quarta-feira, 15 de julho de 2009

Roberto e Roberto

Há muitos anos me chama a atenção os pontos de contato e os de diferença entre um Roberto brasileiro e um Roberto argentino.

Os dois são da década de 40, diferença de 4 anos, sendo o brasileiro o mais velho.

Ambos são cantores, artistas. O mais velho comemora 50 anos de carreira, e o mais novo, fará o mesmo em 2010.

50 anos. Fama. Fãs. Amor e paixão. Loucura. Dois nomes do rock dos anos 60 que no final da década aportaram na música romântica, de onde não saíram mais.

Duas vidas discretas, pouco comentadas, com diversas entrelinhas para preencher. O primeiro, discreto no palco. O segundo, um verdadeiro símbolo sexual.

Bregas. Assim foram chamados durante décadas.

Mas algo aconteceu no correr dos anos. O Roberto brasileiro ganhou a quase unanimidade. Foi gravado por seus colegas, pelas novas gerações, foi acolhido, amado e seguido por jovens e adultos, e hoje, com 50 anos de carreira continua vigente cantando seus sucessos antigos, elevados à categoria de músicas fundamentais da história da música brasileira.

Enquanto isso, o Roberto agentino é seguido pelas suas antigas fãs, jovens senhoras dos 45 aos 70 anos. Poucos jovens. Pouco reconhecimento das novas gerações, para quem ele continua sendo considerado brega. Uma luta contra um enfisema, e a espera por um transplante duplo.

Assim, o Roberto brasileiro, Roberto Carlos, se tornou rei. E comemorou mais um ano, o quinquagésimo, de reinado com os súditos no Maracanã.



E o Roberto argentino, Roberto Sánchez, o Sandro, se tornou apenas um mito, mesmo em vida, essa que luta para manter.



A minha proposta, ou o que te propongo, é deixar o pseudo-intelectualismo de lado, e escutar esses dois cantores sem preconceito, assumindo-os como parte importante da música romântica, assumindo a música romântica como expressão artística, não apenas como algo brega, coisa que muitas vezes realmente é.

I.R.