Um relógio parado sobre a mesa,
Já guarda a minha foto e me vigia,
Marcando essas não horas do meu dia,
E os não segundo todos com clareza.
São cinco para às dez, e com certeza,
Eu já não ouvirei sua gritaria,
Que tenta me acordar, fotografia,
E nem seu tique-taque com franqueza.
Sou foto numa noite interminável,
E vivo o não bater tão agradável
Do relógio do dia que não passa.
E assim como não passam já os instantes,
Não penso em amanhã, tampouco em antes,
Apenas no presente e na sua graça.
I.R.