quinta-feira, 2 de julho de 2009

Bate-papo com Jesus sobre futebol



Há certas coisas que não entendo. E se entendo, não concordo.

Uma delas é que jogadores de futebol agradeçam a Deus por seus gols ou pelos campeonatos vencidos. Será possível que os jogadores que fazem isso não percebem que são indelicados com o adversário? Quer dizer que Deus é fiel com o artilheiro e castiga o goleiro, mesmo sendo ambos seus seguidores? Por que essa discriminação? Será que todos os goleiros rezam menos? Ou será que Deus não gosta de zero a zero e por isso ajuda os jogadores a fazer os gols?

Imagino Deus sentado em um banquinho de botequim, tomando uma cerva com São Pedro e decidindo que quem vai fazer o gol vai ser o jogador que tiver uma honagem para ele escondida embaixo da camisa do time. E se for uma final de campeonato, imagino-O examinando a ficha de cada um dos jogadores e fazendo a balança pender para o time que tiver mais devotos. A não ser que as orações dos torcedores do outro time tenham sido maiores e acompanhadas de mais velas ou mais promessas, aí Ele não tem como negar o pedido de tanto fiel. A decisão acaba ficando difícil.

Só um Deus muito covarde faria o Vasco cair para segunda divisão. Ou a fé dos vascaínos e a dos jogadores não foi/é muito grande. Ou vascaíno nasceu para viver um eterno purgatório. Bem, ser Vasco é padecer no paraíso. E o que dizer da final da Copa do Brasil, Corinthians e Internacional. Vão me dizer agora que Deus é cotinthiano, ou que não se importa com o sofrimento dos colorados? Perder um campeonato é estar fora da Graça?

Dedinhos para o alto apontando o céu. O que Deus tem a ver com isso?, volto a perguntar. Camisetas dignas de um cartão amarelo "Deus é fiel", "Eu amo Jesus". E o goleiro, que camisa deve ter? "Deus é um sacana"? Ou ainda: "Confio apenas em mim, porque em Deus tá difícil"?

Foi esse espetáculo de falta de respeito o que eu vi depois da final da Copa das Confederações. Lúcio, o capitão, com uma camisa escrita "I love Jesus" e Kaká com outra que dizia "I belog to Jesus". Bem, mensagens deste naipe em uma partida com os Estados Unidos é, no mínimo, uma indelicadeza. Ok, Deus é brasileiro, mas fala inglês, só para sacanear os americanos. Por mais que a mão de Deus seja argentina, o resto do corpo é brasileiro, mas sim, repito, fala inglês, só para lembrar bem aos americanos que eles não são dignos de ganhar do Brasil no futebol.

Ah, o esforço em campo e ser um bom jogador não conta muito. O que vale é que Deus aumenta as traves do adversário, coloca ventos desviando a trajetória da bola e se necessário entra em campo para emprestar a outra mão, para que a seleção canarinho e seus fiéis seguidores possam ser campeões.

Sinceramente, foi de muito mau gosto e uma falta de educação em todos os idiomas e credos. No futebol, prefiro a máxima baiana que diz que se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminaria empatado.

Um abraço,

I.R.