tag:blogger.com,1999:blog-23687533780699267182024-03-19T01:04:44.280-03:00Textos de IR - Carta e VersoO blog, com seus textos, se descreve sozinho.Igor Ravascohttp://www.blogger.com/profile/05177096093967731686noreply@blogger.comBlogger2084125tag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-41223361150359955752024-03-18T22:04:00.000-03:002024-03-18T22:04:07.751-03:00vidrado<p>penso na fragilidade
do vidro,<br />sinto a impermanência do vidro,<br />e a possibilidade da pedrada na vitrine,<br />enquanto o sol filtrado no vitral<br />ilumina imagens coloridas.<br />penso na delicadeza do vidro,<br />em sua natureza e vulnerabilidade,<br />copos, taças, cúpulas, tijolos, telhados,<br />e a probabilidade ou o medo<br />da queda, da pedra, do trincado...<br />frasco, tela, janela, vidraça,<br />a garrafa de vinho e a de cachaça...<br />vivo a fraqueza dos meus óculos<br />e a franqueza com que me olho no espelho</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-71076179675820989422024-03-14T11:02:00.001-03:002024-03-14T11:02:53.979-03:00ponto de vista<p>o bebê que
fui em 75,<br />o jovem que fui em 92,<br />o adulto que fui ontem,<br />ou em 22,<br />coexistem e coexistirão<br />com meus futuros eus<br />num desenho intrincado,<br />meio ‘os girassóis’, ‘guernica’, ‘mona lisa’,<br />meio ‘medusa’ ou só um copo trincado<br />que contém e que vaza...<br />já não sou tábula rasa<br />depois de tantos contos,<br />sou um ‘ligue os pontos’<br />cuja imagem nem sei qual é<br />e que não verei (o que os outros verão)<br />quando eu chegar a meu ponto final</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-35581293274388873122024-03-08T08:39:00.002-03:002024-03-08T08:40:55.654-03:00vibrações<p>a palavra escrita
é um invento sólido,<br />que como um bólido,<br />cruza papéis ou telas,<br />e entra pelos nossos olhos<br />ou pelos dedos de nossas mãos.<br />enquanto a palavra falada...<br />(cantada,<br />recitada, excitada)<br />é o elemento gasoso,<br />um som gozoso<br />que entra e sai pelos ouvidos<br />de corpos exauridos,<br />desde o nascimento da fala<br />(ou da canção)<br />antes do surgimento do amor líquido,<br />antes mesmo da invenção do amor<br />...<br />nunca há silêncio
quando escrevo,<br />hoje a chuva refresca a minha manhã.</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-82432213414494403802024-03-01T10:24:00.001-03:002024-03-01T10:24:36.571-03:00açoite<p>não há sóis,<br />não há sois,<br />nem eu nem vós,<br />ou voz... não há sons,<br />só o silêncio da guerra<br />e o passado de quem não tem vez.<br />há um nós... sós...<br />e um nó na garganta<br />em estado de s.o.s.</p><p>I.R.</p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-80539601923236249462024-02-23T09:16:00.006-03:002024-02-23T09:16:49.556-03:00mar-íntimo<p>tudo começa
na areia,<br />área onde timidamente se molham os pés,<br />às vezes sem que se queira,<br />e passo a passo vamos,<br />panturrilha, joelho, coxa,<br />cintura, a água no peito,<br />nos ombros,<br />onde carrego tanta coisa...<br />mas não é com um mergulho,<br />com uma braçada,<br />nem mesmo numa remada,<br />que se estabelece intimidade.<br />é preciso se dar, além de receber,<br />é preciso ler, interpretar e se abrir<br />é um descobrir-se gigante,<br />sendo tão ínfimo.</p><p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-54950394581279346002024-02-15T11:00:00.001-03:002024-02-15T11:00:07.774-03:00quinta-feira de cinzas<p>no dia a
dia da rotação,<br />talvez a rota do homem esteja rota,<br />numa profusão de discursos<br />sobre deus, sobre o amor,<br />mas com o desamor em curso em sua ação.<br />o homem arrota verdades<br />de um deus criado à sua semelhança,<br />um deus da desesperança,<br />contra seu semelhante,<br />o deus da fome, das armas,<br />da palavra que fere, da indiferença,<br />o deus de um homem<br />que prefere continuar roto<br />escrevendo um roteiro de ficção,<br />uma fake life com final feliz</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-57920408124907844722024-02-04T20:23:00.001-03:002024-02-04T20:25:04.168-03:00prenhez<p>pairo um
poema,<br />porque posso parir<br />num papiro, num papel,<br />enquanto paro...<br />pairo numa gota de silêncio,<br />porque posso pairar,<br />parar, espairecer,<br />e não mais parecer,<br />mas ser o que sou.<br />afio a língua, amolo o olho,<br />procuro colo,<br />planto e colho,<br />sou alguém que está sendo<br />um dia de cada vez.</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-81548069679611874322024-01-29T08:11:00.001-03:002024-01-29T08:11:39.996-03:00dédalo<p>na beira da
areia da praia,<br />por cima dos brejos<br />e nas encostas dos morros,<br />vão se estendendo seus becos,<br />suas poucas avenidas de traçado irregular,<br />suas travessas e ruas sem saída...<br />e minhas travessuras,<br />meus pensamentos ou o que vivo<br />talvez sejam só um reflexo de sua geografia,<br />de suas ramificações,<br />de seu crescimento desordenado<br />e agora vertical...</p><p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">
sou como o Arraial,<br />
um labirinto que sempre termina no mar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.</span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-21968654533404419012024-01-23T14:47:00.003-03:002024-01-23T14:47:49.355-03:00ars<p>a arte se
reparte em cores,<br />sons e cromossomos,<br />e cria uma unidade divisível<br />e impossível a olho nu.<br />o corpo nu<br />gera um universo de possibilidades,<br />na velocidade de um dirigível em chamas,<br />o que me chama a atenção pra fragilidade,<br />ou nossa intenção de transcendência<br />na obra, na reforma, na restauração,<br />óleo sobre tela, tear de tecelã,<br />clave de sol da manhã até anoitecer,<br />trabalho feito em madeira, em osso, em papel,<br />enquanto escrevo o que posso,<br />ou caminho a caminho de novos ângulos<br />sobre aquilo que não tem por quê.</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-15053198159908486212024-01-18T12:10:00.001-03:002024-01-18T12:10:54.562-03:00pupa<p>tenho pensamentos breves,<br />entrecortados,<br />gosto de poemas curtos e amores leves,<br />e já acreditei no amor romântico<br />com suas fantasias, farsas, farpas e dores.<br />já tive minhas doses de engano,<br />já menti pra mim,<br />mais do que pros outros.<br />enganei... me enganei... me iludi...<br />e agora lentamente adulteço,<br />aconteço de outras maneiras,<br />sem pose, sem posse, sem performance,<br />nem romance de sonho encantado.<br />só eu inteiro posso ser parceiro<br /><br />(...)<br />amar é tão bom quanto ser amado</p><p>I.R.</p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-4555514098144966242024-01-15T09:32:00.001-03:002024-01-15T09:32:29.725-03:00taquicardia<p>a emoção do
momento<br />contrasta com a serenidade do agora,<br />esse à flor da pele<br />que me impele e se mostra possível,<br />a cabeça que já não finge demência,<br />o corpo que já não está dormente,<br />a mente posta na quietude<br />e nas inquietações...<br />e o coração...<br />esse que brinca como menino,<br />pula, salta,<br />se contrai e se dilata,<br />esse que está atento e se distrai...<br />o meu coração quica<br />como bola de borracha a caminho do gol</p><p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-71887171386496150612024-01-09T07:17:00.000-03:002024-01-09T07:17:10.945-03:00versar<p>não é uma
questão só de movimento,<br />mas de movimento com direção<br />(nem sempre definida)<br />não se trata da inércia do movimento,<br />mas de um movimento anti-inércia,<br />que vibra, que emociona,<br />e desmorona para construir,<br />desconstrói para erigir,<br />derruba pra levantar.<br />chegar não me importa,<br />quero abrir novas portas<br />viver o caminho,<br />acompanhado e sozinho,<br />onde o fui, o vou, o ia e o irei<br />são junto com o iria a minha condição,<br />a minha confissão<br />de que ainda sou nos textos de ir<br />‘eleuqa oninem euq moc otsog’ ri.</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-61612939901711034092024-01-02T18:11:00.000-03:002024-01-02T18:11:02.035-03:0049<p>se a
contagem do tempo não me importa,<br />existem convenções das que gosto,<br />não me diz nada 2024,<br />como não me disse 2003, 5784, 1986...<br />mas hoje, naquilo que a convenção<br />chama de 2 de janeiro,<br />me divirto por inteiro,<br />faço quarenta e nove,<br />num dia em que normalmente chove<br />e escrevo neste receituário<br />que vou a caminho<br />do meu primeiro cinquentenário...<br />(quero ter no mínimo dois)</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-64938450587962922222023-12-31T09:59:00.001-03:002023-12-31T09:59:49.175-03:00novel<p>o velho ano
novo<br />chega de novo<br />pra desenrolar o seu novelo.<br />quero vê-lo<br />e vivê-lo como ainda não vivi,<br />quero ser um verso,<br />um personagem de uma novela,<br />uma caravela sem rumo,<br />alternando ventos e calmarias<br />em mares novamente navegados.<br />quero novos dias, novos meses,<br />quero sempre e quero às vezes,<br />a inconstância, não a inconsistência</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-29822169295438283392023-12-26T09:31:00.001-03:002023-12-26T09:31:19.246-03:00ser e não serescrevo um poema sóbrio<div>de amor próprio,<div><div>escrevo sóbrio,</div><div>um poema próprio de amor,</div><div>mas não escrevo só pra mim,</div><div>e descrevo um querer contido, </div><div>e contigo, </div><div>romântico e impróprio... </div><div>e versifico o que não tem nome,</div><div>verifico o que me consome, </div><div>uma puta palavra pura que ressoa... </div><div>escrevo pra mim, </div><div>para minha pessoa, </div><div>tomando um mate</div><div>embaixo do ventilador </div><div><br></div></div></div><div>I.R.</div>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-67901044348700240252023-12-20T12:47:00.000-03:002023-12-20T12:47:37.889-03:00'en aras del mar'<p>remo num mundo
de peixes,<br />tartarugas, estrelas do mar<br />e cavalos marinhos...<br />remo no reino das águas claras,<br />sinto o mar com seu acalmar,<br />e a ondulação que sara<br />e sustenta a canoa<br />como uma deusa polinésia,<br />movimento que gera movimento...<br />mente sã no meu corpo<br />que nem sempre faz o que deve,<br />enquanto navego o momento.<br />e quero remar, com o cuidado de não me distrair<br />por um poema que começo a escrever,<br />quero sarar, com o agregado de sorrir,<br />nesse novo sistema de viver...</p><p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">
alegria e esperança no voga,<br />
temperança como tempero no leme.<br /><br />I.R.</span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-65227324209187830192023-12-18T09:14:00.000-03:002023-12-18T09:14:34.262-03:00seta<p>sou flecha
disparada ao ar<br />sem direção,<br />interpretando como alvos<br />o que encontro pelo caminho.<br />viver é interpretar o sem sentido<br />e encontrar um sentido próprio,<br />que não é o das coisas,<br />que de fato não têm.<br />sou flecha sem curare,<br />sou flecha sem cura,<br />abrindo brechas na minha loucura,<br />na minha sanidade...<br />sou flecha sem tempo, sem idade,<br />porque o tempo não existe,<br />o que há é a existência.<br />e a resistência de que serei flecha voando<br />até a hora de então cair.</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-10583151732180046912023-12-11T13:09:00.004-03:002023-12-11T13:09:45.147-03:00"umbíguo"<p>prefiro agir
sem dúvidas,<br />sabendo que posso errar,<br />me arrepender,<br />prefiro não duvidar ao agir,<br />e desfrutar... e aprender...<br />estabeleço minhas leis<br />e contra elas me rebelo,<br />numa autoinsurgência<br />onde me deponho do poder<br />para entregá-lo a mim.<br />é preciso derrubar os próprios tiranos.<br />eu preciso derrubar os meus próprios planos<br />e florir... e aflorar...<br />e viver esse afloramento,<br />essa ressurgência que me nutre,<br />onde abandono as certezas,<br />para abraçar as dúvidas...<br />e então agir.</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-49627840370831915382023-12-05T09:46:00.000-03:002023-12-05T09:46:11.072-03:00random<p>somos seres
aleatórios,<br />dependentes do acaso de decisões<br />que levam a outras decisões, outros casos,<br />numa espiral de vida, de aspirações.<br />inspira... expira... suspira...<br />o suspiro é um doce,<br />que prefiro com doce de leite.<br />somos seres aleatórios,<br />imersos em elucubrações,<br />imensos em pequenas loucuras,<br />insanidades instantâneas de polaroides.<br />somos seres aleatórios<br />escrevendo histórias casuais que se repetem,<br />se transformam, se reescrevem,<br />que viram poemas, contos, crônicas,<br />livros sagrados, receitas de pizza,<br />bulas de remédio,<br />redações do enem ou questões de vestibular...</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-77827824992788543022023-11-28T21:21:00.000-03:002023-11-28T21:21:47.798-03:00cronoscópio<p>a contagem
do tempo,<br />em anos ou segundos, é secundária,<br />a vida deveria ser medida em gangorra<br />ou em roda gigante,<br />nesse sobe e desce de humores,<br />nesse girar de emoções.<br />a vida é essa sucessão<br />de sucessos que acontecem no parquinho,<br />no parque de diversões,<br />num campo minado,<br />que às vezes não é literatura, mas literal.<br />a vida é fácil, a vida é dura,<br />é circo, palco e picadeiro,<br />é a incerteza por inteiro,<br />é o que não para e acontece<br />enquanto insistimos em contar o tempo,<br />esperando o cuco cantar</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-60229692791686960372023-11-21T12:17:00.001-03:002023-11-21T12:48:45.496-03:00certidão<p>quis escrever
como drummond,<br />bandeira, como vinícius,<br />usei dos meus artifícios<br />e não percebi que era besteira.<br />quis escrever como carriço, victorino,<br />mas sou tão menino e ainda tão sem viço...<br />não quis escrever como eraldo amay,<br />poeta místico,<br />pois sou terrenal, pai... perdoai!<br />e então escrevi franco, como Franco,<br />escrevi como Moreira a amoreira,<br />como Maia e não como asteca.<br />escrevi como quem peca,<br />como Igor sem ser russo,<br />quando o bigode era só um buço,<br />escrevi sem medo do fiasco.<br />escrevi como eu mesmo,<br />como Ravasco.</p>
<span face=""Calibri",sans-serif" lang="PT-BR" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Igor Franco Ravasco Moreira Maia<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--></span>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-35925194721980245382023-11-14T08:26:00.001-03:002023-11-14T08:26:37.090-03:00sem título<div>como explicar uma dor, </div><div>explicitar um amor, </div><div>como transmitir um vazio</div><div>e se comunicar</div><div>de forma menos imprecisa, </div><div>nada implícita? </div><div>como evitar os vocábulos </div><div>ou usá-los até consumi-los </div><div>na ponta da nossa língua? </div><div>é possível pensar em silêncio? </div><div><br></div><div>a fala é falta, </div><div>é falha, é falaz</div><div>e não traduz o que sinto, </div><div>e nem diz o que sou. </div><div>mas não me põe ou me ponho</div><div>na condição de seu escravo, </div><div>sou contradição....</div><div>o filho da mãe </div><div>e o filho da minha mãe, </div><div>jekill e hyde, </div><div>depende do dia, do contexto </div><div>e às vezes até</div><div>só depende de mim. </div><div><br></div><div>I.R.</div>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-75273116947156445072023-11-09T21:58:00.002-03:002023-11-09T22:06:23.651-03:00sátira<p>dizem que a
vida é séria,<br />dizem que é uma brincadeira,<br />fala-se demais, vive-se de menos...<br />assumo que não sei, mas gosto...<br />e talvez só possa dizer isso<br />por causa do acaso<br />que aproxima ou afasta<br />os calos e o caos...<br />nesse encadeamento de fatos,<br />de acontecimentos,<br />de alegrias e aborrecimentos.<br />a vida é enquanto me oculto,<br />enquanto me exponho,<br />e quando me ponho na brasa,<br />a vida não é rasa,<br />é cor de rosa,<br />uma câmera defeituosa<br />por onde mostramos<br />só uma parte de nós</p><p>I.R.</p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-2937691627047048002023-11-05T11:15:00.000-03:002023-11-05T11:15:11.594-03:00alteridade<p>a vida é
associação ou desassociação livre,<br />no encontro e desencontro com o outro.<br />quem é o outro senão o diferente de mim?<br />mas quem sou eu? pergunta de aparência simples,<br />e cuja resposta talvez seja apenas ‘eu não sou o outro’,<br />enquanto ainda não posso responder quem sou.<br />falo do que gosto, do que como, do que bebo,<br />por que time torço, com o torso cheio de pintas,<br />enquanto pinto esboços verbais e bobas reflexões de bar,<br />e deixo de falar sobre qualquer questão fundamental...<br />não digo séria, nem o que seria,<br />pois também há seriedade numa lista de supermercado.<br />quem sou? talvez não tenha resposta, nem precise,<br />as perguntas importam mais<br />e suportam um existir de reticências<br />...</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">I.R.<o:p></o:p></span></p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2368753378069926718.post-28412510531810071432023-10-31T21:35:00.004-03:002023-10-31T21:35:58.540-03:00ao ponto para mal<p>querido diário,<br />sem horário nem dia,<br />decido que não me divido<br />entre o etéreo e o venéreo,<br />entre a oração e a magia,<br />entre ser nazireu ou devoto de baco,<br />porque não se trata de preto ou branco,<br />mas de viver em escala de cinza.<br />ponho a cabeça no travesseiro,<br />travo minha luta,<br />mas durmo em paz.<br />conheço minhas falências,<br />pago meus erros,<br />minhas decadências,<br />e sei quem sou.<br />não sou o sol que brilha à meia-noite,<br />nem farol, nem modelo,<br />sou um novelo embolado,<br />um ser humano em seu molho de contradições.</p><p>I.R.</p>Unknownhttp://www.blogger.com/profile/00551151892411977680noreply@blogger.com