sábado, 31 de outubro de 2009
Extrato de aula
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
melancolia poética
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
O livro antigo
Quando entrei na livraria, levado por um certo sexto sentido, não sabia em que estava me metendo. Na vitrine, um exemplar com gravuras muito interessantes me vira passar e sussurrara através do vidro “vem, entra”.
Dentro da loja, pedi exatamente esse exemplar que me intrigava. Era um livro do século XVI, de 1500 e alguma coisa, cujo nome já não me lembro. Antes mesmo de começar a ler, perguntei o preço. O vendedor me disse que já estava vendido, mas que eu podia folheá-lo.
Entender o idioma era algo que me intrigava. Afinal, só falo português e espanhol, no entanto, compreendia cada linha à medida que avançava as páginas.
E assim estava, completamente absorto, quando li algo que não esperava. Meu nome. Mas não foi como ler meu nome e não ser eu. Era meu nome. Meu nome e meu sobrenome. Meu nome completo estava ali diante dos meus olhos em um livro do século XVI.
Um nome de origem escandinava, uma variedade de sobrenomes, nascido no Rio de Janeiro, em janeiro, filho de, neto de, aos 3 anos foi para o Arraial do Cabo. E na minha frente começaram a desfilar amigos de infância, as diversas escolas onde estudei, meus colegas, as praias, os primeiros discos ouvidos, as brincadeiras sozinho.
Ia passando as páginas e me assombrava ao ver meus amigos, meu primeiro beijo, a primeira namorada, minha primeira transa, meus irmãos, o seminário, a faculdade. Era difícil acreditar que tudo aquilo tivesse sido escrito há 500 anos, quando o Brasil recém tinha sido descoberto.
Reli minha chegada a Buenos Aires, meu casamento, minha separação, minhas aulas, as mais chatas, as mais divertidas, uma segunda convivência, um filho. Revivi meus caminhos, minhas histórias. E não estava nem na metade do livro, quando sua dona chegou. Estava lendo a parte em que eu entrava numa livraria, atraído por um livro na vitrine e me descobria nas suas páginas.
Interrompi a leitura. Ela, com seus olhos de feiticeira, olhava para mim. Eu sabia que queria o livro que lhe pertencia. Mas queria saber como a história terminava. Pensei em comprá-lo dela, mas não só não tinha dinheiro, como sabia que não me venderia. Foi então, que me enchendo de coragem pedi que me emprestasse o livro, que me deixasse lê-lo até o final. Sim ou não? A pergunta na minha garganta. O medo da resposta. Sim ou não? Como termina a história?
Ela pegou o livro da minha mão e foi embora sem dizer uma palavra.
Por favor, se você estiver lendo este blog, me conte como essa história termina. Se alguém souber de que livro eu estou falando e já tiver lido um pouco de suas páginas, por favor, não deixe de me escrever.
I.R.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
remédio
tomo uma aspirina,
aspiro seu sorriso,
minha cabeça continua doendo,
mas meus olhos se sentem melhor.
tomo um calmante,
tento dormir,
não me acalmo
e aclamo minhas câimbras
como causa da minha insônia.
tomo um antiácido,
faço terapia,
tento arrancar a razão dessa agonia,
que me tenta,
me atonta
e me lança ao centro da tormenta.
passo um ungüento,
tomo um viagra,
uma vodca, uma cachaça,
paro na beira do abismo
sem paraquedas,
e só preciso de mais um sorriso
para, enfim, me atirar.
I.R.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Pedido especial
domingo, 25 de outubro de 2009
Domar o domra
sábado, 24 de outubro de 2009
Pilus
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
escrito nas estrelas
e o coração nas estrelas,
... vivo...
prisioneiro da razão,
fiel cumpridor da ordem,
mantenedor do status quo,
sem questionamentos ou rebeliões,
transitando entre agá-pês,
i-bê-emes e agá-esse-bê-cês.
escrevendo é como me engano,
é minha válvula de escape,
meu telescópio
me permitindo ver além do que é possível,
vejo vênus e o asteróide b612
com seu pequeno príncipe,
olho a face oculta da lua,
observo as três marias e a ursa maior
admiro o asteróide 2616,
onde quero ter uma casa
e me vejo,
passeando pelo espaço,
pelas estepes de uma galáxia qualquer.
I.R.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
carrossel
tenho medo de altura,
e da montanha russa
só gosto ao rés do chão
giro, subo, desço
passo no mesmo lugar
um raio não cai duas vezes no mesmo lugar,
um rio não passa duas vezes no mesmo lugar,
no mesmo lugar, dois corpos não ocupam o mesmo espaço
ao mesmo tempo,
nem no traço do artista,
nem num abraço,
subo, desço, giro,
volto ao mesmo lugar,
tenho medo de altura,
e ao rés do chão sou réu
e no chão sou apenas eu
desço, subo, giro,
fecho o tambor, engatilho
e reinicio essa roleta russa.
I.R.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
às vezes
domingo, 18 de outubro de 2009
Bilhete à Senhora dos Remédios
sábado, 17 de outubro de 2009
périplo 2
se existe um caminho por lá
ou se é possível ir por ali,
não sei por que vou por aqui,
não sei nem se há um porquê.
será pelo poraquê que me espreita?
ou apenas obra do acaso,
que por acaso,
me espreme as espinhas?
serão as sobras do piraquê?
sei que não sei,
mas peço apenas
que me transportem num poracá
e que minhas possíveis respostas
sejam enterradas como um tesouro,
porém sem um mapa,
principalmente sem um xis.
I.R.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
olé!
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
World Music
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Disjuntor desarmado
sábado, 10 de outubro de 2009
calmaria
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Vigésimo-quinto bilhete para um world músico
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Pedido
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
ocorrer
sábado, 3 de outubro de 2009
De musa, música e filho
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Carta para Mercedes Sosa
Buenos Aires, 01 de outubro de 2009.
acho que as homenagens devem ser feitas em vida. Para que esperar a morte e aí sim reconhecermos a importância que alguém teve em nossa vida? Infelizmente, não sei se por preguiça, por acharmos que somos eternos, por preferirmos falar de alguém depois que morre, esperamos a pessoa não estar mais para, então, falarmos dela.
Sua presença na minha vida é grande. Você é uma das minhas primeiras lembranças do espanhol como idioma. Me lembro das tardes, quando criança, ouvindo sua versão de ‘Volver a los 17’, com Milton, o Bituca. Me lembro ainda melhor de outras tardes, já com meus 20 anos, saboreando cada música de seu CD de 30 anos de carreira. E foram muitas essas tardes, em que deitado na cama, com os pés na janela, eu ouvia uma e outra vez cada música desse CD, quando Buenos Aires era apenas a capital da Argentina, um lugar onde tinha estado uma vez, com o Coral Cantavento, mas essa é outra história.
Você foi uma das escolas que tive para abrir meu ouvido a outros tipos de música. O ‘folklore’, a música de protesto em espanhol, León Gieco, Atahualpa Yupanqui, la zamba, la chacarera e até mesmo Charly García. Um novo universo ao alcance dos meus ouvidos.
Obrigado. Muito obrigado.
E aqui estou eu, querida Mercedes, escrevendo com você viva, lutando para se manter viva, com todos nós, seus admiradores, torcendo para que você fique conosco por mais tempo. Sabemos que quando você não estiver com sua presença, sua voz será sua mais fiel representante nesta terra. Seria bom tê-la mais tempo, desfrutar mais tempo da sua voz em vida. Agora, se você não puder mesmo ficar, vá com os mesmo anjos, esses que sempre foram testemunhas do seu canto.
Das poucas coisas que sinto não ter feito nesta minha ainda curta vida, incluo nunca ter ido a um show seu. Paciência. Em outra vida será.
Um grande abraço,
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
são fases
onde as bases do existir não estão definidas
reabro feridas
- dou um beijo na face –
me submeto, confuso,
a um jeito obtuso de tocar o viver.
existirá maior brevidade que a semifusa?
minha consciência difusa não sabe,
meu pensamento volúvel não sabe,
e se sabe não quer me responder
pois a resposta é incompleta,
as fases são incompletas,
e nem o álcool, o sexo,
freud ou a divindade podem completá-las,
respondê-las, contruí-las ou supô-las…
levo uma vida vivida em fases,
onde nenhuma base tem alicerce
e o cerceamento da liberdade de expressão
é uma necessidade de sobrevivência
I.R.