sair das entrelinhas
e não ver estrelinhas prateadas
num céu de brigadeiro
não é fácil.
a maior nudez não é tirar a roupa,
é confessar-se.
o rio já não pode seguir o mesmo curso,
o leito foi desviado pelo garimpo
e as consequências
são apenas suposições e conjecturas.
minha maior nudez não é apenas confessar-me
é saber que preciso da confissão.
meu rio não tem ouro,
minhas águas têm mercúrio,
tenho crateras feitas por minhas mãos humanas...
as estrelas do mar e as do céu não são prateadas
nem o céu é de brigadeiro ou beijinho...
e as entrelinhas, as várias entrelinhas entrelaçadas
são a entretela da minha roupa velha.
I.R.