E não estou falando de uma infância triste e pobre onde meus pais não tinham dinheiro para comprar nem um pirulito. Estou falando de ter crescido sem precisar de um velhinho de barba branca que me desse presente. O meu pai, jovem e de barba preta, era quem ralava para comprar o brinquedo.

Cresci ouvindo do meu padrinho os seguintes versos em forma de canção:

"Papai Noel não existe não.
Papai Noel é tapeação.
Papai Noel é pra garoto bobo
que fica em casa vendo televisão."

E assim como você nunca fez falta, os reis magos também nunca fizeram nem o coelhinho da páscoa, nem Rodolfo, a rena do nariz vermelho, nem o pote de ouro no final do arco-íris, se bem que eu não me queixaria se encontrasse um.

Mas sabe, Papai Noel, para que a sua tristeza neste Natal seja maior, meu filho também não vai acreditar em você. Não tem necessidade. A vida e a fantasia não são mais interessantes com a crença na sua existência. Prefiro que meu filho saiba que o pai e a mãe dele ralam pra cacete para pagar as suas roupas, a sua escola, a sua alimentação e os seus brinquedos, a sua diversão, também. Por que ficamos só com a parte da obrigação e você, Papai Noel, leva a fama pela parte mais divertida?

Abaixo você, Papai Noel! Lutemos por um Natal sem a necessidade de neve artificial e duendes espalhados pelos shoppings dos países de Natal tropical. Lutemos por um Natal mais humano onde a alegria não está no velhinho de roupa vermelha e barba branca, mas se encontra no nosso encontro com cada pessoa, independente da cor de roupa que usamos e da idade que temos.

Agora, se quiser se lembrar de mim e me dar um 0km de presente... tô precisando.

Um abraço,

I.R.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cordas com teclas

Cordas...
Teclas...
Dedos que batem
suavemente,
como se digitassem uma música.

I.R.

Cravo



Clavicórdio



Piano



Confesso que no caso do cravo e do clavicórdio, gosto muito da palavra usada em inglês para lhes nomear.

Harpischord e Clavichord. Já, piano, em inglês, é Piano mesmo.

Primos na aparência
Irmãos na exigência
Desconhecidos na maneira
de lidar com as cordas.

I.R.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Em minutos

Me desfaço, me perco, desconstruo,
Volto ao pó, sou poeira, sou farelo,
Um resto de papoula, ipê amarelo,
Um céu de cartas tortas eu construo.

Meu céu ou seu inferno, assim eu suo
Desconstruindo a noção do bom e belo
E beijo as minhas costas num flagelo
E em meus braços me dou, me prostituo.

Me disfarço e então peco em mim, narciso,
E me nego até mesmo um meu sorriso,
E essa desconstrução é quase unânime.

E é difícil juntar esses caquinhos,
Encontrar meus milhões de pedacinhos
Perdidos numa porra pusilânime.

I.R.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Pregas ou cordas

Acabo de descobrir que as cordas vocais também são chamadas de pregas vocais.

Sinceramente, eu sabia que as pregas podiam 'falar', podiam 'gemer', podiam 'declamar Os Lusíadas' em determinadas situações, e podiam se queimar e você podia acabar perdendo as mesmas.

Essa novidade de que o buraco é mais em cima e de que as cordas vocais, que não são cordas, também podem ser chamadas de pregas me deixou abalado.

Mas voltando ao X da questão, o caso é que cantamos, e cantando, além de espantarmos os males e os vizinhos, podemos nos alegrar, podemos expressar um sentimento, podemos fazer arte, podemos nos divertir, relaxar, podemos liberar tensões e tantas coisas mais que um blog é pouco para expressar.

No Rádio Gordo há uma entrada sobre as cordas vocais e uma referência ao "canto de garganta" ou "canto difônico". No Rádio Gordo ele nos é apresentado com músicos da Mongólia. Aqui eu optei por músicos de Tuva.

Huun Huur Tu



E o grupo de rock Yat-Kha



Mas e o canto como estamos mais acostumados, quem pode representá-lo? São tantos os nomes e as vozes que fica difícil escolher. Opto então pela beleza rouca da voz daquela que foi escolhida pela BBC como a cantora do milênio.



E em música com letra de protesto.



E atire a primeira pedra aquele que jamais cantou no chuveiro.

I.R.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Entre aulas e sorrisos

Colocando em questão mitologia,
Traz Camões, Classicismo e muita lógica,
Tal certeza jurássico-arqueológica,
Religião nossa, fruto da agonia.

Desaguando em beleza, fantasia
Que muda do universo vida ilógica,
Pois dá ao coração psicológica
Leitura do que não se definia.

E vejo neste céu azul do mar
Que só há um mistério, que é achar,
mesmo após ler Horácio e ler Virgílio,

Que nós, miséria humana, alma plebéia,
Não somos cosmonautas da mãe Géa
Ao descobrir o cosmo em nosso cílio.

I.R.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Carta para um professor sádico

Buenos Aires, 14 de dezembro de 2008.

Prezado professor sádico,

Chegou a hora de você tirar a máscara. É fim de ano, época em que você pode exercitar a sua sede pela demonstração de poder. E é bom que os seus alunos saibam disso.

Você se esconde atrás de um salário baixo para preparar aulas meia boca para os seus alunos. Você se esquiva de suas responsabilidades como profissional dizendo que se os alunos não aprendem é por culpa deles, não sua. Você se protege das críticas colocando a culpa no governo, no descaso institucional com a educação. Você coloca a responsabilidade nas letras de funk, por exemplo, para mostrar que com essa “cultura” o aluno não pode crescer. Você ri com seus colegas dos erros ortográficos e gramaticais que os alunos cometem nas provas e acredita na farsa de que se ele errou o responsável é o próprio aluno por não estudar, por não ler. Isso quando não sobra para a professora da alfabetização, a Eva de toda a educação, quem primeiro fez o aluno morder a maçã e o condenou a uma eternidade medíocre, livrando você, amigo professor sádico, de toda a responsabilidade.

Essa carta não é um estudo sociológico, nem uma tese de nada. É um alerta para os seus alunos. Sim, um alerta, para que eles saibam que no dia do conselho de classe ou no conselho final (antes se chamava conselho de promoção... será que ainda se chama assim?), você, professor sádico, vai reprová-los, principalmente se as suas notas estiverem a alguns décimos da aprovação. E vai fazer isso com um sorriso nos dentes, dizendo que você, aluno, não vai ser aprovado porque ele, dono da verdade, dono de todo o saber e conhecimento, não quer. E o nosso colega sádico terá milhões de argumentos para justificar a própria decisão, e ai do professor que ousar questioná-lo.

Antes que eu seja esculhambado aqui pelos meus colegas, aviso: não defendo a aprovação automática. Mas gostaria de ver uma mudança no ensino onde o conhecimento não fosse ferramenta de exclusão, mas de inclusão social. Onde, por exemplo, a gramática deixasse de ser vista como uma coisa morta e sem sentido, mas que seu estudo ajudasse os alunos a serem críticos, a serem seres pensantes, não meros papagaios. Que o estudo da história deixasse de ser uma triste decoreba, para se tornar algo dinâmico, que instigue o aluno a pensar sobre o seu mundo de hoje analisando o passado, projetando, quem sabe, um futuro melhor.

Mas eu sei, professor sádico, que para você é mais fácil pegar a sua caneta vermelha e arrasar. A sua caneta vermelha é como um trator que passa por cima do respeito e da dignidade do ser humano, usando como justificativa para isso a falta de respeito que muitos alunos têm, num circulo vicioso que interessa apenas aos que desejam manter a sociedade do jeito que está.

A você, meu colega sádico que sente o prazer mórbido da reprovação automática, desejo um bom tratamento psicológico, nada mais.

Um abraço,

I.R.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Décimo-terceiro bilhete para um world músico

Buenos Aires, 13 de dezembro de 2008

Prezado,

você sabe que atualmente tenho muitos assuntos sobre os quais gostaria de comentar. Tenho tantas cartas para escrever... Mas você sabe também que é fim de ano e o fim de ano não vem sozinho. Traz com ele um caminhão de provas para corrigir dirigido por um motorista extremamente cansado, porém sóbrio.

Por isso, para evitar falar de trabalho, é que quero dividir com você uma grande notícia. Goran Bregovic lançou um trabalho novo, Alkohol.



Um abraço,

I.R.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Cordas afegãs

O Afeganistão é mais do que burca (ou burka ou burqa), talibã, guerras e papoula. Do Afeganistão vem um... não, peraí... dois instrumentos de nomes parecidos, mas de maneiras de tocar diferentes e que segundo alguns historiadores vão dar origem a outros instrumentos de corda que em outro momento passarão por aqui. É claro que esses instrumentos não são exclusivos de lá. Mas, cá entre nós, no nosso mundo globalizado o que podemos dizer que é exclusivo de algum lugar?

Primeiro o rebab



Depois o rubab



I.R.

PS: Rubab e tabla. Imagem mais nítida.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ser como se é

Amigo, já não fale de moral
Pois moral, eu bem sei, você não tem
Você é pura casca, eu sei também,
Falso como você não há igual.

Você age de modo natural
E mente, engana e trai como ninguém
Seguindo as regras quando lhe convém,
Você é falso, farsa, artificial.

Você, feito de casca e de aparência,
Nos finge uma alegria, adolescência,
Mas não sabe do amor com garra e luta.

Pois você finge ser um personagem,
Tão verdadeiro quanto uma miragem,
Tão falso quanto o gozo de uma puta.

I.R.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Ser pai...

...é babar em cima do filho,
...é achar graça em cada micro mudança de cada micro forma do seu filho sorrir,
...é fazer palhaçada para ele comer,
...é dar um iogurte quando o tempo permite,
...é dar uma mamadeira à noite,
...é fazer cara de nojo quando ele faz cocô e entregá-lo para a mãe dele limpar,
...é trocar a fralda aliviado por só ter xixi,
...é passear de carrinho com ele por dentro de casa,
...é cobri-lo de beijos,
...é assistir 500 milhões de vezes The Lion Sleeps Tonight.

I.R.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Para terminar um relacionamento com fúria. Pegue-me.

Você não presta! Bem que me avisaram para não me aproximar, para não me envolver com você, mas eu não quis acreditar. Você me enganou, me iludiu, me vendeu uma vida e uma pessoa que você não tem, que você não é. Você mentiu para mim e me fez de gato e sapato. Mas agora, meu filho/minha filha, acabou.

A partir de agora, eu sou mais eu. De pessoas como você eu quero distância. Você é um/a cachorro/a sarnento/a, mau-caráter, falso/a, filho/a da puta (se você não curte palavrão, recomendo tirar o último adjetivo). Você não vale nada. Espero nunca mais ter que olhar para essa sua cara nojenta. E nem pense em tentar me procurar. Pode apagar o meu número da memória do seu celular, porque nunca mais quero falar com você. Pode tirar o meu nome da lista do seu messenger e do seu orkut, porque eu já bloqueei e tirei o seu. Até nunca!

Para terminar um relacionamento. Pegue-me.

Olha, eu nem sei como começar a escrever isso. Antes de mais nada, quero que você saiba que eu me sinto um covarde por escrever em vez de te procurar e a gente sentar para conversar. Mas por enquanto talvez seja melhor assim.

Esse tempo que passamos juntos foi muito, muito, especial, mas sei que já não faço você feliz como antes, da mesma forma que também não estou feliz. Tudo o que vivemos foi lindo, mágico e vou guardar cada momento desses comigo. As alegrias e tristezas que passamos juntos, nossas conquistas e o que realizamos. Até das nossas brigas eu vou me lembrar e procurarei aprender delas para não repetir os mesmos erros.

Mas insistir em estarmos juntos é um erro. Não quero machucar você e também não quero me ferir. Quero que sejamos felizes, mesmo que separados. Se for o nosso destino terminarmos juntos, tenho certeza de ainda vamos nos encontrar.

Para um amor. Pegue-me.

Há muito tempo eu procurava alguém como você. Alguém com quem pudesse dividir a minha vida, as minhas alegrias, as minhas tristezas, os meus planos, os meus sonhos... E ao mesmo tempo compartilhar as suas alegrias e tristezas, e te apoiar no seu crescimento, te ajudar nos seus momentos difíceis, alguém com quem fosse possível viver um presente e construir um futuro.

Há muito tempo eu procurava alguém assim. Agora não procuro mais. Você entrou na minha vida de mansinho, meio sem querer, e agora é meu/minha amigo/a, meu/minha companheiro/a, meu amor. Obrigado/a por existir. Amo você.

Pequenos textos para serem "roubados"

Buenos Aires, 7 de dezembro de 2008

Prezados leitores,

Nesse quase um ano de blog, notei que muita gente acaba caindo aqui meio sem querer. Quase sempre procurando alguma idéia de o que escrever para uma amiga, para um bebê, para um amor. E foi pensando nisso que eu resolvi colocar alguns textos curtos, impessoais, sobre determinados assuntos. Para facilitar a coisa, vou colocá-los em postagens diferentes e eles não terão nem a palavra Carta nem a palavra Bilhete como título. Esses texto serão chamados de: "Para "Tal Coisa". Pegue-me".

Um abraço,

I.R.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Cordas de aço

Blues, jazz, rock (em todas as suas vertentes), pop, etc.

Voltando a falar de cordas, um dos instrumentos mais influentes na música do século XX é a guitarra. Ele é tão importante na música que fica até difícil escolher alguém para mostrá-lo em execução. Todo mundo conhece a guitarra, mas para informações mais específicas eu recomendo a questionada wikipédia.

Guitarra elétrica
Guitarra eléctrica
Electric guitar
Gitara elektryczna
Elektromos gitár

E pensar que no Brasil já houve manifestação contra o uso da guitarra na música brasileira.

Mesmo tendo de deixar guitarristas ENORMES de lado, inclusive brasileiros, coloco alguns que são magos com as cordas e com o amplificador.

B.B. King e Eric Clapton



Joe Satriani, Steve Vai e Yngvie Malmsteen



Stanley Jordan



O último eu tive o prazer de ver em um festival de jazz, de graça, em Rio das Ostras.

I.R.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Carta para um conversador

Buenos Aires, 4 de dezembro de 2008.

Prezado conversador,

Você já reparou que nós, pessoas, conversamos cada vez menos? Passamos horas no Messenger, ganhamos calos na ponta dos dedos mandando mensagens pelo celular, secamos a saliva em monólogos sem fruto aos que insistimos chamar de diálogo, mas que são menos férteis que o deserto do Saara.

Para quê?

Em minha opinião, não conversamos. Falamos, mas não ouvimos. Queremos impor nossas idéias, mas não queremos conhecer as idéias ou opiniões dos outros. Procuramos sair vitoriosos de uma conversa, que já não consideramos uma alegria da vida entre amigos, mas uma batalha com um inimigo a vencer.

Dizem que religião não se discute. Mas depois tivemos que mudar a frase para “futebol e religião não se discutem”. E agora já acrescentamos ou excluímos discutir sobre mulher também. Quer dizer, futebol, religião, mulher, sexo, cerveja, filhos, novela, dieta, doença, e um vasto etc, nada disso se discute.

Se a conversa é sobre religião, existe sempre a necessidade de provar para o outro que o seu deus é mais verdadeiro, que a sua religião é a única correta, e no caso dos interlocutores serem cristãos, que o seu Jesus não foi deturpado como o Jesus do outro. Não, amigo, você não vai me convencer de nada, vamos falar de futebol.

Mas falar de futebol é um perigo. Envolve as paixões pelos clubes e a rivalidade existente entre eles. Então o seu clube é mais vencedor do que o do outro, que sabe que venceu menos, mas lembra as vitórias mais importantes do próprio time e as principais derrotas do time do amig, digo, do adversário. Nem entre torcedores do mesmo time pode haver conversa, já que na “conversa” alguém sempre vai preferir um determinado jogador ou vai defender determinada política do clube ou vai dizer que aquele cara era ídolo, mas na verdade era um pereba.

De futebol não dá, vamos falar de música. Ah, mas eu curto funk. Não, o funk é uma porcaria, o bom mesmo é sertanejo. Sertanejo é brega, o negócio é dançar um forró universitário agarradinho. Esse negócio de universitário é que é ridícula, música boa é o heavy metal, coisa que no Brasil quase não se faz. O que é isso? Música é o rock dos anos 60. Anos 60? Amigo, falemos da bossa nova. Mas a bossa nova é um saco, o negócio bom mesmo era a jovem guarda. E não dá para juntar os dois e curtir um som do tropicalismo? É, eu sou amarrado em MPB. Mpb, que coisinha sem sal, o bom mesmo é um churrasco com pagode e cerveja.

Chega! Vamos falar de sexo. Em cima, embaixo, de ladinho, frango assado, cachorrinho ou coqueirinho?

Um abraço,

I.R.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Só uma corda só

Vara de biriba,
Corda,
Cabaça.

Vareta fina,
Caxixi...
E a graça de ter vindo numa nau.

Salvador,
Capoeira,
Angola,

Quem não joga não vive,
se enrola,

quem não come poeira,
não sabe o calor do berimbau.

I.R.

Papete nos fala sobre o berimbau e nos mostra porque é um dos grandes mestres do instrumento.



Lenine e Ramiro Musotto, num brilhante solo, nos mostram que o berimbau não é um instrumento apenas da capoeira ou do samba de roda.



I.R.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Décimo-segundo bilhete para um world músico

Buenos Aires, 01 de dezembro de 2008

Prezado,

como você não entende o que eu digo? Por um acaso estou falando grego?

Um abraço,

I.R.