sexta-feira, 26 de junho de 2009

O olhar. A pantera. O rei do pop. Lembranças

Pensei em começar escrevendo sobre o olhar de Daniel Alves antes de bater a foto que deu a vitória ao Brasil sobre a África do Sul. Fazia tempo que eu não via um olhar tão concentrado antes de bater uma falta. O gol foi muito bonito e fundamental para a seleção brasileira, mas sinto que nunca mais esquecerei esse olhar, essa concentração e essa certeza de fazer o que tem de ser feito.



Quando eu era pequeno, na porta do armário do meu tio, estava escrito Farrah. Aquilo sempre me intrigou. Eu tinha uns 5 ou 6 anos. Já tinha assistido algum capítulo de “As Panteras” na televisão, mas nada disso era da minha época. Eu não sabia o que era Farrah. Até que minha mãe me disse que não a questão não era “o que era”, mas “quem era”. E me explicou sobre Farrah Fawcett. Devo ter dito apenas “ah”. E se hoje comento isso, um dia após a morte da atriz, não é por uma memória afetiva em relação à Farrah, mas uma lembrança do meu tio, de seu skate, de seu dálmata e de como continuo gostando dele, mesmo à distância, mesmo sem, talvez, nunca ter dito isso a ele.




Mas um dia tem 24 horas, e a morte de Farrah Fawcett acabou ficando em segundo plano. Não é a primeira vez que eu vejo isso acontecer. A morte de Madre Teresa de Calcutá foi ofuscada pela morte de Lady Di. E a de Farrah se tonou uma nota minúscula em algum lugar perdido do jornal. Na primeira página, manchete, letras garrafais, a morte do rei do pop. Aqui, mais uma vez eu volto à minha infância.
Eu tinha 7 anos, quando num domingo, durante o Fantástico, o apresentador avisou que as crianças deveriam ser retiradas da sala, assim também como as pessoas mais sensíveis. Meus pais, zelando por mim, me fizeram sair. Foi assim que eu não vi o clip de Thriller.



Assim como Farrah, Michael Jackson também não é da minha época. Seus maiores sucessos, a coroação, a glória, tudo isso aconteceu quando eu era criança e não dava muita importância para a música feita por ele. A verdade é que os anos se passaram e nunca me tornei um fã. Uma pena. O cara além de performático, de inventor de danças, de tendências, era compositor, era fera.

Eu me acostumei ao Michael Jackson dos escândalos, e cresci criticando sua embranquecimento, seu nariz afinado, seu cabelo alisado, sem perceber que cada um é como pode, como dá para ser, e que por trás de toda aquela aparência que eu criticava havia um artista. Pedófilo? Não sei. Nunca provaram nada e eu não dormi com ele quando era criança. Polêmico? Sim. Perturbado? Aparentemente. Gênio? Sem dúvida. Apesar de não ser dos meus favoritos, o meu reconhecimento e os meus respeitos.





I.R.