domingo, 23 de março de 2008

Sonetos subterrâneos

Quis fazer um poema muito escuro
Quis fazer um poema pessimista
Mas no que se repara à simples vista
É que ou sou infeliz ou imaturo

Quis um mote sombrio, outro inseguro
Quis ser do sofrimento um grande artista
E embora a minha mente mais insista
Percorro em meus vagões outro futuro

Que vive a cada instante a sua vez,
Sofrendo uma incessante timidez
Que some em alguns flashes momentâneos

E me espalho nos versos destes trilhos,
E sou meus ancestrais, e sou meus filhos,
E escrevo meus sonetos subterrâneos.

I.R.