Buenos Aires, 02 de janeiro de 2008
Prezada Chuva,
Gostaria de agradecer a sua presença em um dia tão importante quanto hoje. E você sabe que não digo isso por causa do calor de mais de 40 graus que fez hoje nesta cidade.
Você sabe, Chuva, o porquê do meu agradecimento. Há 33 anos você estava presente para me receber. E no correr de todos esses anos, poucas foram as vezes que você não me presenteou com a sua presença em um 2 de janeiro.
Hoje eu tive um dia ótimo, apesar da distância da família ascendente e dos amigos, eu estive com a minha família descendente (mulher e filho ou filha em gestação), e foi um dia muito legal. Recebi os parabéns no supermercado, na hora de pagar as compras. Recebi telefonemas, e-mails e mensagens de Messenger e de texto pelo celular. Passei o dia em casa. Tive brigadeiro, pão recheado, bolo de chocolate. Foi tudo ótimo.
O calor de mais de 40 graus me fez acreditar que eu terminaria o dia sem parte do cérebro, derretido e transformado em algo de pouca serventia. Céu azul, sol forte. A praia foi substituída por 3 banhos durante o dia, e essa parecia ser a única água que eu veria em todo o dia.
Mas não. Nesta primeira vez que passo o dia 2 de janeiro aqui, você apareceu. Veio para dizer que onde quer que eu vá você também está comigo. E se nesses 33 anos, você deixou de vir umas duas vezes, foi só para que eu sentisse a sua falta e desse valor às suas aparições no primeiro dia útil do ano.
Obrigado, Chuva, por ter vindo. Obrigado por estar aqui, neste momento. Entra. Senta. Come um pedaço de bolo comigo.
Um beijo,
I.R.