Buenos Aires, 12 de maio de 2008.
Prezada Bebete,
Não importa se você é bonita ou feia, se usa franjinha, calça apertada, se é emo, homo, hétero, bi, branca, negra ou amarela. Esta carta é para dizer a você uma coisa muito importante.
E não me importa se você é vesga, se tem manchas na pele, se tem marcas de catapora, se é rica ou pobre. Não me interessa se você é virgem, se já deu pra meio mundo ou só pra toda torcida do Flamengo. Esta carta tem uma única intenção, a de dizer uma coisa importante para você. Tá curiosa?
Segura um pouco a sua curiosidade. Bebete, saiba que você é sempre bem-vinda, e todos os que aparecem por aqui, seus amigos, seus inimigos, seus conhecidos e seus desconhecidos. Não importa nada, Bebete, apenas o fato de você ser uma pessoa. E só por isso, você tem todo o meu respeito.
Ah, e não me importa se você é católica, se você é muçulmana, testemunha de Jeová, budista, macumbeira, atéia ou puta. Ou se você é violenta, da paz e do amor, maconheira, advogada, médica, política ou moradora de rua.
Bebete, o que me leva a escrever esta carta é que preciso dizer uma coisa para você. Uma coisa que ficou engasgada na minha garganta há muito tempo. Mas, como tudo tem o seu tempo, chegou a hora de te contar. Chegou a hora, Bebete.
E quero que você tenha certeza de que meu respeito por você independe de qualquer coisa. Não há nada que me faça ter maior respeito por você que o simples fato de você ser uma pessoa. E eu, no fundo, ainda acredito que o ser humano tem jeito. Talvez não devesse acreditar, mas fazer o quê? Acho que ter me tornado pai me deu mais umas pitadas de esperança.
Tá curiosa, Bebete? Eu sei que tá. Eu sei que você não agüenta com seu gênio. E deve estar achando que estou enrolando ou que, na verdade, não quero contar e estou fazendo isso apenas para torturá-la. Mas não é nada disso. Só quero que você tenha um mínimo de paciência. Que aprenda que tudo tem a sua hora.
Ok, mas eu conto. Bebete, esta carta é para convidar você. Bebete, vãobora, pois já está na hora.
Do seu,
I.R.
PS: