quinta-feira, 24 de abril de 2008

Carta para as mulheres

Buenos Aires, 24 de abril de 2008.

Prezadas mulheres,

Esta não é uma carta para dar os parabéns pelo seu dia internacional... que passou há um mês e meio, mais ou menos. Também não pretendo dissertar sobre as suas conquistas, sobre o seu papel na sociedade ou sobre a sua tripla jornada de trabalho, como trabalhadora, dona de casa e mãe. Não, nada disso, mesmo sabendo que todos esses assuntos são de suma importância.

Mas vamos conversar sobre assuntos mais triviais, já que falar sobre esses assuntos de vez em quando também faz bem. O motivo desta carta é simples. Vocês, normalmente, dizem com voz de queixa que todos os homens são iguais. Ponto.

O que eu quero dizer é que, sim, todos os homens somos iguais. Ponto. O quê? É, pensemos juntos a respeito. Um calçado, por exemplo, não é sempre um calçado? Existem diferentes modelos, é verdade, mas um calçado é sempre um calçado. Assim somos os homens... como os calçados.

Se um calçado é sempre um calçado, um homem é sempre um homem. E não adianta a mulher procurar uma coisa diferente. O segredo está em saber escolher.

Se você, mulher, calça 37, não compre um calçado 36, porque vai ficar apertado. Se calça 39, não compre um 38, ou um 37, porque não só vai ficar apertado, como pode fazer mal ou até mesmo fazer você passar vergonha ao ver que o calçado não entre no seu pé. Se o seu pé tem um joanete enorme (como tinha o pé da minha avó Noca), não compre uma sandália que aperte, mas uma que dê um espaço para este sexto dedo ficar livre. Se você prefere havaianas, se prefere saltos altos, se prefere esses sapatos ou sandálias com forma de casco de vaca, escolha um que combine melhor com o seu pé, um que não dê calos, que não aperte, que abrace o seu pé com o maior carinho do mundo.

Agora, se você, mulher, quiser usar um calçado de um modelo em um pé, e outro de outro modelo em outro pé, ok. Tudo bem. Quem sou eu para criticar? E se quiser ter vários pares e gostar deles por igual, ok. Um estilo “Eu, tu, eles”. Por que, não?
E sei que, você, mulher, talvez quisesse ter um calçado feito sob medida, como essas chuteiras de jogadores como Ronaldinho Gaúcho ou Messi. Bem, mas você sabe, o preço aí é outro, e são poucas as que podem pagar.

Quanto aos calçados velhos, eu sei que se forem de estimação vocês não vão jogá-los fora. Mas se já estavam destruindo os seus pés, acho justo vocês comprarem um novo.

Por isso, não sofra, dentro do que você puder pagar, escolha o modelo que melhor lhe couber. E tenha cuidado apenas com o chulé. Se bem que para isto sempre existe algum talquinho.

Um abraço,

I.R.