quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Carta para uns falsos profetas

Buenos Aires, 21 de fevereiro de 2008

Sres. Falsos Profetas,

Pensei muito se devia escrever-lhes esta carta ou não, mas acredito que me calar, fingir que nada está acontecendo ou aconteceu, seria uma covardia muito grande para adicionar à minha longa lista de covardias.

Acho incrível como falar é fácil. Como diz a minha mãe, e não sei com quem ela aprendeu, as pessoas falam porque língua não tem osso. Por que estou dizendo isso para vocês? Porque sei que vocês andam por aí falando de amor. Mas de que amor vocês podem falar?

Sabem aquelas pessoas que comem mortadela e arrotam caviar? Com vocês é parecido. Vocês vivem rancor, discriminação, indiferença, moralismo e arrotam virtude, e saem por aí pregando o amor.

De que amor vocês podem falar, quando para vocês os que devem ser bem tratados são aqueles que já pertencem ao seu rebanho? Cegos! Então não vêem que as pessoas podem ser boas indepente do deus que adoram ou da filosofia que seguem? Que um ateu pode ser tão boa ou melhor pessoa que alguém que está todo dia por aí batendo na porta dos outros para convertê-los ou de alguém que passa o dia ajoelhado dentro de uma igreja?

Mas não sou eu quem vai apontar para vocês na rua, a fim de que todos vejam a máscara que usam e como por trás dessa aparência existe a cara da amargura, da tristeza e do ressentimento. Vocês sozinhos se encarregam de cair em contradição, e o amor que pregam, e o deus que defendem (esse deus mesquinho), e que querem impor aos demais, se mostram como são… vazios.

Falsos Profetas, acordem, despertem. Despertem para a realidade de que o amor não pode seguir uma lista de regras. Desçam dos seus pedestais, desçam da torre de onde vigiam, não a vinda de algo bom, mas a vida dos que não são como vocês. Desçam e descubram que o paraíso e a felicidade podem ser vividos agora e que o fim do mundo chega para todos no dia da morte de cada um.

E eu espero que um dia nós possamos nos encontrar, com a esperança de que não haja crítica, de que não haja um porém. Espero que um dia vocês possam parar de falar de amor, para descobrir o que é sentir amor, pois vocês sabem que isso jamais sentiram.

Enquanto isso, falsos profetas, peço a Jeová, Deus, Alá, Olodumaré, Zambi e Tupã que perdoem vocês, pois não sabem o que fazem.

Cordialmente,
I.R.