segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Carta para papai e mamãe

Buenos Aires, 18 de fevereiro de 2008.

Amados papai e mamãe,

Espero não ter errado a data, mas sei que se não foi no dia 18, foi no dia 19 de fevereiro que lá nos idos de 1970 vocês se casaram.

Já se passaram 38 anos de casamento. Apesar de saber que papai costuma comemorar a data no dia 3 de novembro, dia em que vocês começaram a namorar, nós sabemos que a alegria e o frescor do namoro não se comparam ao dia-a-dia de alegrias e dificuldades de um casamento. A rotina de um namoro não se parece nem de longe à rotina de um casamento. E sei que vocês também sabem disso.

Quantas histórias vocês já viveram juntos, não? Quantas risadas, quantos choros, quanta alegria, quanta dor, quanto erro, quando acerto, quanta vida...

E hoje estou aqui para agradecer pela insistência de vocês em que desse certo. Olho para vocês de longe e os vejo muito diferentes um do outro. E é nessa diferença que percebo que se completam, que são uma só carne, como diz o livro.

Papai mais delirante (com todo respeito), mamãe mais pé no chão. Papai místico, mamãe prática. Papai dando um duro no trabalho, mamãe dando um duro em casa e na administração do dinheiro que papai pede até para ir trabalhar. Papai politizado, mamãe politizada, papai culto, mamãe culta, papai carinhoso, mamãe carinhosa, papai poeta, mamãe musa.

Obrigado por terem apostado tudo nesse casamento. Obrigado, mamãe, por ter insistido em que valia à pena, e obrigado, papai, por ter se tornado melhor pessoa. Obrigado por terem me dado a vida e cuidado dela por tantos anos. Obrigado por serem meus amigos e por estarem sempre presentes.

Só sinto muito vocês torcerem pelo Flamengo, mas é melhor não falarmos disso. Já que hoje quem sente muito em torcer pelo Vasco sou eu. Mas a vida é assim, não somos perfeitos, nem eu, nem vocês.

Espero que vocês possam vir conhecer o neto. E tomara que no fim do ano o neto possa ir até vocês, com o pai e a mãe dele incluídos.

Continuem sendo muito felizes! Amo vocês,

Um beijo,

Seu filho.

PS: Quando Edmundo foi bater o pênalti, vocês não ficaram aliviados de antemão?