quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Década portenha

Buenos Aires, madrasta com doçura
Amar-te e te odiar é condição
Pra viver em teus bairros, este chão,
Pra sorrir, em teus braços, de amargura

A tua tristeza aberta, alegre e pura
Alegria - amargor, contradição,
Tem no tango a sua máxima expressão
E na murga o sabor da pele escura

E eu bem sei, Buenos Aires, do meu risco,
Andando na Florida, no Obelisco,
De ser apenas um dos seus mil bichos

Mas sigo te enfrentando com mestria
Dez anos numa quase idolatria
Rendido ao teu rigor e aos teus caprichos.

I.R.