segunda-feira, 2 de maio de 2011

Carta para um mal-humorado

Buenos Aires, 02 de maio de 2011

Prezado,

Não vou dizer a você que sou a pessoa mais divertida, de mais bom-humor e feliz que você já conheceu. Mas também não sou o oposto. Sinto que estou na média, com uma tendência maior a estar feliz, de bem com a vida, procurando ver o lado positivo das coisas,inclusive daquilo que eu considero desagradável ou chato.

Agora, se tem uma coisa que não entendo, e talvez não entenda nunca, são essas pessoas que passam a vida de mau humor. Tem gente que já acorda com a sensação de infelicidade por estar acordando. Para mim, não são pessoas que se levantam com o pé esquerdo, são pessoas que só tem o pé esquerdo. Gente cujo cumprimento não é 'bom dia', 'oi, tudo bom?', mas 'tô irritado', 'tô de mau humor', 'hoje eu tô puto' e por aí vai.

Acredito que cada um é construtor da própria felicidade (e da própria infelicidade também) e que as coisas são para nós aquilo que nós queremos ver. Por isso, as situações não são positivas nem negativas, mas sempre depende de quem as vê. Por exemplo, um sábado de calor numa cidade de praia. Para alguns é a oportunidade de pegar um sol, de estar em contato com a natureza, de tomar uma cerveja geladinha, de estar com amigos. Para outros é um transtorno por causa do calor, e porque o excesso de sol pode causar um câncer de pele, e um sábado de sol faz a praia ficar lotada e porque os sábados com sol trazem a obrigação de lavar o carro e assim por diante.

Na vida transitamos entre o bom e o mau humor. Vemos as coisas coloridas ou em escala de cinza, dependendo do dia. Agora, sejamos sinceros, tem gente que nasceu com a predisposição de estar mal e ainda por cima responsabilizar os outros disso. Pessoas cujo maior prazer consiste em dizer que tudo o que de mal lhe acontece, tudo o que bonito não lhe parece, é CULPA dos outros. Parece aquela pessoa que diz: 'olha, eu estou melhor agora, mas a culpa é sua'.

Não tenho fórmulas para o mau humor das pessoas. Também não quero que elas mudem só porque eu não sou assim. Só peço que levem seu mau humor para longe. E com todo o respeito e um sorriso nos lábios, não me encham o saco.

Um abraço (à distância),

I.R.