vinte e nove, trinta,
(trinta e um),
primeiro,
dois, sábado, domingo,
segunda, novembro,
dezembro,
janeiro, dois mil e onze,
dois mil e doze,
cinco mil setecentos e setenta e dois.
o tempo passa.
tudo passa.
só o espírito, as rugas
e o reumatismo permanecem.
I.R.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
o poeta e o leitor
dentro de mim existem vários poetas,
sem que igor ravasco seja poeta algum.
há um poeta satírico
e outro romântico,
há um poeta filósofo
e outro engraçado.
dentro de mim existem vários poetas,
entrelaçados, sem compartimentos
e desfragmentados,
mas como leitor de poemas sou mais simples.
não leio bons poemas
não leio maus poemas,
não leio poemas.
como dizia uma amiga...
cada um com seu cada um.
I.R.
sem que igor ravasco seja poeta algum.
há um poeta satírico
e outro romântico,
há um poeta filósofo
e outro engraçado.
dentro de mim existem vários poetas,
entrelaçados, sem compartimentos
e desfragmentados,
mas como leitor de poemas sou mais simples.
não leio bons poemas
não leio maus poemas,
não leio poemas.
como dizia uma amiga...
cada um com seu cada um.
I.R.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Carta e Verso 4 anos
Imagem: www.soniamoura.com.br
o verso da carta
e o reverso da curta distância
nos aproxima
carta e verso todo dia.
carta e verso há quatro anos.
versos e cartas expondo minhas entrelinhas,
linhas de pensamento,
sensações e sentimento,
ideias, ideais
música
e outras coisinhas mais.
I.R.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
boas intenções
dizem que de boas intenções
o inferno está cheio.
mas uma boa ação
só nasce de uma boa intenção.
o xis da questão é como dar o primeiro passo,
e o que fazer para que essas boas intenções
e as ações que a seguem
não existam apenas entre 20 e 31 de dezembro.
I.R.
o inferno está cheio.
mas uma boa ação
só nasce de uma boa intenção.
o xis da questão é como dar o primeiro passo,
e o que fazer para que essas boas intenções
e as ações que a seguem
não existam apenas entre 20 e 31 de dezembro.
I.R.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
raiva
não sei,
não quero saber,
e só não tenho raiva de quem sabe,
pois estou tentando não sentir raiva de ninguém.
I.R.
não quero saber,
e só não tenho raiva de quem sabe,
pois estou tentando não sentir raiva de ninguém.
I.R.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
quase fim de ano
alguma vez eu disse,
talvez todo ano eu diga,
mas não está de mais dizer de novo,
não suporto papai noel
e detesto as promessas de fim de ano,
e essa repetição de que o ano passou rápido
e que o próximo ano será melhor.
o próximo ano será como tiver de ser,
e os anos não passam nem rápido nem devagar,
duram, geralmente 365 anos,
às vezes 366
em dias de quase, quase, 24 horas.
e o papai noel da coca-cola
só seria legal se viesse junto com fernet.
I.R.
PS: Para quem não sabe o que é fernet.
talvez todo ano eu diga,
mas não está de mais dizer de novo,
não suporto papai noel
e detesto as promessas de fim de ano,
e essa repetição de que o ano passou rápido
e que o próximo ano será melhor.
o próximo ano será como tiver de ser,
e os anos não passam nem rápido nem devagar,
duram, geralmente 365 anos,
às vezes 366
em dias de quase, quase, 24 horas.
e o papai noel da coca-cola
só seria legal se viesse junto com fernet.
I.R.
PS: Para quem não sabe o que é fernet.
domingo, 18 de dezembro de 2011
escolhendo
a vida é cheia de escolhas,
e não acredito em obra destino,
em um determinismo já traçado,
em um 'estava escrito'.
não há nada escrito.
mas vamos escrevendo,
tomamos decisões,
escolhemos
e o destino só existe
quando decidimos para onde vamos
e onde queremos chegar.
I.R.
e não acredito em obra destino,
em um determinismo já traçado,
em um 'estava escrito'.
não há nada escrito.
mas vamos escrevendo,
tomamos decisões,
escolhemos
e o destino só existe
quando decidimos para onde vamos
e onde queremos chegar.
I.R.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
condor
Foto: M.E.L.
no meio das montanhas,
entre a grandiosidade e a enormidade dos andes
um condor abre suas asas
e voa em liberdade.
no centro de um zoológico
entre a tristeza e a agonia de uma jaula
um condor, com as asas fechadas,
pula de uma pedra a outra em cativeiro.
e nós?
I.R.
no meio das montanhas,
entre a grandiosidade e a enormidade dos andes
um condor abre suas asas
e voa em liberdade.
no centro de um zoológico
entre a tristeza e a agonia de uma jaula
um condor, com as asas fechadas,
pula de uma pedra a outra em cativeiro.
e nós?
I.R.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
dezesseis
entre um mês e outro
passam-se trinta ou trinta e um dias,
em que podemos
nos existir,
nos des... e nos redescobrir
divergir e convergir,
sentir saudades,
falar coisas profundas
e amenidades,
viver a vida em cada único momento
e nos amarmos em todos eles.
I.R.
passam-se trinta ou trinta e um dias,
em que podemos
nos existir,
nos des... e nos redescobrir
divergir e convergir,
sentir saudades,
falar coisas profundas
e amenidades,
viver a vida em cada único momento
e nos amarmos em todos eles.
I.R.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
apesar das semelhanças
apesar de compartilharmos dados genéticos
somos pessoas diferentes,
e você é tão único quanto eu.
nunca houve alguém como você,
assim como eu sou irrepetível,
e seus avôs, seus amigos,
ou essa pessoa que está lendo estes versos
e que provavelmente não seja parecido a mim
ou a você.
cada um é único
e irrepetível.
e por mais que aos poucos nos tornemos parecidos,
lembre-se de que você é único,
e que seu caminho,
assim como o meu, o dos seus amigos
ou o desse leitor anônimo, amigo meu ou não,
esse caminho é pessoal,
pessoal e intransferível.
e o caminho é ir lado a lado na caminhada.
I.R.
sábado, 10 de dezembro de 2011
invisibilidade
quanto entro no metrô
e me olham,
me medem
como se usassem um metro,
filho em braço,
e não me dão o lugar
para que sente,
sinto que os seres humanos,
se não são insensíveis,
não nos veem,
somos zero à esquerda,
pai e filho invisíveis.
I.R.
e me olham,
me medem
como se usassem um metro,
filho em braço,
e não me dão o lugar
para que sente,
sinto que os seres humanos,
se não são insensíveis,
não nos veem,
somos zero à esquerda,
pai e filho invisíveis.
I.R.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
em comunidade
o ser humano não é um animal solitário,
existimos em comunidade,
sobrevivemos em conjunto
e mesmo o mais isolado dos eremitas,
se não está nu,
dependeu de outro ser humano,
não só para nascer,
mas para pelo menos se vestir.
I.R.
existimos em comunidade,
sobrevivemos em conjunto
e mesmo o mais isolado dos eremitas,
se não está nu,
dependeu de outro ser humano,
não só para nascer,
mas para pelo menos se vestir.
I.R.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
infância
um corpo que corre em direção a outro
que também corre,
cabeças que se batem,
é preto no branco,
cabeça que abre,
sangue vermelho que escorre,
lágrima de olho verde,
outrora azul, que cai,
dois pontos que suturam
e um esparadrapo branco como chapéu.
I.R.
que também corre,
cabeças que se batem,
é preto no branco,
cabeça que abre,
sangue vermelho que escorre,
lágrima de olho verde,
outrora azul, que cai,
dois pontos que suturam
e um esparadrapo branco como chapéu.
I.R.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
certidão
quero que fique assentado
e registrado em cartório
com firma reconhecida
que minha firme opinião
de permanecer sentado
não é um apego à preguiça
nem é de minha decisão,
mas um reflexo compulsório.
o referido é verdade
e dou fé.
I.R.
e registrado em cartório
com firma reconhecida
que minha firme opinião
de permanecer sentado
não é um apego à preguiça
nem é de minha decisão,
mas um reflexo compulsório.
o referido é verdade
e dou fé.
I.R.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
capitalizando
vivemos num mundo capitalista
e por mais que tenhamos
ideologias contrárias,
somos capitalistas no meio desse mundo.
mas como somos capitalistas,
ou quão selvagem é nosso capitalismo?
vale tudo para se ter mais,
somos o que temos?
e só nos realizamos ao conjugar comprar,
pagar, vender, consumir
não o que necessitamos, mas principalmente o que não?
vendemos nossa mão de obra
e compramos sonhos.
compramos água e uma ilusão de liberdade,
compraremos oxigênio.
agimos como robôs, como feras,
ou o capital passa por nós e o usamos
sem perdermos nossa humanidade?
perguntas que não podem ser respondidas
com dinheiro.
I.R.
e por mais que tenhamos
ideologias contrárias,
somos capitalistas no meio desse mundo.
mas como somos capitalistas,
ou quão selvagem é nosso capitalismo?
vale tudo para se ter mais,
somos o que temos?
e só nos realizamos ao conjugar comprar,
pagar, vender, consumir
não o que necessitamos, mas principalmente o que não?
vendemos nossa mão de obra
e compramos sonhos.
compramos água e uma ilusão de liberdade,
compraremos oxigênio.
agimos como robôs, como feras,
ou o capital passa por nós e o usamos
sem perdermos nossa humanidade?
perguntas que não podem ser respondidas
com dinheiro.
I.R.
domingo, 4 de dezembro de 2011
legendagem
meus dedos não digitam
o que minha cabeça pensa,
mas traduzem o que outros disseram.
este poema, se é que é um poema,
não foi escrito por mim,
mas por algum autor anônimo
que precisa de uma legenda.
I.R.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Carta para um cristão
Buenos Aires, 03 de dezembro de 2011.
Prezado amigo cristão,
Ver no outro um ser, não uma coisa, é um exercício, uma prática, que nos leva à igualdade, à tolerância, à justiça social. Como ouvi certa vez, o primeiro passo nem precisa ser 'amar ao próximo como a si mesmo'. Esse é um nível mais avançado. É possível começar com algo mais simples como, 'não fazer ao próximo aquilo que não quero que me façam'.
Ultimamente, vejo que muitas pessoas religiosas se fecham na ideia de que é preciso falar mais de Deus ou exibir seu amor a Deus, como se esse Deus fosse o resolvedor de todos os problemas por meio de seus milagres, (e se esses milagres não aconteceram foi porque ou o homem não teve fé o suficiente, ou não rezou/orou/dobrou o joelho o suficiente), como se esse Deus participasse da vida do homem controlando-o sabe-se lá de que parte do céu, ou como se o ser humano precisasse garantir uma vaga na outra vida assumindo um amor explícito por Jesus.
Mas "Deus" não une, "Deus" divide.
Se não bastasse a diversidade de religiões e seus variados Deuses, dentro da religião majoritária do ocidente, o cristianismo, existem formas variadas de se crer nesse Deus cristão, diversas concepções sobre Jesus, e cada fiel querendo provar que a sua é a verdade que libertará.
O mundo já tem Deus (ou Deuses) demais, e nem por isso é menos violento e menos injusto. O mundo precisa de uma boa dose de humanidade. O ser humano precisa se relacionar com os seres humanos como seres humanos, não como coisas, objetos, meios para a própria satisfação. Isso não significa um mundo ateu. Isso significa que não importa se você acredita ou não em Deus, não importa em que Deus você acredita, mas significa que o diálogo entre os seres humanos foi retomado.
Eu, e apenas eu, sou responsável pelo diálogo com o outro, fazendo de mim um responsável pelo outro. Você, e apenas você, é responsável pelo diálogo com o outro, fazendo de você um responsável pelo outro.
E não importa que você acredite em Jesus como salvador e eu não. Não importa que você acredite em um paraíso numa vida eterna futura e eu queira um paraíso aqui e agora. Não importa que você me considere um utópico. Eu me relaciono com a sua humanidade, assim como você se relaciona com a minha. E juntos nos ocupamos um do outro. E não falo de amor. Falo do compromisso de não fazermos aos outros aquilo que não gostamos que façam conosco.
Um abraço,
I.R.
Prezado amigo cristão,
Ver no outro um ser, não uma coisa, é um exercício, uma prática, que nos leva à igualdade, à tolerância, à justiça social. Como ouvi certa vez, o primeiro passo nem precisa ser 'amar ao próximo como a si mesmo'. Esse é um nível mais avançado. É possível começar com algo mais simples como, 'não fazer ao próximo aquilo que não quero que me façam'.
Ultimamente, vejo que muitas pessoas religiosas se fecham na ideia de que é preciso falar mais de Deus ou exibir seu amor a Deus, como se esse Deus fosse o resolvedor de todos os problemas por meio de seus milagres, (e se esses milagres não aconteceram foi porque ou o homem não teve fé o suficiente, ou não rezou/orou/dobrou o joelho o suficiente), como se esse Deus participasse da vida do homem controlando-o sabe-se lá de que parte do céu, ou como se o ser humano precisasse garantir uma vaga na outra vida assumindo um amor explícito por Jesus.
Mas "Deus" não une, "Deus" divide.
Se não bastasse a diversidade de religiões e seus variados Deuses, dentro da religião majoritária do ocidente, o cristianismo, existem formas variadas de se crer nesse Deus cristão, diversas concepções sobre Jesus, e cada fiel querendo provar que a sua é a verdade que libertará.
O mundo já tem Deus (ou Deuses) demais, e nem por isso é menos violento e menos injusto. O mundo precisa de uma boa dose de humanidade. O ser humano precisa se relacionar com os seres humanos como seres humanos, não como coisas, objetos, meios para a própria satisfação. Isso não significa um mundo ateu. Isso significa que não importa se você acredita ou não em Deus, não importa em que Deus você acredita, mas significa que o diálogo entre os seres humanos foi retomado.
Eu, e apenas eu, sou responsável pelo diálogo com o outro, fazendo de mim um responsável pelo outro. Você, e apenas você, é responsável pelo diálogo com o outro, fazendo de você um responsável pelo outro.
E não importa que você acredite em Jesus como salvador e eu não. Não importa que você acredite em um paraíso numa vida eterna futura e eu queira um paraíso aqui e agora. Não importa que você me considere um utópico. Eu me relaciono com a sua humanidade, assim como você se relaciona com a minha. E juntos nos ocupamos um do outro. E não falo de amor. Falo do compromisso de não fazermos aos outros aquilo que não gostamos que façam conosco.
Um abraço,
I.R.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
alguns meses
às vezes eu penso que dezembro,
assim como os meses de
setembro, outubro e novembro,
precisam de um psicólogo
por terem algum problema de personalidade.
I.R.
assim como os meses de
setembro, outubro e novembro,
precisam de um psicólogo
por terem algum problema de personalidade.
I.R.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
a medida da saudade
como traduzir em palavras
o tamanho de uma saudade?
se já é difícil explicá-la como conceito,
como sentimento...
como medi-la
ou que parâmetros usar?
talvez usando a única medida possível,
a medida da própria saudade.
e minha saudade não se mede só em tempo,
também se mede em distância
e em metros acima do nível do mar.
I.R.
o tamanho de uma saudade?
se já é difícil explicá-la como conceito,
como sentimento...
como medi-la
ou que parâmetros usar?
talvez usando a única medida possível,
a medida da própria saudade.
e minha saudade não se mede só em tempo,
também se mede em distância
e em metros acima do nível do mar.
I.R.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
há uma palavra
há uma palavra que leio
e escuto sempre
e vejo gente que a defende
e a exibe com orgulho.
mas as pessoas são tantas e
tão variadas
que essa palavra se transforma em muitas
e o que antes parecia um
agora parecem muitos.
e já não sei o que leio
e o que escuto,
ou por que as pessoas se orgulham
de algo vazio
e o exibem entre os dentes,
como se de uma faca se tratasse.
prontos para a guerra.
há uma palavra que leio
e escuto sempre,
mas na boca de muita gente
é substantivo, não é verbo.
não tem ação,
não tem razão (de ser),
não é ser,
e não está onde está,
pois não estamos onde
o verbo nos convida a estar.
há uma palavra que leio
e escuto sempre.
I.R.
e escuto sempre
e vejo gente que a defende
e a exibe com orgulho.
mas as pessoas são tantas e
tão variadas
que essa palavra se transforma em muitas
e o que antes parecia um
agora parecem muitos.
e já não sei o que leio
e o que escuto,
ou por que as pessoas se orgulham
de algo vazio
e o exibem entre os dentes,
como se de uma faca se tratasse.
prontos para a guerra.
há uma palavra que leio
e escuto sempre,
mas na boca de muita gente
é substantivo, não é verbo.
não tem ação,
não tem razão (de ser),
não é ser,
e não está onde está,
pois não estamos onde
o verbo nos convida a estar.
há uma palavra que leio
e escuto sempre.
I.R.
sábado, 26 de novembro de 2011
rastro
o que resta quando
sentimos o resto do sopro
no fundo do copo d'água
na beirada da janela entreaberta
por onde entra uma réstia de luz?
resta o rosto do outro
olhando no fundo dos meus olhos rasteiros
esperando me encontrar aí.
I.R.
sentimos o resto do sopro
no fundo do copo d'água
na beirada da janela entreaberta
por onde entra uma réstia de luz?
resta o rosto do outro
olhando no fundo dos meus olhos rasteiros
esperando me encontrar aí.
I.R.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
longo caminho
não sou aquilo que tenho,
nem também o que perdi.
e se tenho algo,
procuro sentir que o que tenho
passa.
e se passa, não posso ser
o que tenho.
porque de fato, se tenho,
não quero ter,
quero só sentir que tudo me é dado
por empréstimo.
I.R.
nem também o que perdi.
e se tenho algo,
procuro sentir que o que tenho
passa.
e se passa, não posso ser
o que tenho.
porque de fato, se tenho,
não quero ter,
quero só sentir que tudo me é dado
por empréstimo.
I.R.
domingo, 20 de novembro de 2011
naturalmente
nada, nunca
nem ninguém,
notou a nuca negra
na nesga da nuvem.
nem mesmo eu,
no momento de nascer,
notei a novidade
e nasci nômade,
navegando noite afora
I.R.
nem ninguém,
notou a nuca negra
na nesga da nuvem.
nem mesmo eu,
no momento de nascer,
notei a novidade
e nasci nômade,
navegando noite afora
I.R.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
o que sente
e num ato de paixão extrema
ponho as mãos no meu peito
rasgo a minha pele
e lhe mostro como meu coração
bate, vermelho e intenso por você
e...
para!
para tudo,
paro tudo,
pois não escrevo coisas assim.
meus arroubos são medidos
e minha intensidade
não tem esse tipo de expressão.
uso a razão e o verso quase em prosa.
converso com quem me lê,
dialogo,
pergunto e planto a dúvida.
mas sei que
num ato de paixão extrema
rasgo a minha pele
e sinto o que sinto
só que não me interessa escrever aqui.
I.R.
ponho as mãos no meu peito
rasgo a minha pele
e lhe mostro como meu coração
bate, vermelho e intenso por você
e...
para!
para tudo,
paro tudo,
pois não escrevo coisas assim.
meus arroubos são medidos
e minha intensidade
não tem esse tipo de expressão.
uso a razão e o verso quase em prosa.
converso com quem me lê,
dialogo,
pergunto e planto a dúvida.
mas sei que
num ato de paixão extrema
rasgo a minha pele
e sinto o que sinto
só que não me interessa escrever aqui.
I.R.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
diálogo
o difícil em qualquer relação
é ver no outro um ser.
coisificamos os outros
e transformamos as coisas em deuses,
num mundo onde deus não existe.
mantemos monólogos caiados de diálogo,
tecemos discursos de oratória vazia
pronunciados na frente dos espelhos
trancamos nossos ouvidos para o outro,
fechamos nossos olhos,
e dizemos que deus está morto,
e é verdade que está morto.
pois o matamos
porque qualquer deus só renasce
ou existe,
no contato com o outro.
no monólogo deus está morto,
apenas no diálogo podemos
dizer que existe uma força
que entre muitos nomes
podemos também
(ou até podemos)
chamar de deus.
I.R.
é ver no outro um ser.
coisificamos os outros
e transformamos as coisas em deuses,
num mundo onde deus não existe.
mantemos monólogos caiados de diálogo,
tecemos discursos de oratória vazia
pronunciados na frente dos espelhos
trancamos nossos ouvidos para o outro,
fechamos nossos olhos,
e dizemos que deus está morto,
e é verdade que está morto.
pois o matamos
porque qualquer deus só renasce
ou existe,
no contato com o outro.
no monólogo deus está morto,
apenas no diálogo podemos
dizer que existe uma força
que entre muitos nomes
podemos também
(ou até podemos)
chamar de deus.
I.R.
domingo, 13 de novembro de 2011
13-15
o bom da vida
não é estar sempre de acordo
com os outros.
mas saber que a unidade só existe
no respeito às diferenças.
somos diferentes
e nos respeitamos,
mas sermos unidos
não é só consequência,
é uma construção de amor.
I.R.
não é estar sempre de acordo
com os outros.
mas saber que a unidade só existe
no respeito às diferenças.
somos diferentes
e nos respeitamos,
mas sermos unidos
não é só consequência,
é uma construção de amor.
I.R.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
11-11-11
onze do onze do onze
é só uma coincidência
de um calendário gregoriano qualquer.
no calendário juliano
hoje ainda é 29 de outubro
e no calendário judaico estamos em 5772.
a passagem do tempo é real,
a contagem do tempo é uma convenção,
mas nada disso importa.
a pergunta é
o que fazemos com ele?
o que fazemos de nós?
I.R.
é só uma coincidência
de um calendário gregoriano qualquer.
no calendário juliano
hoje ainda é 29 de outubro
e no calendário judaico estamos em 5772.
a passagem do tempo é real,
a contagem do tempo é uma convenção,
mas nada disso importa.
a pergunta é
o que fazemos com ele?
o que fazemos de nós?
I.R.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
nove de novembro
você me conta suas novidades
e sorri
um sorriso de desafio vencido
e de contentamento,
um sorriso de trabalho bem feito
e reconhecimento,
um sorriso emocionado
que me devolve entre lábios abertos
e dentes expostos
o porquê gosto tanto desse sorriso seu.
I.R.
e sorri
um sorriso de desafio vencido
e de contentamento,
um sorriso de trabalho bem feito
e reconhecimento,
um sorriso emocionado
que me devolve entre lábios abertos
e dentes expostos
o porquê gosto tanto desse sorriso seu.
I.R.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
luta
e o ódio alimenta o ódio,
talvez pensemos que não devamos lutar.
mas nem toda luta é violenta
nem toda luta é filha do ódio,
geradora de morte,
e por mais que nos tentem dissuadir
pelas causas justas
é sempre preciso (e eu preciso) lutar.
I.R.
domingo, 6 de novembro de 2011
lulu
era cósmica e sagrada,
era seu encontro com o mundo,
sua realização como eu.
momento para sentir-se viva,
acreditar-se plena
ser mais que um anjo ou um santo
e saber-se deus.
lulu dançava
e seu dançar era
um caminho sagrado.
lulu dançava
e a gafieira era um templo,
onde com seus irmãos,
ela simplesmente era.
lulu dançava e era.
e agora continua sendo
em algum passo por aí.
I.R.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
44 anos de um dia 3 de novembro
na hora do agradecimento,
agradeço a vocês, meus pais,
pelo três de novembro,
quando colocaram seu primeiro cimento
numa relação de quarenta e quatro anos.
e a decisão livre de unir-se num relacionamento
trouxe outras decisões,
outros caminhos tomados
que os levaram até mim,
ou me trouxe até vocês.
e se hoje me compete ser livre,
e apenas porque sou livre,
fazer o meu destino,
é porque aquele amor menino
de vocês cresceu
e rendeu frutos
que continuam dando novos frutos
e uma sombra grande e boa para descansar.
I.R.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
reta
apenas a percepção de 'mim'
e a consciência de 'você'
é que pode me fazer seguir o seu rastro
sem me rastejar.
e a vida não é o que nos sobra
ou o que nos resta.
a vida é o que temos
e viver é o que somos,
réstia de sol iluminando
nossos rostos,
e nossos restos de sorrisos
sabendo que está tudo no caminho,
e que de resto, sempre há tempo
para se refestelar.
I.R.
e a consciência de 'você'
é que pode me fazer seguir o seu rastro
sem me rastejar.
e a vida não é o que nos sobra
ou o que nos resta.
a vida é o que temos
e viver é o que somos,
réstia de sol iluminando
nossos rostos,
e nossos restos de sorrisos
sabendo que está tudo no caminho,
e que de resto, sempre há tempo
para se refestelar.
I.R.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
fim de outubro
outubro, mansamente, termina
na véspera de todos os santos,
no dia de todos os monstros,
na antevéspera de todos os mortos.
outubro termina no dia da reforma,
e nos informa que novembro está aí,
pronto para entrar na avenida.
novembro também vai passar,
um pouco mais curto do que outubro,
um pouco mais rápido,
um dia mais acelerado,
para dar lugar a dezembro,
a grandes ceias, a grandes vendas
e à promessa de um ano novo melhor.
outubro mansamente termina
e nos lembra que o tempo às vezes flui
como as águas de um rio,
às vezes se estanca como
as águas de um mar.
I.R.
na véspera de todos os santos,
no dia de todos os monstros,
na antevéspera de todos os mortos.
outubro termina no dia da reforma,
e nos informa que novembro está aí,
pronto para entrar na avenida.
novembro também vai passar,
um pouco mais curto do que outubro,
um pouco mais rápido,
um dia mais acelerado,
para dar lugar a dezembro,
a grandes ceias, a grandes vendas
e à promessa de um ano novo melhor.
outubro mansamente termina
e nos lembra que o tempo às vezes flui
como as águas de um rio,
às vezes se estanca como
as águas de um mar.
I.R.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
a vida é mistério
se a vida não é um enigma, mas um mistério,
não há respostas para muitas de nossas perguntas.
por aqui andamos, nos relacionamos,
às vezes procriamos e
deixamos descendência,
até que um dia nos vemos no limite entre o estar
e o não estar, mas continuar sendo,
vivendo, talvez, os últimos momentos desse presente terreno,
mas continuar sendo,
e para continuar sendo
meu depois é o infinito.
e aqui no infinito que habita em nós,
mas onde ainda não habitamos
não vamos nos encontrar...
vamos ser.
I.R.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
ato de vontade
o ato de escrever é um ato de vontade,
assim como ler o que está escrito também.
é um ato de vontade cantar
e ouvir música e compor,
acordar, dormir, comer,
transar, não transar,
trabalhar, conversar,
enfim, viver.
viver é um ato de vontade
e deixar que a vida passe por nós sem vivê-la
também é um ato de vontade.
e a vontade é nossa,
apesar de insistirmos em
dizer que não vivemos como queremos
ou que a culpa das nossas escolhas é dos outros.
decidir é um ato intransferível,
tão intransferível como respirar,
e em nossos atos, nossas vontades,
talvez devêssemos ver que nosso eu
só é verdadeiro eu à medida que se relaciona com os outros.
I.R.
assim como ler o que está escrito também.
é um ato de vontade cantar
e ouvir música e compor,
acordar, dormir, comer,
transar, não transar,
trabalhar, conversar,
enfim, viver.
viver é um ato de vontade
e deixar que a vida passe por nós sem vivê-la
também é um ato de vontade.
e a vontade é nossa,
apesar de insistirmos em
dizer que não vivemos como queremos
ou que a culpa das nossas escolhas é dos outros.
decidir é um ato intransferível,
tão intransferível como respirar,
e em nossos atos, nossas vontades,
talvez devêssemos ver que nosso eu
só é verdadeiro eu à medida que se relaciona com os outros.
I.R.
domingo, 23 de outubro de 2011
não
talvez a palavra libertadora,
libertadora e definitiva,
realmente seja 'não'.
a negação consciente nos permite
iniciar o caminho da liberdade.
dizer 'não', não não dizer.
a boca aberta e o som emitido
de alguns fonemas articulados
como um passaporte
rumo ao compromisso com o desconhecido.
dizer 'não', como um gesto afirmativo,
afirmativo e libertário,
com a certeza de que já não corremos atrás da cenoura.
I.R.
libertadora e definitiva,
realmente seja 'não'.
a negação consciente nos permite
iniciar o caminho da liberdade.
dizer 'não', não não dizer.
a boca aberta e o som emitido
de alguns fonemas articulados
como um passaporte
rumo ao compromisso com o desconhecido.
dizer 'não', como um gesto afirmativo,
afirmativo e libertário,
com a certeza de que já não corremos atrás da cenoura.
I.R.
i.r.
por fora sou um homem que passa desapercebido,
1,75, magro, míope,
hoje com cabelo curto e sem barba,
dentes sem cáries, boca grande,
olhos e cabelos castanhos com alguns fios ficando brancos.
mas por dentro,
incomum como todo ser humano,
sou único.
mistura de curioso e preguiçoso,
professor, poeta,
filósofo (e também de bar),
um homem tímido,
casto, tarado, político,
profanamente religioso,
sério e palhaço,
aprendendo a ser 'duro',
sem perder a ternura jamais.
I.R.
1,75, magro, míope,
hoje com cabelo curto e sem barba,
dentes sem cáries, boca grande,
olhos e cabelos castanhos com alguns fios ficando brancos.
mas por dentro,
incomum como todo ser humano,
sou único.
mistura de curioso e preguiçoso,
professor, poeta,
filósofo (e também de bar),
um homem tímido,
casto, tarado, político,
profanamente religioso,
sério e palhaço,
aprendendo a ser 'duro',
sem perder a ternura jamais.
I.R.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
sermos
terça-feira, 18 de outubro de 2011
autogoverno
tomar as próprias rédeas
e saber-se senhor das decisões.
não se trata de sentir-se soberano,
mas de ser, de se saber
e de não transferir aos outros
o caminho que tomamos.
tomar as próprias rédeas
e puxar a própria rede.
I.R.
e saber-se senhor das decisões.
não se trata de sentir-se soberano,
mas de ser, de se saber
e de não transferir aos outros
o caminho que tomamos.
tomar as próprias rédeas
e puxar a própria rede.
I.R.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Nada
O nada, nada mais do que vazio,
É realidade nossa, aqui e agora,
A verdade que dentro é também fora,
Não termino, porque nem principio.
E o tudo é correnteza deste rio,
Que vira mar, amor, onde se mora,
Pois nada, sendo nada, é o que vigora
E só posso ser um se renuncio.
Mas não digo ao que devo renunciar,
Cada um tem seu próprio despertar
E descobre o momento em que está nu.
Só digo que os opostos não existem
E as ideias que em nós ainda resistem,
São só mera ilusão, falso guru.
I.R.
sábado, 15 de outubro de 2011
na fronteira
onde a natureza apenas pôs um rio,
o homem colocou uma fronteira.
é próprio do ser humano separar
para depois tentar unir.
onde antes tudo era um,
o homem tem de criar pontes
para imitar essa unidade perdida.
talvez um dia percebamos
que a natureza não cria fronteiras
e que o sol ou a lua
sempre aparecem para todos.
I.R.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
13... 14...
se alguém me disser
que eu sou eu e sou você
e você é você e também sou eu,
eu direi que isso é tão absurdo
quanto a que dois mais dois são quatro.
porque eu e você somos dois e somos um,
o tudo, o nada, o cheio e o vazio,
e em nossas imperfeições
fazemos com que um mais um também seja dois,
e seja três, quatro, cinco, seis...
matemática própria que soma e multiplica
usando as fórmulas da emoção.
I.R.
que eu sou eu e sou você
e você é você e também sou eu,
eu direi que isso é tão absurdo
quanto a que dois mais dois são quatro.
porque eu e você somos dois e somos um,
o tudo, o nada, o cheio e o vazio,
e em nossas imperfeições
fazemos com que um mais um também seja dois,
e seja três, quatro, cinco, seis...
matemática própria que soma e multiplica
usando as fórmulas da emoção.
I.R.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
na tenda
embaixo do céu armo minha tenda
pela primeira vez.
sem paredes grossas,
sem outro teto além das palhas,
dos galhos,
sem outro desejo que o de estar ali
e ser eu mesmo.
pois o que todos veem de mim
ou o que sabem de mim,
o que pensam,
o que esperam
e o que imaginam de mim
ainda não sou eu.
eu sou as paredes finas da minha tenda.
sou a minha tenda e o céu sobre ela.
sou as estrelas, o sol, a lua,
e a chuva que entre pelos galhos e molha meu corpo.
sou o que devo ser e não o que deveria.
I.R.
pela primeira vez.
sem paredes grossas,
sem outro teto além das palhas,
dos galhos,
sem outro desejo que o de estar ali
e ser eu mesmo.
pois o que todos veem de mim
ou o que sabem de mim,
o que pensam,
o que esperam
e o que imaginam de mim
ainda não sou eu.
eu sou as paredes finas da minha tenda.
sou a minha tenda e o céu sobre ela.
sou as estrelas, o sol, a lua,
e a chuva que entre pelos galhos e molha meu corpo.
sou o que devo ser e não o que deveria.
I.R.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
ideal de poema
no dia em que eu puder
expressar ".............."
em uma página em branco,
sem palavra alguma,
não precisarei escrever mais nada,
nunca mais.
terei tocado o universo com as mãos.
I.R.
expressar ".............."
em uma página em branco,
sem palavra alguma,
não precisarei escrever mais nada,
nunca mais.
terei tocado o universo com as mãos.
I.R.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
no compasso do sorriso
quando o músico sorri
enquanto toca um violão
ou bate com força num tambor,
ele sabe que respira melodias,
que seu coração bate
numa cadência, num compasso,
e que seu sorriso
é um movimento muscular involuntário
de sua intimidade com o infinito.
I.R.
enquanto toca um violão
ou bate com força num tambor,
ele sabe que respira melodias,
que seu coração bate
numa cadência, num compasso,
e que seu sorriso
é um movimento muscular involuntário
de sua intimidade com o infinito.
I.R.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
exposição
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Pedido capitalista
Sábado à noite, indo de ônibus a casa de um amigo, o jovem Santiago me diz:
- Papai, vamos de táxi.
Ao que eu lhe pergunto.
- Podemos ir, mas quem é que paga?
- Eu pago papai. Me dá dinheiro?
Foi o primeiro pedido de dinheiro e tenho certeza absoluta de que não foi o último.
Resumo da história: "Tô perdido".
I.R.
- Papai, vamos de táxi.
Ao que eu lhe pergunto.
- Podemos ir, mas quem é que paga?
- Eu pago papai. Me dá dinheiro?
Foi o primeiro pedido de dinheiro e tenho certeza absoluta de que não foi o último.
Resumo da história: "Tô perdido".
I.R.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
cabeça do ano
Foto
deus não existe,
disse um garotinho, há quase 34 anos.
deus é uma palavra.
e as palavras,
por mais poder que tenham,
não são deus.
mas as palavras são parte dessa relação com o divino,
e por meio delas, ou também em sua ausência,
essa energia, que alguns chamam deus,
nos fala, 'só' e 'se' queremos ouvir.
I.R.
PS: Gostaria de publicar um texto escrito por Alessio Aguirre-Pimentel em seu blog. Como o texto está em espanhol, fiz uma tradução e a coloco aqui no Carta e Verso.
Colocou-me de pé
Há histórias que as pessoas juram que são verdade, e nos contam que aconteceu com um amigo de um amigo de um amigo; mas na verdade ela foi inventada em algum dos seus pontos de transmissão. Esta historia que estou por contar é real, e sei que é real porque a pessoa que a viveu fui eu.
Rosh Ashaná é o ano novo judaico. Dura dois dias. Neste ano começou em uma quarta quando em um terço do céu as estrelas saíram, e terminará amanhã, sexta-feira, quando em um terço do céu as estrelas saírem.
A quarta-feira à noite é, de alguma forma, uma das metades que esta festividade tem. O fim da primeira noite.
Estive na sinagoga na quarta às seis da tarde. Participei do serviço religioso e depois fui a uma ceia. Cheguei em casa à meia-noite. Tomei um banho e me deitei.
Depois que me deitei, comecei a pensar em tudo o que queria para o novo ano. Ajudar mais as pessoas, ajudar a ajudar. Não fazer mais se sentirem mal as pessoas que faço se sentirem mal, parar de fumar, estudar mais a Torá. Não fazer as cagadas de sempre, não derrapar sempre nas mesmas curvas, e assim pensando notei que não tinha feito as orações noturnas.
Não rezo todas as noites, mas sendo uma das duas noites de Rosh Ashaná senti vontade de rezar. E então me dei conta que tinha deixado o livro de orações sobre a mesa da sala. "que preguiça..." pensei.
Debati se me levantar ou não, e me dei conta de que não era nada legal não rezar por estar com preguiça de ir buscar as orações. Quer dizer, eu não tenho problema em não rezar se não estiver com vontade, mas não acho legal não rezar quando estou com vontade, porém com preguiça de me levantar. Nisso, tocou a campainha de casa.
Hoje em dia, as campainhas não tocam às duas da manhã. Pode tocar o telefone, mas a campainha não.
Fiquei em pé atrás da porta e perguntei quem era. "Sua vizinha", me disse uma voz.
Abri a porta e era, realmente, uma vizinha. "Meu marido caiu no banheiro, e eu não posso levantá-lo. Desculpe-me que o incomode, mas não sei o que fazer". Eu lhe disse que, lógico, não tinha por que pedir desculpas, que com muito prazer veria se podia ajudar.
Entrei na casa e ao passar pela porta ela me disse "ele está nu, peço-lhe desculpas".
Entrei no banheiro e fiz de tal forma para não ver a sua nudez. O homem me olhou e me disse que não podia se levantar. Pediu-me desculpas por estar nu, e eu lhe disse que não se preocupasse. "Não estar sem roupa não é estar nu", pensei. Disse-lhe que não se preocupasse, que não se apresasse, que tentássemos devagar.
Segurei-o de um lado, ele me segurou do outro. Devagar, sentou-se na borda da banheira, depois, juntos, subimos mais um pouco, passou um pé, depois o outro, mais um pouco de força, e ficou em pé.
"Muito obrigado", me disse, "sem sua ajuda não teria me levantado".
Eu o olhei nos olhos, acariciei-lhe as costas e lhe disse "senhor, para isso estamos neste planeta, para levantarmo-nos uns aos outros".
Com um olhar profundo e bondoso me sorriu. Eu lhes disse que deveriam me chamar todas as vezes que necessitassem, dei boa noite, atravessei o corredor, entrei em casa, peguei o livro de orações, coloquei a quipá, me ajoelhei no chão -com roupa, mas nu- e chorei. E rezei:
"Rei do Universo! Neste ato perdoo qualquer um que tiver me enfurecido ou exasperado, ou que tiver pecado contra mim, seja física ou financeiramente, contra a minha honra ou qualquer outra coisa que for minha, seja de maneira acidental ou intencional, inadvertida ou deliberada, mediante a palavra ou os atos, nesta encarnação ou em qualquer outra, todo Israelita; que nenhum homem seja castigado por minha causa. Seja Tua vontade, Adonai, meu De-s e De-s dos meus pais, que eu não peque mais nem repita meus pecados, que também não volte a despertar Teu aborrecimento nem faça o que está mal perante Teus olhos. Os pecados que cometi, apaga em Tuas abundantes misericórdias, mas não mediante sofrimentos ou doenças graves. Sejam as palavras da minha boca e a meditação do meu coração aceitáveis frente a Ti, Adonai, minha Fortaleza, meu Redentor. "
Alessio Aguirre-Pimentel
terça-feira, 27 de setembro de 2011
dia de doces
só por hoje
gostaria de voltar a ser criança
e sair correndo atrás de balas,
jujubas, chocolates
...
só por hoje,
mochila nas costas
e toda a coragem do mundo,
para pedir todos os doces
que pudesse
e até não conseguisse comer,
só por hoje
...
com as bençãos de cosme e damião
e os doces consagrados no catolicismo,
na macumba,
e em qualquer outra religião
que queira consagrá-los,
pois sagrados mesmos são os doces
e as crianças que os comem.
só por hoje,
gostaria de voltar a ser criança.
I.R.
gostaria de voltar a ser criança
e sair correndo atrás de balas,
jujubas, chocolates
...
só por hoje,
mochila nas costas
e toda a coragem do mundo,
para pedir todos os doces
que pudesse
e até não conseguisse comer,
só por hoje
...
com as bençãos de cosme e damião
e os doces consagrados no catolicismo,
na macumba,
e em qualquer outra religião
que queira consagrá-los,
pois sagrados mesmos são os doces
e as crianças que os comem.
só por hoje,
gostaria de voltar a ser criança.
I.R.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
a mil
façam de conta
que fui dar uma volta
sem revolta
juro que nenhuma
apenas um desejo
de descansar meus olhos
repousar meus ouvidos
e desacelerar o ritmo
tem dias que vamos a mil
e nem percebemos
porque no meio do turbilhão
vivemos sem vírgulas
sem pontos
num corre-corre louco
que a gente não sabe muito bem
exatamente
e ao certo
para quê
I.R.
que fui dar uma volta
sem revolta
juro que nenhuma
apenas um desejo
de descansar meus olhos
repousar meus ouvidos
e desacelerar o ritmo
tem dias que vamos a mil
e nem percebemos
porque no meio do turbilhão
vivemos sem vírgulas
sem pontos
num corre-corre louco
que a gente não sabe muito bem
exatamente
e ao certo
para quê
I.R.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
infinito
quando um eu
se encontra com outro eu,
entre os dois se forma um tu.
mas se um eu se encontra
com um isso, uma coisa,
desse encontro não há nada,
e nem mesmo há um encontro.
sou um eu único
neste tempo e espaço.
agora, não há outro como eu,
nem mesmo o eu que fui um dia
ou que um dia serei
são como sou neste momento.
tenho apenas o presente
e este é meu único espaço.
tenho o presente que me deram,
cuido dele
e caminhamos de mãos dadas por aí.
I.R.
se encontra com outro eu,
entre os dois se forma um tu.
mas se um eu se encontra
com um isso, uma coisa,
desse encontro não há nada,
e nem mesmo há um encontro.
sou um eu único
neste tempo e espaço.
agora, não há outro como eu,
nem mesmo o eu que fui um dia
ou que um dia serei
são como sou neste momento.
tenho apenas o presente
e este é meu único espaço.
tenho o presente que me deram,
cuido dele
e caminhamos de mãos dadas por aí.
I.R.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
feito de palha
na arte da palavra escrita
dá margem a mais de uma interpretação
a leve afirmação
de que eu sou um palhaço.
alguns pensarão que sou engraçado,
outros que sou pouco sério, ridículo,
e até cabe a possibilidade
de que pensem que sou um bobo.
mas há coisas que não se respondem,
que ficam expostas em algum picadeiro
entregues à livre interpretação.
I.R.
dá margem a mais de uma interpretação
a leve afirmação
de que eu sou um palhaço.
alguns pensarão que sou engraçado,
outros que sou pouco sério, ridículo,
e até cabe a possibilidade
de que pensem que sou um bobo.
mas há coisas que não se respondem,
que ficam expostas em algum picadeiro
entregues à livre interpretação.
I.R.
domingo, 18 de setembro de 2011
bater e apanhar
na frase "eu bato em fulano",
"eu" é o 'sujeito',
e pratica a ação
embora eu não seja violento.
agora, em "eu apanho de fulano",
embora já não a pratique,
"eu" sofre a ação,
e a sofre na pele
apesar de 'sujeito' continuar sendo.
enfim,
eu é o cara e a cara do paradoxo.
I.R.
"eu" é o 'sujeito',
e pratica a ação
embora eu não seja violento.
agora, em "eu apanho de fulano",
embora já não a pratique,
"eu" sofre a ação,
e a sofre na pele
apesar de 'sujeito' continuar sendo.
enfim,
eu é o cara e a cara do paradoxo.
I.R.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
m.e.l.
todo dia agradeço
o teu existir.
hoje é mais um desses dias
para agradecer,
uma espécie de marco zero.
no mar de adjetivos
e substantivos
que posso usar
para te explicar,
para tentar te definir,
talvez apenas um ajude a resumir
o indefinível,
o indecifrável.
companheira.
e o que essa palavra traz com ela,
não o tornarei público,
guardarei para nós dois,
para nossas conversas,
para nossa vida.
I.R.
o teu existir.
hoje é mais um desses dias
para agradecer,
uma espécie de marco zero.
no mar de adjetivos
e substantivos
que posso usar
para te explicar,
para tentar te definir,
talvez apenas um ajude a resumir
o indefinível,
o indecifrável.
companheira.
e o que essa palavra traz com ela,
não o tornarei público,
guardarei para nós dois,
para nossas conversas,
para nossa vida.
I.R.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
13/13
se treze vidas eu tivesse,
treze vezes eu as daria a você.
mas não vá achando que sou seu
ou que vai fazer de mim o que bem quer.
eu me empresto a você.
todo dia, cedo,
eu me cedo a você,
eu me dou.
tá, sou seu,
mas não sai espalhando por aí.
I.R.
treze vezes eu as daria a você.
mas não vá achando que sou seu
ou que vai fazer de mim o que bem quer.
eu me empresto a você.
todo dia, cedo,
eu me cedo a você,
eu me dou.
tá, sou seu,
mas não sai espalhando por aí.
I.R.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
urbano
da minha janela eu via a lua
por cima de uma rua
que não parava de correr.
de um lado para o outro
a avenida se fazia dragão,
sem amo nem senhor,
nem santo guerreiro
que viesse socorrer.
da minha lua eu via a janela
semi-aberta
olhando uma rua
nunca deserta
e minha imagem no vidro
criando um eclipse.
I.R.
por cima de uma rua
que não parava de correr.
de um lado para o outro
a avenida se fazia dragão,
sem amo nem senhor,
nem santo guerreiro
que viesse socorrer.
da minha lua eu via a janela
semi-aberta
olhando uma rua
nunca deserta
e minha imagem no vidro
criando um eclipse.
I.R.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
sobrescrever
um sorriso seu
é um tônico,
um bálsamo,
um convite
pra viver a vida.
um beijo seu,
uma carícia,
um cuidado,
um carinho,
e eu me derreto todo,
e me sei acompanhado.
um nós dois lado a lado
é poema escrito a quatro mãos.
sem rima, improvisado,
reescrito todo dia um pouco mais.
I.R.
é um tônico,
um bálsamo,
um convite
pra viver a vida.
um beijo seu,
uma carícia,
um cuidado,
um carinho,
e eu me derreto todo,
e me sei acompanhado.
um nós dois lado a lado
é poema escrito a quatro mãos.
sem rima, improvisado,
reescrito todo dia um pouco mais.
I.R.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
lenho
Foto: Adriano Mello
entre um problema e outro
sempre existe tempo para um céu azul.
entre uma certeza e outra,
sempre existe um espaço para um azul do céu.
entre o tudo e o tudo
sempre há um pouco de nada
e entre o nada e o nada
sempre existe um mundo
ao qual podemos adicionar um mundo novo.
de novo...
... novamente.
I.R.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
com as asas de hermes
os pés que correm
rumo à alegria
são a certeza
de poder chegar
ao sorriso.
sem juízo, sem medo,
com a segurança
de que nunca é tarde,
nunca é cedo,
e só o riso
recompõe a nossa fé.
I.R.
rumo à alegria
são a certeza
de poder chegar
ao sorriso.
sem juízo, sem medo,
com a segurança
de que nunca é tarde,
nunca é cedo,
e só o riso
recompõe a nossa fé.
I.R.
domingo, 4 de setembro de 2011
um sete um
depois que prometeu
prometeu o fogo,
sabendo que não
poderia cumprir
o que prometera
e que já nesta vida
nada mais prometerá,
decidiu tomar um porre,
curtir um fogo,
e acorrentado,
deixar seu fígado ser picado
até a promessa virar mito
e zeus, seu deus,
passar-lhe um pito
por prometer e não cumprir.
I.R.
prometeu o fogo,
sabendo que não
poderia cumprir
o que prometera
e que já nesta vida
nada mais prometerá,
decidiu tomar um porre,
curtir um fogo,
e acorrentado,
deixar seu fígado ser picado
até a promessa virar mito
e zeus, seu deus,
passar-lhe um pito
por prometer e não cumprir.
I.R.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
sosrev sotircse
nunca escrevi um verso perverso.
não porque eu seja bom,
mas por não saber escrever.
sempre escrevi um verso diverso,
raciocínio disperso
diante do pouco que vi.
às vezes escrevo o reverso
ou ao revés escrevo,
por prazer no que li
overcse oa oirártnoc
e me calo converso
diante do riso da alma que ri.
I.R.
não porque eu seja bom,
mas por não saber escrever.
sempre escrevi um verso diverso,
raciocínio disperso
diante do pouco que vi.
às vezes escrevo o reverso
ou ao revés escrevo,
por prazer no que li
overcse oa oirártnoc
e me calo converso
diante do riso da alma que ri.
I.R.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
redada
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
arte por uns fios
a arte não se prende a detalhes
porém o que escrevo carece de valor
mais do que para mim e alguns poucos amigos.
os girassóis continuariam sendo flores
e até mesmo um quadro,
ainda que van gogh tivesse as duas orelhas.
beethoven surdo,
ray charles cego,
sivuca e hermeto albinos
e o adágio de albinoni
(dizem que não era dele)
me dá sono e não me emociona.
escrevo um poema dissonante,
atônico,
apenas para dizer
que sempre gostei do moustache curvo de dali.
mas aqui pra mim,
o bigode número um da arte
é o curto e fino de frida khalo.
a arte não se prende a detalhes,
e os males do hipocampo talvez tenham solução.
I.R.
porém o que escrevo carece de valor
mais do que para mim e alguns poucos amigos.
os girassóis continuariam sendo flores
e até mesmo um quadro,
ainda que van gogh tivesse as duas orelhas.
beethoven surdo,
ray charles cego,
sivuca e hermeto albinos
e o adágio de albinoni
(dizem que não era dele)
me dá sono e não me emociona.
escrevo um poema dissonante,
atônico,
apenas para dizer
que sempre gostei do moustache curvo de dali.
mas aqui pra mim,
o bigode número um da arte
é o curto e fino de frida khalo.
a arte não se prende a detalhes,
e os males do hipocampo talvez tenham solução.
I.R.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
com o sono nos trilhos
sábado, 20 de agosto de 2011
horar
Foto: Adriano Mello
ora a hora e o tempo são calma brisa,
ora o tempo e a hora são temporal.
o tempo lá fora nunca é o que antes fora,
e o relógio mostra apenas
um agora da verdade.
alguém pode me dizer que horas são?
I.R.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
ponto de vigia
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
just do it
domingo, 14 de agosto de 2011
imperfeito
Foto: I.R.
acredito em um deus imperfeito,
em um deus limitado,
em um deus que não pode tudo.
que infelizmente não pode tudo.
um deus que não pode acabar com a fome,
um deus que não pode evitar catástrofes
ou acabar com o mal.
mas é bom.
quando pode
ou é possível,
sim, quando dá,
ele é bom.
profundamente bom,
e acreditar nele me faz ter esperança
de que um dia, entre todos,
juntos,
poderemos ter, não um mundo perfeito,
mas um mundo melhor.
I.R.
sábado, 13 de agosto de 2011
365
Foto: I.R.
a roda do tempo deu uma volta completa,
desde aquele dia em que não sabíamos
muito bem onde estávamos pisando.
mas resolvemos pisar juntos,
e colocamos o pé em caminhos de terra,
em estradas de barro,
em avenidas com cimento novo,
na areia da praia
e em terreno pedregoso.
eu do seu lado.
você ao lado meu.
imperfeitos,
mas todo dia buscando ser melhor pessoa
para o outro,
para que a roda do tempo continue
dando voltas completas
nos caminhos que decidirmos pisar.
I.R.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
compromisso
Foto: I.R.
no cansaço do dia a dia,
talvez eu não tenha vontade
de fazer poesia.
para que escrever,
quando o que se quer é descansar
a garganta, a cabeça?
escrever, dizer, comunicar,
estabelecer pontes,
necessidade orgânica
e poética,
mesmo que as palavras caiam no vazio,
mesmo que não haja ninguém para ler.
I.R.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
olhos fechados
aos poucos meus olhos se fecham
mas os olhos de todos se fecham
ou vão se fechar.
e não estou falando da morte,
afinal, podemos morrer de olhos abertos.
meus olhos se fecham,
pesados,
cansados,
meus olhos se fecham
quase às sete da noite
sentindo a falta da sesta não dormida.
I.R.
mas os olhos de todos se fecham
ou vão se fechar.
e não estou falando da morte,
afinal, podemos morrer de olhos abertos.
meus olhos se fecham,
pesados,
cansados,
meus olhos se fecham
quase às sete da noite
sentindo a falta da sesta não dormida.
I.R.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Carta para um "culpador"
Buenos Aires, 08 de agosto de 2011.
Prezado,
Como é fácil querer responsabilizar os outros das nossas decisões, não é mesmo? E como, constantemente e até sem perceber terminamos fazendo isso.
Vou te contar uma história que aconteceu comigo. Um dia na semana passada, meu filho, de manhã, estava meio irritado. Reclamava de tudo. Tudo para ele estava mal, era feio, e não queria fazer xixi, nem escovar os dentes, nem tomar café da manhã, nem nada.
Eu tentava explicar para ele que cada uma dessas coisas era necessária, e que ele aproveitasse o dia, que começasse “pra cima”, com alto-astral. Aqui, talvez eu devesse ter parado de falar e respeitado o seu momento irritadiço sem dizer nada.
Mas, sinceramente, não sei. Acho que a felicidade se aprende e o olhar otimista pode ser desenvolvido. Não sei se tudo isso é inato.
Bem, mas acabei me irritando. E terminei gritando com o pequeno. Dei-lhe um grito, ele tremeu todo, chorou um pouco e aí, finalmente parece que acordou e passou a curtir feliz o dia.
Confesso que gostei do resultado do grito, mas não gostei de ter gritado. Eu poderia ter reagido de outra forma, não ter gritado e passado pela sua irritação sem me deixar atingir. Nesse momento, pensei o que em geral os pais fazem.
Os pais costumam dizer aos filhos: “Tá vendo, gritei com você, mas não queria gritar. A culpa é sua por me fazer perder a paciência. Por que você me fez gritar? Parece que gosta.”
Mas para tudo! Sou um ser pensante, poderia ter escolhido outro caminho, ter feito outra coisa. Gritei porque decidi gritar. Ninguém me obrigou a tomar essa atitude. Então aí, consciente disso, escolhi o meu caminho. Não coloquei nos ombros do meu filho a responsabilidade pelas minhas decisões. É fácil dizer que a “culpa” e dos outros, não é mesmo?
Sou responsável pelos meus atos. Então, dei um abraço no meu filho, começamos a conversar sobre outras coisas e superei a decisão de ter gritado com ele. Outro dia já tinha aprendido que também não é bom assumir culpas ou responsabilidades de forma super dimensionada, carregando os nossos ombros com o que não nos pertence. Faz mal ao próprio espírito.
É isso, meu amigo.
Um abraço,
I.R.
Prezado,
Como é fácil querer responsabilizar os outros das nossas decisões, não é mesmo? E como, constantemente e até sem perceber terminamos fazendo isso.
Vou te contar uma história que aconteceu comigo. Um dia na semana passada, meu filho, de manhã, estava meio irritado. Reclamava de tudo. Tudo para ele estava mal, era feio, e não queria fazer xixi, nem escovar os dentes, nem tomar café da manhã, nem nada.
Eu tentava explicar para ele que cada uma dessas coisas era necessária, e que ele aproveitasse o dia, que começasse “pra cima”, com alto-astral. Aqui, talvez eu devesse ter parado de falar e respeitado o seu momento irritadiço sem dizer nada.
Mas, sinceramente, não sei. Acho que a felicidade se aprende e o olhar otimista pode ser desenvolvido. Não sei se tudo isso é inato.
Bem, mas acabei me irritando. E terminei gritando com o pequeno. Dei-lhe um grito, ele tremeu todo, chorou um pouco e aí, finalmente parece que acordou e passou a curtir feliz o dia.
Confesso que gostei do resultado do grito, mas não gostei de ter gritado. Eu poderia ter reagido de outra forma, não ter gritado e passado pela sua irritação sem me deixar atingir. Nesse momento, pensei o que em geral os pais fazem.
Os pais costumam dizer aos filhos: “Tá vendo, gritei com você, mas não queria gritar. A culpa é sua por me fazer perder a paciência. Por que você me fez gritar? Parece que gosta.”
Mas para tudo! Sou um ser pensante, poderia ter escolhido outro caminho, ter feito outra coisa. Gritei porque decidi gritar. Ninguém me obrigou a tomar essa atitude. Então aí, consciente disso, escolhi o meu caminho. Não coloquei nos ombros do meu filho a responsabilidade pelas minhas decisões. É fácil dizer que a “culpa” e dos outros, não é mesmo?
Sou responsável pelos meus atos. Então, dei um abraço no meu filho, começamos a conversar sobre outras coisas e superei a decisão de ter gritado com ele. Outro dia já tinha aprendido que também não é bom assumir culpas ou responsabilidades de forma super dimensionada, carregando os nossos ombros com o que não nos pertence. Faz mal ao próprio espírito.
É isso, meu amigo.
Um abraço,
I.R.
sábado, 6 de agosto de 2011
a casa de cada um
Foto: I.R.
a casa de cada um é
mais do que um castelo,
independente do material,
sem importar o seu tamanho
e o que contém ou não em seu interior.
a casa de cada um,
é mais do que quatro,
cinco, vinte paredes,
é a individualidade intrasferível,
é o saber viver consigo e em comunidade,
é barro, tijolo, edifício
e céu azul.
a casa de cada um é um convite
ao diário respeito pelas diferenças.
I.R.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
matrioska
Foto: I.R.
uma caixa que guarda uma caixa
que guarda outra caixa
que contém uma caixa
que esconde outra caixa,
numa aparente prisão
em busca da menor parte.
mas a menor parte não existe,
pois também ela é parte do todo,
é infinita
e desencaixa do universo
como algo singular,
como um filho,
como a própria vida
montada num meteorito.
I.R.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
sopa
o gosto de agosto não é frio,
mas quente,
e tem cheiro de caldo,
sabor de sopa.
mistura de líquido e sólido
que, se feita por mãos mágicas,
não desagrada a ninguém.
I.R.
mas quente,
e tem cheiro de caldo,
sabor de sopa.
mistura de líquido e sólido
que, se feita por mãos mágicas,
não desagrada a ninguém.
I.R.
domingo, 31 de julho de 2011
ao pé da escada
sábado, 30 de julho de 2011
folhas secas
quinta-feira, 28 de julho de 2011
próximo personagem
se existir uma próxima vida
já sei que personagem quero ser.
na próxima,
quero fazer o papel de vítima
e dizer que não sou um semi-deus.
sou deus,
e se sou deus
a culpa nunca é minha,
é sempre dos demais.
I.R.
já sei que personagem quero ser.
na próxima,
quero fazer o papel de vítima
e dizer que não sou um semi-deus.
sou deus,
e se sou deus
a culpa nunca é minha,
é sempre dos demais.
I.R.
terça-feira, 26 de julho de 2011
silogismo divino
dizem que
todo brasileiro é feliz.
deus é brasileiro.
logo, deus é feliz.
e tudo acaba em samba,
flamenco,
latino,
no ato de crer em um deus pós-tropicalista.
I.R.
I.R.
todo brasileiro é feliz.
deus é brasileiro.
logo, deus é feliz.
e tudo acaba em samba,
flamenco,
latino,
no ato de crer em um deus pós-tropicalista.
I.R.
I.R.
sábado, 23 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
amigo
relembramos nossas histórias,
nos atualizamos,
uma ou outra vez
(ou sempre)
contamos nossos problemas,
nossos sonhos,
segredos,
misérias e alegrias.
moramos perto, longe,
nos vemos todos os dias,
uma vez por ano ou por década
ou nuca nos vimos pessoalmente.
não há manual,
e um amigo não pode ser
(exatamente)
definido com nossas palavras.
I.R.
nos atualizamos,
uma ou outra vez
(ou sempre)
contamos nossos problemas,
nossos sonhos,
segredos,
misérias e alegrias.
moramos perto, longe,
nos vemos todos os dias,
uma vez por ano ou por década
ou nuca nos vimos pessoalmente.
não há manual,
e um amigo não pode ser
(exatamente)
definido com nossas palavras.
I.R.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
9h53
sexta-feira, 15 de julho de 2011
próxima parada
Foto: I.R.
seu caminho é de ida,
pra frente,
mesmo que seja na contra-mão
ou de ponta cabeça
rumo às tuas conquistas.
seus anos de viagem,
trilhados rumo à estação
onde você chega hoje
valeram à pena.
a festa conta, claro,
mas ver você terminar
um ciclo
e saber que iniciará
outros caminhos,
seguindo outras rotas,
novos roteiros
rumo ao seu destino,
me deixa feliz.
muito feliz.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
bilhete י"א
terça-feira, 12 de julho de 2011
o que ou como se é
Foto: Adriano Mello
ser bom, ser mau ou ser feio
pode não ser algo definitivo.
depende dos olhos que nos veem,
depende do que queremos
que os outros vejam de nós.
o tambor tem seis balas.
para que ou onde vamos usá-las?
I.R.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
passagem
Foto: I.R.
meu ritual de passagem
tem seu momento de dor,
a necessidade de abrir as grades
e de caminhar por um túnel escuro,
onde ainda às vezes me encontro.
meu ritual de passagem,
às vezes passageiro,
outras duradouro
me leva ao exercício
da autosuperação,
à ação de me superar
e continuar meu caminho.
meu ritual de passagem
não termina do outro lado,
mas continua,ladeira acima,
todo dia
ou degrau por degrau.
meu rito de passagem
é meu grito
é meu choro e meu riso
é o que me reinventa todo dia
ou degrau por degrau,
o que me leva a seguir passando.
I.R.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
rosario
nem todo rosário
é para rezar
ou ser rezado.
algum rosario
é cidade banhada por rio
é berço de bandeira
por onde caminho
e a descubro
ondeando com o vento.
I.R.
é para rezar
ou ser rezado.
algum rosario
é cidade banhada por rio
é berço de bandeira
por onde caminho
e a descubro
ondeando com o vento.
I.R.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
auto-fé
acredito que apenas o homem
pode dizer,
num ato de consciência e fé,
em que ou quem acredita.
creio na fé decidida
pela escolha,
creio na fé de cada indivíduo
como caminho de uma decisão pessoal.
fé ou não-fé,
ambas um salto intrasferível,
talvez e provavelmente da mesma moeda.
I.R.
pode dizer,
num ato de consciência e fé,
em que ou quem acredita.
creio na fé decidida
pela escolha,
creio na fé de cada indivíduo
como caminho de uma decisão pessoal.
fé ou não-fé,
ambas um salto intrasferível,
talvez e provavelmente da mesma moeda.
I.R.
terça-feira, 5 de julho de 2011
na estrada
Foto: Adriano Mello
o gosto do proibido,
velado,
escondido,
fica na memória
como prova de um passado bom.
o maior desafio
do amor não é escondê-lo
mas vivê-lo,
renová-lo, reinventá-lo,
redescobri-lo um dia após o outro,
estrada pra frente,
com um olho no retrovisor.
I.R.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
arbitrariamente
creio em deus,
em um deus que é limitado,
pois se autolimita
para cumprir sua palavra.
creio em um deus
que pode quase tudo por conta própria
menos fazer de nós melhores pessoas.
livre arbítrio.
por mais que as escolhas
não sejam muitas
e estejam controladas,
essa é a virtude
ou o castigo da humanidade.
I.R.
em um deus que é limitado,
pois se autolimita
para cumprir sua palavra.
creio em um deus
que pode quase tudo por conta própria
menos fazer de nós melhores pessoas.
livre arbítrio.
por mais que as escolhas
não sejam muitas
e estejam controladas,
essa é a virtude
ou o castigo da humanidade.
I.R.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
oitava arte
Foto: Reprodução da Internet/ Richard Swarbrick
a bola que rola
no gramado verde
dos meus sonhos,
não me tira o sono,
mas me ensina
que na vida se ganha
e se perde,
se sobe e se desce,
criando e recriando
esfericamente
o conceito de arte,
de recreação,
aquela sensação de que a bola
- extensão mágica do corpo -
nada mais é do que a roda da vida.
I.R.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
pra você
Foto: Deste blog
até quando não escrevo pra você,
é pra você que escrevo.
seus comentários,
suas perguntas,
sua leitura me relê
e eu releio por seus olhos,
porque se escrevo por mim,
e é para mim que escrevo,
escrevo para e por você,
pois você está em mim
e eu estou em você
e nos resignificamos como dois
e a necessidade de escrever
para mim-você-e-nós
é o que alimenta a arte
a cada instante um pouco mais.
I.R.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
solucionática
nem todo soluço
tem solução.
e o que existe de mais absoluto
se torna,
me gera
e se regenera obsoleto
após cada nova geração.
I.R.
tem solução.
e o que existe de mais absoluto
se torna,
me gera
e se regenera obsoleto
após cada nova geração.
I.R.
sábado, 25 de junho de 2011
quinta-feira, 23 de junho de 2011
o corpo de cristo
se o corpo de cristo é sagrado,
e acho que seja,
talvez fosse bom ampliar,
não o corpo, mas a ideia de cristo,
o ungido,
que não foi e não é apenas jesus.
ungidos somos todos,
natureza viva,
cujo maior pecado consiste
em não sabermos natureza,
originando a insistência diária
em nossa própria autodestruição.
I.R.
e acho que seja,
talvez fosse bom ampliar,
não o corpo, mas a ideia de cristo,
o ungido,
que não foi e não é apenas jesus.
ungidos somos todos,
natureza viva,
cujo maior pecado consiste
em não sabermos natureza,
originando a insistência diária
em nossa própria autodestruição.
I.R.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
esporeando
Foto: Adriano Mello
meto a espora nos meus sonhos,
não para apressá-los,
mas porque os submeto à paciência.
meto a espera nos meus sonhos,
pois não acredito nesse tipo de utopia.
e se a fantasia é real
é porque cada sonho traz em si
um embrião de realidade.
I.R.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
quinta-feira, 16 de junho de 2011
fruto
fito a foto
vejo o feto
que não pediu para ser feito,
mas o fato
é que isso não importa,
pois tanto da porta pra dentro
quanto da boca pra fora
ele tem direito à vida que já tem
e merece respeito como um igual.
I.R.
vejo o feto
que não pediu para ser feito,
mas o fato
é que isso não importa,
pois tanto da porta pra dentro
quanto da boca pra fora
ele tem direito à vida que já tem
e merece respeito como um igual.
I.R.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
livro
hoje minha pátria é minha língua
mas não quero pátria
nem religião.
quero um povo,
comunidade que cresce junto
sem outro país ou capital
que não seja o livro
que não pode ser escrito
por nenhuma outra palavra
que não seja a dita por nossos atos.
I.R.
mas não quero pátria
nem religião.
quero um povo,
comunidade que cresce junto
sem outro país ou capital
que não seja o livro
que não pode ser escrito
por nenhuma outra palavra
que não seja a dita por nossos atos.
I.R.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
304
se em outros nove poemas não disse,
e digo se, pois talvez tenha dito,
que estar com você é uma aventura,
tenho que lhe dizer isso agora.
a aventura do autoconhecimento,
do pensar o futuro
saindo da minha comodidade estabelecida,
a aventura de aprender a viver sem pavor
a aventura e a alegria de compartilhar,
a alegria e a felicidade de se viver.
I.R.
domingo, 12 de junho de 2011
12 de junho
amor com gosto de amora,
enamorar o namorado
e namorar a namorada,
a cama está feita,
a almofada está posta,
o jantar está servido
e você é o prato principal.
I.R.
enamorar o namorado
e namorar a namorada,
a cama está feita,
a almofada está posta,
o jantar está servido
e você é o prato principal.
I.R.
quinta-feira, 9 de junho de 2011
navegação
o barco parte rumo ao desconhecido,
levando consigo sonhos e esperanças,
a firme vontade de chegar a um porto seguro.
e à medida que o mar se agita
o barco se agiganta;
na medida das dificuldades, a superação.
o barco que sabe ir contra a maré,
sabe reerguer-se depois de quase ir a pique...
um barco vivo.
a nau de uma nação,
a nação que navega junto,
junto e firme para ser feliz.
I.R.
levando consigo sonhos e esperanças,
a firme vontade de chegar a um porto seguro.
e à medida que o mar se agita
o barco se agiganta;
na medida das dificuldades, a superação.
o barco que sabe ir contra a maré,
sabe reerguer-se depois de quase ir a pique...
um barco vivo.
a nau de uma nação,
a nação que navega junto,
junto e firme para ser feliz.
I.R.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
a porta e a chave
Foto: Adriano Mello
o comum é pensar que existem muitas portas,
mas que apenas uma é a correta, a nossa,
e que as outras nos levam a um lugar maldito.
é fácil sentir-se dono da porta verdadeira,
e mais fácil ainda é querer que todos entrem
pela mesma porta que nós.
mas a verdade é que não somos donos da porta
e que a verdade, se existe, não se esconde
atrás de porta alguma.
existem muitos caminhos e uma única porta,
uma porta única com muitos nomes,
com muitas formas e diversidade de cores.
existe apenas uma porta
e somente uma chave pode abri-la
para que entremos na sala do vazio.
uma porta de muitos nomes.
uma chave mestra de um nome só.
quando teremos coragem de usá-la?
I.R.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
no tabuleiro
Foto: Mariana Matos
às vezes ajo como um sábio
antes de ir pro xadrez
ou pra fogueira
e sou um peão desafiando um grão-mestre.
monto meu cavalo,
parto rumo a uma torre que me abrigue,
fugindo dos bispos que me tomam por herege.
perdi a proteção do rei,
os favores da rainha.
e só não perco tudo
porque divido o xeque-mate em dois:
o cheque pra saldar as dívidas,
o mate pra tomar com o resto da peãozada.
I.R.
domingo, 5 de junho de 2011
caça à palavra
na praça, entre balanços,
gangorras, escorregas,
um grupo de crianças
deixa os brinquedos vazios
e prefere caçar palavras.
as palavras,
escritas nos brinquedos, nas grades,
em papéis jogados no chão,
se transformam em tesouro na mão daqueles meninos
e isso alimenta meu vício, mania,
vontade, necessidade de continuar escrevendo.
I.R.
gangorras, escorregas,
um grupo de crianças
deixa os brinquedos vazios
e prefere caçar palavras.
as palavras,
escritas nos brinquedos, nas grades,
em papéis jogados no chão,
se transformam em tesouro na mão daqueles meninos
e isso alimenta meu vício, mania,
vontade, necessidade de continuar escrevendo.
I.R.
sábado, 4 de junho de 2011
pesadelo demonstrativo
aquela que para aquele
é seu calcanhar de aquiles,
para mim é apenas quimo,
quilo,
grama transformada em pasta,
em suco gástrico,
aquilo que está onde esta sonha
em plantar a planta do pé.
e o ele é dele,
e o esse é isso,
osso reabastecido na esso,
céu da boca estrelado na shell.
I.R.
é seu calcanhar de aquiles,
para mim é apenas quimo,
quilo,
grama transformada em pasta,
em suco gástrico,
aquilo que está onde esta sonha
em plantar a planta do pé.
e o ele é dele,
e o esse é isso,
osso reabastecido na esso,
céu da boca estrelado na shell.
I.R.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
esferográfica
Foto: Adriano Mello
a caneta azul descansando no copo
é apenas o reflexo de que não tenho o que dizer.
falar é fácil,
e falar demais é mais fácil ainda,
abobrinhas,
besteiras,
segredos que escapam,
e por que não, sabedoria,
romantismo,
filosofia,
a bic tampada e o bico fechado,
num copo preparado para o silêncio.
I.R.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
cogito, ergo sum
quando querem que eu peça a peça,
peso o valor da palavra,
aumento o valor do que se preza,
rezo a reza,
e balanço a cabeça do batista
numa balança de precisão.
quando querem que eu peça a peça,
peço licença,
e peça por peça
ergo um castelo de cartas marcadas,
oro uma hora à órus,
agora que posso,
e estaciono meu carro na contramão.
I.R.
peso o valor da palavra,
aumento o valor do que se preza,
rezo a reza,
e balanço a cabeça do batista
numa balança de precisão.
quando querem que eu peça a peça,
peço licença,
e peça por peça
ergo um castelo de cartas marcadas,
oro uma hora à órus,
agora que posso,
e estaciono meu carro na contramão.
I.R.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
brincando com palavras
sou bisneto de ana rosa,
irmão de ana
e tenho uma rosa no meu jardim.
ana rosa, rosana,
hosana,
enquanto sabemos que o osama foi morto pelo obama
e o nosso ibama protege o curumim.
ana, rosa, roxana,
hosana nas alturas,
ana rosa do pará.
rosa de hiroshima,
de luxemburgo,
oba, oba, charles,
viva o novo velho mundo,
e que venha setembro
para mais rosh hashaná.
I.R.
irmão de ana
e tenho uma rosa no meu jardim.
ana rosa, rosana,
hosana,
enquanto sabemos que o osama foi morto pelo obama
e o nosso ibama protege o curumim.
ana, rosa, roxana,
hosana nas alturas,
ana rosa do pará.
rosa de hiroshima,
de luxemburgo,
oba, oba, charles,
viva o novo velho mundo,
e que venha setembro
para mais rosh hashaná.
I.R.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
vela
Foto: Adriano Mello
em dias de céu sem cor,
de vida descolorida,
dolorida, calosa,
via dolorosa,
talvez o melhor colorante
seja um bom barco
e a sempre possibilidade de seguir em frente.
I.R.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
intoxicado
tem dias,
e são coisas que acontecem,
que a vida pode ser
li-te-ral-men-te
uma série de cagadas.
I.R.
e são coisas que acontecem,
que a vida pode ser
li-te-ral-men-te
uma série de cagadas.
I.R.
terça-feira, 24 de maio de 2011
alea jacta est
como um bebê me levanto
segurando-me em algum móvel
e tento dar meus primeiros passos sozinho.
sei que posso me cair,
mas quase não tenho dentes
e não há nada no caminho que possa me machucar tanto.
me encho de coragem e determinação
e encaro a meta.
os dados estão lançados
e não há como voltar atrás.
I.R.
segurando-me em algum móvel
e tento dar meus primeiros passos sozinho.
sei que posso me cair,
mas quase não tenho dentes
e não há nada no caminho que possa me machucar tanto.
me encho de coragem e determinação
e encaro a meta.
os dados estão lançados
e não há como voltar atrás.
I.R.
domingo, 22 de maio de 2011
autoviagem
Foto: Adriano Mello
qualquer processo próprio de mudança,
a chamada autotransformação,
é lento.
a coragem de se fazer amigos,
a necessidade de verbalizar uma vontade
ou um sentimento
ou uma dor,
a mudança de hábitos,
tudo se transforma numa lenta viagem
cheia de portos e de portas,
repleta de longes e de pertos
e completa pelas alegrias e apertos
que nos fazem querer seguir.
I.R.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
brinquedo
Foto: I.R.
a vida com vocês
é um quebra-cabeça impressionista
onde as peças vão sendo encaixadas
uma a uma
por cada um de nós.
todos os momentos que vivemos juntos
é uma nova impressão,
uma nova marca.
e no meio de tanta vida,
de tanta brincadeira,
o que não me impressiona
é o amor gerado que gera mais amor,
novas peças desse quebra-cabeça infinito.
I.R.
terça-feira, 17 de maio de 2011
pregação
Foto: Adriano Mello
o pregador que prega
e não vive
é prego torto,
é falso sábio,
vivo-morto,
é aparência.
não prego,
não pretendo,
estou preso por vontade própria
às minhas convicções
no varal humano
onde sou apenas mais um pregador.
I.R.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
individual
Foto: Adriano Mello
o individualismo do homem
faz com que ele se sinta apenas único,
quando ele além de único
também é parte do todo,
e com todos,
unido a todos pelo mesmo cordão
apesar das diferenças,
deveria se esforçar por viver em mais harmonia.
I.R.
domingo, 15 de maio de 2011
há seis décadas e meia
há seis décadas e meia nasceu um homem,
não um profeta, um santo ou um guru,
mas uma pessoa de carne, osso,
virtudes, defeitos
e um coração enorme.
nasceu um homem
que ao deixar a mensagem do amor
falar dentro dele
resolveu ser ele também um arauto,
ser um mensageiro
de que deus é amor,
e de que cada um deve amar a cada outro
como a si próprio.
feliz aniversário meu terreno pai!
I.R.
não um profeta, um santo ou um guru,
mas uma pessoa de carne, osso,
virtudes, defeitos
e um coração enorme.
nasceu um homem
que ao deixar a mensagem do amor
falar dentro dele
resolveu ser ele também um arauto,
ser um mensageiro
de que deus é amor,
e de que cada um deve amar a cada outro
como a si próprio.
feliz aniversário meu terreno pai!
I.R.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
fim
ao seu lado num período como de gestação
estou sempre pronto
para continuar parindo meus sentimentos,
e o fim não existe,
pois não há um fim aonde ir,
não há um lugar onde chegar,
só há o caminho,
o carinho,
o amor
e novamente o início,
e o caminho,
a estrada,
e o fim é o meio de um início
que todo dia volta a recomeçar.
I.R.
estou sempre pronto
para continuar parindo meus sentimentos,
e o fim não existe,
pois não há um fim aonde ir,
não há um lugar onde chegar,
só há o caminho,
o carinho,
o amor
e novamente o início,
e o caminho,
a estrada,
e o fim é o meio de um início
que todo dia volta a recomeçar.
I.R.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
meio
sem meias tintas,
descalço ou com meias,
meu meio de vida é a palavra.
na média,
minha meta é a metade
e se eu posso escolher o caminho do meio
vou aprendendo a mediar.
I.R.
descalço ou com meias,
meu meio de vida é a palavra.
na média,
minha meta é a metade
e se eu posso escolher o caminho do meio
vou aprendendo a mediar.
I.R.
terça-feira, 10 de maio de 2011
início
por mais que o início de algo
para alguns seja o meio
ou mesmo o final,
para aquele que inicia
é o começo.
o começo é sempre o início,
importa apenas o ponto
de quem está começando.
I.R.
para alguns seja o meio
ou mesmo o final,
para aquele que inicia
é o começo.
o começo é sempre o início,
importa apenas o ponto
de quem está começando.
I.R.
domingo, 8 de maio de 2011
minha mãe
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Unido e estável
Buenos Aires, 6 de maio de 2011
Prezado,
Um heterossexual pode decidir se quer casar ou não. Um homossexual não. A pessoa, tão cidadão quanto qualquer outro que paga seus impostos e tem que respeitar a lei, não pode decidir se quer se casar ou não, porque o casamento civil lhe é proibido.
Numa semana em que finalmente a justiça brasileira começa a respeitar o princípio da igualdade entre os seres humanos no Brasil, aprovando a união estável para pessoas do mesmo sexo, espero que este seja o primeiro passo para que os brasileiros tenham os mesmos direitos civis. Incluindo o direito de apenas morar junto e não se casar.
I.R.
Prezado,
Um heterossexual pode decidir se quer casar ou não. Um homossexual não. A pessoa, tão cidadão quanto qualquer outro que paga seus impostos e tem que respeitar a lei, não pode decidir se quer se casar ou não, porque o casamento civil lhe é proibido.
Numa semana em que finalmente a justiça brasileira começa a respeitar o princípio da igualdade entre os seres humanos no Brasil, aprovando a união estável para pessoas do mesmo sexo, espero que este seja o primeiro passo para que os brasileiros tenham os mesmos direitos civis. Incluindo o direito de apenas morar junto e não se casar.
I.R.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
cores da verdade
terça-feira, 3 de maio de 2011
Bilhete de aniversário para o meu filho
Buenos Aires, 3 de maio de 2011
Amado filho,
Parece brincadeira, mas hoje você está fazendo 3 anos. Como o tempo passa rápido, não é? Escrevo aqui o que sempre digo a você: Eu te amo muito. Você é uma pessoa especial, e não digo isso apenas por que você é meu filho e eu sou um pai coruja. Espero que você cresça com inteligência e sabedoria e saiba ser uma pessoa de bem. Conte comigo sempre, sempre, pro que der e vier, menos para dinheiro porque, você sabe, sou professor e a coisa tá sempre preta. =) (Brincadeirinha)
Um beijo,
Papai.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Carta para um mal-humorado
Buenos Aires, 02 de maio de 2011
Prezado,
Não vou dizer a você que sou a pessoa mais divertida, de mais bom-humor e feliz que você já conheceu. Mas também não sou o oposto. Sinto que estou na média, com uma tendência maior a estar feliz, de bem com a vida, procurando ver o lado positivo das coisas,inclusive daquilo que eu considero desagradável ou chato.
Agora, se tem uma coisa que não entendo, e talvez não entenda nunca, são essas pessoas que passam a vida de mau humor. Tem gente que já acorda com a sensação de infelicidade por estar acordando. Para mim, não são pessoas que se levantam com o pé esquerdo, são pessoas que só tem o pé esquerdo. Gente cujo cumprimento não é 'bom dia', 'oi, tudo bom?', mas 'tô irritado', 'tô de mau humor', 'hoje eu tô puto' e por aí vai.
Acredito que cada um é construtor da própria felicidade (e da própria infelicidade também) e que as coisas são para nós aquilo que nós queremos ver. Por isso, as situações não são positivas nem negativas, mas sempre depende de quem as vê. Por exemplo, um sábado de calor numa cidade de praia. Para alguns é a oportunidade de pegar um sol, de estar em contato com a natureza, de tomar uma cerveja geladinha, de estar com amigos. Para outros é um transtorno por causa do calor, e porque o excesso de sol pode causar um câncer de pele, e um sábado de sol faz a praia ficar lotada e porque os sábados com sol trazem a obrigação de lavar o carro e assim por diante.
Na vida transitamos entre o bom e o mau humor. Vemos as coisas coloridas ou em escala de cinza, dependendo do dia. Agora, sejamos sinceros, tem gente que nasceu com a predisposição de estar mal e ainda por cima responsabilizar os outros disso. Pessoas cujo maior prazer consiste em dizer que tudo o que de mal lhe acontece, tudo o que bonito não lhe parece, é CULPA dos outros. Parece aquela pessoa que diz: 'olha, eu estou melhor agora, mas a culpa é sua'.
Não tenho fórmulas para o mau humor das pessoas. Também não quero que elas mudem só porque eu não sou assim. Só peço que levem seu mau humor para longe. E com todo o respeito e um sorriso nos lábios, não me encham o saco.
Um abraço (à distância),
I.R.
Prezado,
Não vou dizer a você que sou a pessoa mais divertida, de mais bom-humor e feliz que você já conheceu. Mas também não sou o oposto. Sinto que estou na média, com uma tendência maior a estar feliz, de bem com a vida, procurando ver o lado positivo das coisas,inclusive daquilo que eu considero desagradável ou chato.
Agora, se tem uma coisa que não entendo, e talvez não entenda nunca, são essas pessoas que passam a vida de mau humor. Tem gente que já acorda com a sensação de infelicidade por estar acordando. Para mim, não são pessoas que se levantam com o pé esquerdo, são pessoas que só tem o pé esquerdo. Gente cujo cumprimento não é 'bom dia', 'oi, tudo bom?', mas 'tô irritado', 'tô de mau humor', 'hoje eu tô puto' e por aí vai.
Acredito que cada um é construtor da própria felicidade (e da própria infelicidade também) e que as coisas são para nós aquilo que nós queremos ver. Por isso, as situações não são positivas nem negativas, mas sempre depende de quem as vê. Por exemplo, um sábado de calor numa cidade de praia. Para alguns é a oportunidade de pegar um sol, de estar em contato com a natureza, de tomar uma cerveja geladinha, de estar com amigos. Para outros é um transtorno por causa do calor, e porque o excesso de sol pode causar um câncer de pele, e um sábado de sol faz a praia ficar lotada e porque os sábados com sol trazem a obrigação de lavar o carro e assim por diante.
Na vida transitamos entre o bom e o mau humor. Vemos as coisas coloridas ou em escala de cinza, dependendo do dia. Agora, sejamos sinceros, tem gente que nasceu com a predisposição de estar mal e ainda por cima responsabilizar os outros disso. Pessoas cujo maior prazer consiste em dizer que tudo o que de mal lhe acontece, tudo o que bonito não lhe parece, é CULPA dos outros. Parece aquela pessoa que diz: 'olha, eu estou melhor agora, mas a culpa é sua'.
Não tenho fórmulas para o mau humor das pessoas. Também não quero que elas mudem só porque eu não sou assim. Só peço que levem seu mau humor para longe. E com todo o respeito e um sorriso nos lábios, não me encham o saco.
Um abraço (à distância),
I.R.
sábado, 30 de abril de 2011
libélula
Foto: Andiyan Lutfi
uma libélula entra pela janela
para fazer uma última visita.
vê sua filha,
seus livros,
seu mundo...
voa batendo rapidamente as suas asas,
como se estivesse se despedindo,
dizendo que no futuro vão se encontrar,
que todos nos iremos encontrar.
a libélula, livre
como sua filha,
como eu,
como todos também somos,
sabe que a diferença é que ela já sabe ser livre
e nós ainda não.
I.R.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
casamento e escândalo
enquanto a imprensa mundial
dedica horas e dinheiro
a um casamento da 'realeza' britânica,
alguém, em um país pobre, morre de fome.
enquanto a imprensa local
perde tempo com a traição de uma atriz,
grávida, ao seu marido,
alguém, neste mesmo país, morre de fome.
a gente não quer só circo.
a gente quer pão, arte
e uma imprensa menos frívola,
um pouco menos marrom.
I.R.
dedica horas e dinheiro
a um casamento da 'realeza' britânica,
alguém, em um país pobre, morre de fome.
enquanto a imprensa local
perde tempo com a traição de uma atriz,
grávida, ao seu marido,
alguém, neste mesmo país, morre de fome.
a gente não quer só circo.
a gente quer pão, arte
e uma imprensa menos frívola,
um pouco menos marrom.
I.R.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
árvore juvenealógica
Foto: álbum de família
juvenal um dia conheceu elisa.
não conheço a história com detalhes,
mas sou parte do que veio a partir daí.
sei que juvenal e elisa se multiplicaram
e um dos resultados de juvenal moreira maia
foi juvenal moreira maia filho, meu avô,
que começou com maria heloïsa
e vieram eliana, eraldo, eduardo,
mas terminou com vanda,
e veio eneida e finalmente chegou
juvenal moreira maia neto, meu tio
que hoje também está em outra oportunidade,
mas na primeira teve juvenal moreira maia bisneto,...
meu primo.
nesta família de juvenais e letras e, me chamei igor,
talvez para evitar qualquer margem de confusão.
I.R.
terça-feira, 26 de abril de 2011
metamorplástico
domingo, 24 de abril de 2011
quem se lembra?
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