quarta-feira, 25 de março de 2009

Carta para um católico

Buenos Aires, 25 de março de 2009

Prezado católico,

O principal problema da sua organização é também a questão menos resolvida da humanidade. O sexo.

Desde que o mundo ocidental se tornou católico que sexo e culpa ou sexo e pecado se tornaram sinônimos. Um de mão dada com o outro. O sexo passou a ser um tabu e como tal deve ser temido.

Poderíamos enumerar algumas questões como o celibato dos padres, a virgindade até o casamento, a insistência sobre um Jesus solteiro e a santificação da virgindade de Maria, antes e depois do parto. Durante, não. Mas segundo a crença, houve uma restauração milagrosa do hímen. (Fala sério!)

Certa vez perguntaram a um padre: Padre, o sexo antes do casamento é pecado? Ao que respondeu: Só se atrasar a cerimônia. Desde quando a virgindade é sinônimo de virtude? Por que nós, humanos, que temos a noção de prazer, teríamos relações sexuais apenas para a procriação? Porque um papa, um bispo, um padre, pedófilo ou não, homo ou heterossexual, decidiu que vamos todos para o inferno por isso? Por que ele não pode, ninguém mais pode?

Que culpa tenho eu se a organização resolveu proibir o casamento deles por motivos econômicos? Ou você acreditava nessa lenga-lenga de que o padre não se casa porque assim pode servir melhor a Deus. Mentira. Não se casa, porque ao casar-se e ter filhos, estes passariam a ter direito à herança. E quem é que paga essa conta?
Vocês preferem um modelo hipócrita, onde os padres se masturbam ou atacam crianças ou tem namorados ou namoradas clandestinos ou escondidas, mas são solteiros, são aparentemente castos. Ok. Dou a mão à palmatória, existem raras exceções. Tão raras que contamos com os dedos da mão esquerda do Lula.

E você vem me dizer que a Bíblia não fala sobre nenhuma mulher de Jesus. Bem, a Bíblia não é um diário ou um blog. Também não fala que Jesus cagava, arrotava e soltava peidos fedidos. Ou você acha que quando ele soltava um gás, fazia um milagre para que tivesse cheiro de rosas?

Agora, para mim, a melhor de todas é que Maria, nasceu virgem, concebeu virgem e morreu virgem. Já que depois do parto um hímen santo voltou a aparecer no lugar do anterior. Não será demais? Isso me faz lembrar uma garrafada que vendiam no Pará ou no Amazonas que prometia a volta da virgindade. Isso antes do tempo da himenoplastia. Não estou discutindo a santidade de Maria. Acho que Maria é santa, intercede por nós e é tão ou mais importante do que o Pai, agora, se você acredita que ela é tudo isso por causa de um hímen, então retiro tudo o que disse sobre ela.

Afinal, Maria era casada com José e o que é normal numa relação a dois é que, pelo menos de vez em quando, exista uma relação sexual, ou chame como quiser, coito, foda, trepada, metidinha. E ao imaginar José e Maria tendo relações sexuais, filhos (incluindo Jesus, por que não?) isso não a faz menor ou menos importante. Isso a faz grande. Uma mulher completa. Completa e feliz.

Amigo, católico, preocupe-se menos com virgindades, castidades, celibatos, etc. Vá namorar, beijar na boca, transar e ser feliz.

Um abraço,
I.R.