quinta-feira, 30 de julho de 2009

Natálico

A nascente de um rio caudaloso
Mil tons de nascimentos geniais
De desejos sublimes e carnais
Nascimento de angústia, ardor e gozo

Natal e seu Rio Grande tão formoso,
(Meus olhos todos teus, tão serviçais,)
Os tons de meus pecados veniais
Querendo o teu pecado saboroso

São impressões expostas (Renoir)
Fazendo-me expressar meu renovar
Em meio à nova vida dissoluta

E eu enorme painel cheio de cores,
Dou vida no papel aos meus amores,
Respiro essa mentira absoluta.

I.R.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

receita de drinque

3/4 partes de dose de rock



uma dose de pagode



1/2 dose de samba de orquestra



A base do drinque está pronta.

Com um toque de funk...



chacoalhe a coqueteleira e aqui está

o drinque Farofa Carioca...



para outro drinque,
não coloque o funk,
deixe só a base,
mas com uma dose inteira de rock,
em vez de 3/4,

e aqui está o drinque Sambô...



Aprecie sem moderação.

I.R.

terça-feira, 28 de julho de 2009

a que possui a pele morena e é forte

mulher,
forte você é,
mas sua pele morena
é branca como a neve.
parabéns.
mais uma vez parabéns,
por mais que isso não seja
importante para você.
amiga,
te incentivo,
dou força,
te ajudo,
e erro também,
pois você sabe que sou humano.
amante,
paciente,
"caliente",
perseverante,
parabéns,
força, sucesso,
seja feliz
e diga 33.

I.R.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

o que possui a pele morena

irmão,
que o espelho reconstruído
mostre quem você é
e que você tenha a humildade de aceitar
a alegria de saber
e a felicidade de viver,
plenamente,
a sua vida
tão preciosa.
irmão,
não desejo que seus sonhos
se concretizem,
desejo
que suas realidades
deixem de ser mero sonho
e você possa crescer,
pé no chão,
dia a dia,
feliz de ser quem é
refletido no espelho.

I.R.

domingo, 26 de julho de 2009

Macro-bilhete para Dhi Ribeiro

Buenos Aires, 26 de julho de 2009

Prezada Dhi,

hoje tive o prazer de conhecer o seu trabalho, a sua voz, em uma programa de tv. Agora, sendo totalmente sincero, não permita que chamem você de nova Alcione. Você não é a nova Alcione. A Marrom é a Marrom, única, insubstituível, e você sabe disso tanto quanto eu. E você, Dhi, é a Dhi, única também, só que ainda sem tanto currículo.

Acredito que cada um é cada um, e não existe essa história de "o novo" ou "a nova" fulano/fulana. Essa mania de procurar um substituto para os grandes cantores/jogadores/atores/escritores/etc é uma falta de respeito, tanto com a personalidade original quanto com a que está surgindo.

Depois de te ouvir, espero que tenha vindo pra ficar.

Um abraço,

I.R.



I.R.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

processo

como como com cominho,
eu caminho o meu caminho,
enquanto essa cama se descama
e o camelo que acalmo no meu peito
se acama homem e se levanta camaleão.

I.R.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

bom banjo

a versatilidade da corda,
os seus diversos usos,
visualmente amarrada a um pandeiro
para olhos leigos,
nos traz
o jazz,
o samba,
o bluegrass,
nos move os pés,
nos leva aos states,
e nos pede uma cerveja
numa roda de pagode.

Banjo para todos os gostos.







I.R.

terça-feira, 21 de julho de 2009

forma

.........................a simplicidade é algo muito complexo........................
..........................e eu, barroco tardio, não a possuo.........................
...........................quem sabe um dia, quem o saberá?..........................
.........................................simplicidade................................
..........................................ou maldição................................
.........................................talvez sonho................................
.........................................semi-difícil................................
.........................................de se sonhar................................
.........................................pra se viver................................
..........................................de digerir.................................
..........................................carrossel..................................
.........................................ou carretel.................................
.........................................novelo de lã................................
.........................................novela de cá..............................
............................porque a simplicidade é complexa.........................
...........................e eu, barroco de nascença, não tenho......................
..........................quem sabe um dia na próxima encarnação?....................

R.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Bilhete aos meus amigos

Buenos Aires, 20 de junho de 2009,

É no respeito pelo silêncio que sempre mantivemos entre nós que somos amigos. Não se trata de distância, nem mesmo da geográfica, mas da liberdade de se dizer qualquer coisa, quando se quer dizer.

Amo vocês.

I.R.

domingo, 19 de julho de 2009

Belo e Gracioso

33.
não quero fazer referência
à idade de cristo.
afinal,
não espero que você seja crucificado.
digo sim, o que digo sempre
muitas felicidades.
muito trabalho,
muito dinheiro,
muita potência sexual
para alimentar a sua Abelha,
muito chope,
muita alegria,
muitas viagens,
muitos filhos,
pois sem querer pressionar,
tá na hora.
Viva Zapata!

I.R.

sábado, 18 de julho de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

de pais e avós

a sobrancelha paterna,
o queixo materno,
os olhos do pai,
a boca da mãe,
o nariz, provavelmente, papai,
os cabelos, com certeza, mamãe,
a magreza de Eymar,
a postura de Juvenal,
as mãos de Lulu,
e o joanete,
ah, o pequeno dedo
que está nascendo no meu pé esquerdo,
esse é todo Noca.

I.R.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Roberto e Roberto

Há muitos anos me chama a atenção os pontos de contato e os de diferença entre um Roberto brasileiro e um Roberto argentino.

Os dois são da década de 40, diferença de 4 anos, sendo o brasileiro o mais velho.

Ambos são cantores, artistas. O mais velho comemora 50 anos de carreira, e o mais novo, fará o mesmo em 2010.

50 anos. Fama. Fãs. Amor e paixão. Loucura. Dois nomes do rock dos anos 60 que no final da década aportaram na música romântica, de onde não saíram mais.

Duas vidas discretas, pouco comentadas, com diversas entrelinhas para preencher. O primeiro, discreto no palco. O segundo, um verdadeiro símbolo sexual.

Bregas. Assim foram chamados durante décadas.

Mas algo aconteceu no correr dos anos. O Roberto brasileiro ganhou a quase unanimidade. Foi gravado por seus colegas, pelas novas gerações, foi acolhido, amado e seguido por jovens e adultos, e hoje, com 50 anos de carreira continua vigente cantando seus sucessos antigos, elevados à categoria de músicas fundamentais da história da música brasileira.

Enquanto isso, o Roberto agentino é seguido pelas suas antigas fãs, jovens senhoras dos 45 aos 70 anos. Poucos jovens. Pouco reconhecimento das novas gerações, para quem ele continua sendo considerado brega. Uma luta contra um enfisema, e a espera por um transplante duplo.

Assim, o Roberto brasileiro, Roberto Carlos, se tornou rei. E comemorou mais um ano, o quinquagésimo, de reinado com os súditos no Maracanã.



E o Roberto argentino, Roberto Sánchez, o Sandro, se tornou apenas um mito, mesmo em vida, essa que luta para manter.



A minha proposta, ou o que te propongo, é deixar o pseudo-intelectualismo de lado, e escutar esses dois cantores sem preconceito, assumindo-os como parte importante da música romântica, assumindo a música romântica como expressão artística, não apenas como algo brega, coisa que muitas vezes realmente é.

I.R.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Andy Warhol

Nunca tive 15 minutos de fama...









... mas estou por dentro da cultura de massa.

I.R.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

eu sou um cara

não fumo,
não consumo,
bebo pouco.
mas na filosofia
de primeiro um pé
depois o outro
um dia após o outro,
sou um outro que não eu.
i'm the dude.



I.R.

domingo, 12 de julho de 2009

Sucessão

Aos poucos a histeria coletiva
Me faz buscar também um psicólogo
Pra transformar em diálogo o monólogo
E transpostar à mão a mente ativa

(Mente histericamente sempre viva,
Flor murcha no jardim de algum teólogo,
De Machado de Assis algum apólogo,
Alguma encarnação de Zeus ou Shiva)

A mente coletiva de um histérico,
Um rei com um sorriso cadavérico,
Uma história que eu nunca contarei.

Já que o rei, meus amigos, está nu,
E em seu trono se senta um urubu.
É rei morto, rei posto - Viva o rei!

I.R.

sábado, 11 de julho de 2009

Rádio atualizada

Buenos Aires, 11 de julho de 2009

Prezados,

depois de muito tempo, a Rádio Carta e Verso foi atualizada. Não sei se alguém que entra neste espaço virtuo-real-pseudo-literário escuta as músicas que estão aí. Mas como digo, não me importa. Escuta quem quer. Coloco aí porque quero.

Desta vez, toda a Rádio Carta e Verso traz as músicas do cd Composição, do grupo Dona Zica.

Com vocês, Dona Zica.





I.R.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Querida, não é o que você está pensando

Sempre me impressionei com a veracidade que damos àquilo que vemos.

'É ver para crer'. 'Se eu não vir e não tocar'... 'Vi com estes olhos que a terra há de comer'. Ou até mesmo 'o que os olhos não veem, o coração não sente'. Somos escravos dos nossos olhos, e mais escravos ainda do que juramos ser verdade porque vimos.

Me impressionou o fuzuê que a imprensa fez sobre a suposta olhadela de Barack Obama e Nicolas Sarkozy na bunda da jovem brasileira Mayara Tavares. O trabalho social que ela faz, até pode ficar em segundo plano, o que importa é que ela teria se tornado o "ass" ou o "derrier" cobiçado por ambos presidentes.



Imagino Obama chegando ao hotel, se encontrando com Michelle e ela com uma página de jornal ou um site aberto, mostrando a foto e ameaçando fazer um escândalo, exigindo explicações. O mesmo acontecendo com Carla Bruni, perguntando a Sarkozy o que significa aquele dedo na boca e aquela cara de lobo para a bunda da jovem em questão.

Imagino o mundo chamando os dois de velhos babões, pedófilos, depravados, etc. por causa de uma foto, que, é claro, é a verdade absoluta, revelada por Deus.

Mas nossos olhos nos enganam. Vemos o que queremos ver. E o que nós afirmamos ser a Verdade, muitas vezes está longe de ser sequer uma possibilidade.



Quando a imagem ganha mnovimento, Obama não vai precisar dar nenhuma desculpa em casa. Já Sarkozy vai ter que se explicar muito bem.

I.R.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Negro de alma

Tenho um filho meio ruivo, meio louro, de olhos azuis. Eu também tenho a pele clara, apesar dos antepassados indíos e negros da minha árvore genealógica. Em momento algum renego a minha cor. Nesse mundo onde vivemos, nessa sociedade racista, preconceituosa, não é fácil nascer negro. Mas na minha próxima encarnação quero nascer negro. Quero ser preto. 100% Preto! Preto é lindo! E se for concebido por um casal branco, espero poder tomar um banho de pixe antes de nascer.



I.R.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

verde

um olho verde me intimida
enquanto não usei colírio.
meus olhos ardem
e o verde do gramado está queimado.
verde era o poema de gosto duvidoso
de um poeta duvidoso
numa praia do atlântico.
verdes eram as suas ideias
e as minhas...
adoro verde,
sorvete de pistache.

I.R.





I.R.

terça-feira, 7 de julho de 2009

pódio



se a palavra é de prata
e o silêncio é de ouro,
dizer abobrinha é de bronze?

I.R.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

pé ante pé



no pé de página,
meu pé de atleta,
no pé de alface,
ao pé da letra,
meu pé de laranja lima,
um pé-de-moleque,
no pé direito,
um pé de cabra,
meu não pé de valsa,
meu pé frio
sem um pé de meia
e meu pé chato,
meu pé de pato
pede passagem
e pede perdão
pelo meu chulé.

I.R.

domingo, 5 de julho de 2009

mezcla

café com leite,
queijo com goiabada,
feijão com arroz,
negro de olhos verdes,
japonês mulato,
cozido,
moqueca,
agridoce,
mistura
e o som mestiço
em alguma montanha
do altiplano



I.R.

sábado, 4 de julho de 2009

Cidade sitiada

Esta cidade foi contaminada
Pelo vírus da angústia ou o do medo,
Nas ruas nos apontam com um dedo
(Toque de recolher..., curral..., manada)

Buenos Aires caminha a sentir nada,
A ser um nada mais do que degredo,
E nós nas suas mãos sermos brinquedo
De vida não vivida, mas frustrada.

Teimo em não me entregar, e é só de birra
Nas mãos desta cidade que não espirra
Cravo firme os meus dedos numa boia

E evito a boca enorme desta esfinge
A máscara não ponho que me impinge
E fujo desta louca paranoia.

I.R.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

garoando

a garoa cai fininha,
tão fininha
que quase não a vemos,
se não fosse pelo poste da rua,
de luz fluorescente...
não chove,
garoa,
água miúda,
espirro do céu
borrifando a noite
a espalhar os seus demônios.





I.R.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Bate-papo com Jesus sobre futebol



Há certas coisas que não entendo. E se entendo, não concordo.

Uma delas é que jogadores de futebol agradeçam a Deus por seus gols ou pelos campeonatos vencidos. Será possível que os jogadores que fazem isso não percebem que são indelicados com o adversário? Quer dizer que Deus é fiel com o artilheiro e castiga o goleiro, mesmo sendo ambos seus seguidores? Por que essa discriminação? Será que todos os goleiros rezam menos? Ou será que Deus não gosta de zero a zero e por isso ajuda os jogadores a fazer os gols?

Imagino Deus sentado em um banquinho de botequim, tomando uma cerva com São Pedro e decidindo que quem vai fazer o gol vai ser o jogador que tiver uma honagem para ele escondida embaixo da camisa do time. E se for uma final de campeonato, imagino-O examinando a ficha de cada um dos jogadores e fazendo a balança pender para o time que tiver mais devotos. A não ser que as orações dos torcedores do outro time tenham sido maiores e acompanhadas de mais velas ou mais promessas, aí Ele não tem como negar o pedido de tanto fiel. A decisão acaba ficando difícil.

Só um Deus muito covarde faria o Vasco cair para segunda divisão. Ou a fé dos vascaínos e a dos jogadores não foi/é muito grande. Ou vascaíno nasceu para viver um eterno purgatório. Bem, ser Vasco é padecer no paraíso. E o que dizer da final da Copa do Brasil, Corinthians e Internacional. Vão me dizer agora que Deus é cotinthiano, ou que não se importa com o sofrimento dos colorados? Perder um campeonato é estar fora da Graça?

Dedinhos para o alto apontando o céu. O que Deus tem a ver com isso?, volto a perguntar. Camisetas dignas de um cartão amarelo "Deus é fiel", "Eu amo Jesus". E o goleiro, que camisa deve ter? "Deus é um sacana"? Ou ainda: "Confio apenas em mim, porque em Deus tá difícil"?

Foi esse espetáculo de falta de respeito o que eu vi depois da final da Copa das Confederações. Lúcio, o capitão, com uma camisa escrita "I love Jesus" e Kaká com outra que dizia "I belog to Jesus". Bem, mensagens deste naipe em uma partida com os Estados Unidos é, no mínimo, uma indelicadeza. Ok, Deus é brasileiro, mas fala inglês, só para sacanear os americanos. Por mais que a mão de Deus seja argentina, o resto do corpo é brasileiro, mas sim, repito, fala inglês, só para lembrar bem aos americanos que eles não são dignos de ganhar do Brasil no futebol.

Ah, o esforço em campo e ser um bom jogador não conta muito. O que vale é que Deus aumenta as traves do adversário, coloca ventos desviando a trajetória da bola e se necessário entra em campo para emprestar a outra mão, para que a seleção canarinho e seus fiéis seguidores possam ser campeões.

Sinceramente, foi de muito mau gosto e uma falta de educação em todos os idiomas e credos. No futebol, prefiro a máxima baiana que diz que se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminaria empatado.

Um abraço,

I.R.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Vigésimo-segundo bilhete para um world músico

Buenos Aires, 01 de julho de 2009

Prezado,

o tambor, seja ele qual for, nos remete ao primitivo, ao tribal. Somos percussão desde que o nosso coração começa a bater. Hoje sonhei com a palavra Burkina, o país, o que me leva a querer dividir com você a arte de Adama Dramé.



Um abraço,

I.R.