terça-feira, 19 de agosto de 2008

Carta para o Dunga

Buenos Aires, 19 de agosto de 2008.

Pouco prezado Dunga,

É meio-dia. Há pouco mais de 10 minutos o Brasil perdeu para a Argentina por 3 a 0 no Jogos Olímpicos de Pequim e eu não posso deixar de agradecer a você pelo dia maravilhoso que você acaba de me proporcionar.

Cara, você não tem idéia do dia lindo que começará para mim, em mais ou menos 57 minutos, quando eu começar a primeira aula do dia, aqui em Buenos Aires. Brasileiro em Buenos Aires sofre, meu camarada, e acho que você não deve ter a menor idéia disso.

Tem certas coisas que eu não entendo, com um jogador como Thiago Neves entrando bem em todas as partidas você me deixa o cara no banco e só o coloca para jogar quando a partida já estava 2 a 0... Por quê? Deve ter sido para ele ser justamente expulso e tornar a nossa participação na olimpíada ainda mais bonita.

Não é possível, deve ser pessoal... você tem problemas de relacionamento com 180 milhões de pessoas... Mas posso te garantir que as centenas que moram aqui em Buenos Aires, como eu, teremos ou já estamos tendo um dia maravilhoso.

Me diga a verdade, você achou que era um treinador vitorioso quando o Brasil goleou a forte seleção da Nova Zelândia?

Amigo Dunga, você não sabe a minha vontade de sair de casa. E para melhorar hoje tenho a primeira aula em uma universidade... com alunos que já me conhecem e têm intimidade para falar de futebol comigo sem terem medo de eu os reprová-los.

Sabe, Dunga, você como técnico é um excelente ex-jogador... ou excelente modelo das roupas da sua filha... sei lá... Mas como amigo eu não tenho nada do que me queixar. Você é um amigaço! Você, sim, soube como dar emoção à minha terça-feira pós-feriado aqui na Argentina.

Deus lhe pague, e que a Branca de Neve lhe dê um prato extra de sopa hoje à noite.
Agora, pensando bem, meu amigo, muito obrigado não só pelo dia de hoje, mas pela semana inteira. Acho que nem o argumento de que já ganhamos 5 copas do mundo vai me ajudar muito nos próximos dias.

Sem mais, te agradece de coração,

I.R.