sábado, 13 de junho de 2009

Matemática de Santo Antônio

Nunca acreditei muito em santos específicos para determinados assuntos. Essa história de santo das causas impossíveis, ou a santa das tempestades, ou o dos males da garganta, ou o dos namorados, etc. Mas um deles ganhou o meu respeito. Santo Antônio, o santo casamenteiro.

Não, nunca fiz uso de seus poderes ou de sua interseção. Mas vi que Antônio é mesmo o cara.

Eu tinha uns 13 ou 14 anos, morava no interior do estado do Rio e era coroinha. Sim, quase todos os dias ajudava o padre, um não pedófilo, graças a Deus, na missa.

Um dia, eu estava na igreja quando uma mulher se aproximou do padre... como defini-la sem ser agressivo? Bem, uma mulher pouco agraciada no quesito beleza física. Ok, sejamos sinceros. A mulher era feia. Muito feia. Um tribufu. Baixinha (nada contra as baixinhas), com os ombros caídos, os olhos caídos, a boca meio murcha e na frente dos olhos caídos uns poderosos óculos grossos e verdes, um fundo de garrafa clássico.

Me lembro do diálogo entre eles.

- Padre, o senhor vai à Europa?
- Vou. Vou visitar a minha mãe na Polônia.
- O senhor vai passar pela Itália?
- Vou.
- O senhor faria um favor para mim?
- Claro que faço. O que é?
- O senhor compra um Santo Antônio na Itália para mim?
- Compro. Mas posso comprar um aqui em Niterói ou no Rio.
- Não, padre. Santo Antônio bom tem que ser italiano, legítimo!

O diálogo terminava ali. Anos depois o padre me confessou que achava que com aquela mulher, nem Santo Antônio daria jeito.

Então o padre viajou, foi à Polônia, passou pela Itália e trouxe o Santo.

Aqui há um hiato nessa história. Não sei que métodos de tortura aquela mulher usou com Santo Antônio. Talvez todos. deve ter colocado o Santo de cabeça pra baixo dentro do armário. Deve ter submetido o Santo a chicotadas, a humilhações, deve tê-lo chacoalhado, sacudido, e rezado um pouco também. Do tipo, morde e depois assopra.

O resultado veio algum tempo depois. Novamente estava eu na igreja, como testemunha ocular, quando vejo essa mulher, feia, feia, feia, chegar e dizer ao padre que estava ali para marcar o casamento dela.

Não sei se algo foi dito nesse momento. A surpresa era tanta. O espanto. O milagre.

Quando conheci o noivo, descobri que a máxima "há sempre um chinelo velho para um pé cansado" é verdadeira. O homem não era feio, nem mesmo Feio, ele era FEIO! E juntos formavam um casal exótico. Eles se casaram.

E tiveram um filho... que nasceu... lindo! É, nasceu lindo.

Foi aí que descobri que no amor, assim como na matemática, negativo com negativo dá positivo.

I.R.