Quis fazer um poema muito escuro
Quis fazer um poema pessimista
Mas no que se repara à simples vista
É que ou sou infeliz ou imaturo
Quis um mote sombrio, outro inseguro
Quis ser do sofrimento um grande artista
E embora a minha mente mais insista
Percorro em meus vagões outro futuro
Que vive a cada instante a sua vez,
Sofrendo uma incessante timidez
Que some em alguns flashes momentâneos
E me espalho nos versos destes trilhos,
E sou meus ancestrais, e sou meus filhos,
E escrevo meus sonetos subterrâneos.
I.R.