quarta-feira, 2 de julho de 2008

Carta para Roberto Dinamite

Buenos Aires, 2 de julho de 2008.

Prezado Roberto Dinamite,

Antes de mais nada, parabéns pela posse de ontem, como novo presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama. Mas a este assunto, voltaremos em seguida. Antes de falarmos mais sobre esse momento histórico, gostaria de tecer outros comentários.

Não sou crítico de futebol ou comentarista esportivo. Nem entendo tanto de futebol quanto gosto. Gosto dos números, das estatísticas, mas não sei adjetivar jogadas, não se reconhecer posições dentro de campo, muito menos saber quais são as funções por número de camisa.

Mesmo assim, tenho minha própria visão sobre alguns jogadores e a minha própria classificação para eles. Para mim, um jogador pertence a uma escala, que começa com o “perna-de-pau”. Depois vem o “chinelinho” o “meia-boca”, o de “médio”, o “bom jogador”, o “craque” e o “gênio”. Sei que algumas pessoas ainda colocariam a categoria “deus”, mas tenho minhas dúvidas se ela é realmente uma categoria ou uma análise feita pela emoção e distante do tempo em que ocorreram os fatos. Sabemos que as imagens gravadas podem nos enganar e com uma boa edição de imagens qualquer Cocada pode parecer Pelé.

Para mim, a categoria “gênio” só é adquirida quando o craque pára de jogar futebol. É como um militar que passa para a reserva e se aposenta com uma patente imediatamente acima da que ocupava na ativa. O generalato, digo, o “genialato” adquirido durante a carreira é privilégio de poucos, como Pelé, Garrincha e Maradona, por exemplo. Outros, para mim, foram promovidos a gênio, como Zico, Romário (é gênio ou é craque?), Platini, Zidane, Beckenbauer e Cruyff, por exemplo. Já Túlio, Palermo e Obina, para mim, são bons jogadores, dos quais não tiro o mérito de serem grandes artilheiros. Enquanto Tevez, os Ronaldos, Fenômeno, Gaúcho e o Cristiano, Messi, “El” Niño Torres, Eto'o, Drogba, Gullit, Bebeto e Rivaldo, para dizer alguns, são ou foram craques. E é nessa categoria, querido Roberto, que eu o colocaria. Você foi um craque. Um excelente jogador, um dos maiores de todos os tempos no Vasco, o maior ídolo da história do Gigante da Colina, maior artilheiro dos campeonatos brasileiro e carioca, um jogador enorme.

Agora, Roberto, voltando ao início desta carta, tenho certeza de que chegou o momento de você se tornar um “gênio”. Chegou a hora da sua promoção, mesmo que tardia. Roberto, você é o primeiro ídolo, craque, artilheiro, de um clube a chegar ao cargo de presidente do mesmo. Chegou a hora de mostrar ao mundo do futebol que é possível presidir um clube sem negócios escusos, sem ditadura e com seriedade. E o Vasco, vilmente maltratado durante tantos anos necessita reocupar o seu lugar de destaque no cenário do futebol brasileiro. O Vasco precisa voltar a conquistar títulos, a disputar as primeiras colocações, a jogar bonito, a revelar talentos, e deixar de ser vice. Espero que com você, Roberto Dinamite, a nossa caravela reencontre o caminho. Muita sorte e bom trabalho!

Um abraço,

I.R.



I.R.