quarta-feira, 30 de julho de 2008

Carta para quem quer ir ao paraíso

Buenos Aires, 30 de julho de 2008.

Prezado amigo que quer ir para o paraíso,

A minha pergunta é: e quem não quer, não é mesmo? Todos queremos ir para o paraíso. E não estou falando da estação Paraíso do metrô de São Paulo, que fique bem claro.

O único problema é justamente esse. De que paraíso estamos falando? As ofertas são tantas e eles são tão diferentes que a gente fica até meio perdido no meio de tantas alternativas ou oportunidades.

Temos, por exemplo, o das 72 virgens; temos também o paraíso da aniquilação do ego; o paraíso no céu com são Pedro trabalhando como recepcionista e porteiro ao mesmo tempo; e o paraíso como um lugar levemente chato cheio de paisagens bonitas como nos quadros vendidos nas lojas de 1,99 onde vamos encontrar os nossos amigos e parentes; ou ainda o paraíso onde a harpa funciona como música ambiente. E eu ainda poderia continuar citando outros, mas não faria muito sentido.

É, não faria sentido porque estou cada vez mais convencido de que todos temos um paraíso, ou uma idéia dele, que é completamente pessoal. Por exemplo, no paraíso das 72 virgens, seriam todas umas belezas ou haveria alguma baranga? Acho que depende do falecido. Tenho um amigo, por exemplo, que sempre se apaixonou por mulheres feias.

Para um torcedor fanático, o paraíso é ver o seu time campeão; para um presidente da república o paraíso é ter maioria no congresso; para um cantor é ver o seu cd vender milhares de originais e poucas cópias piratas; para quem trabalha em banco é ter uma semana inteira sem o sistema ficar fora do ar (e para nós, usuários, também); para um autor de novela é ver a mesma com mais de 50 pontos no Ibope...; ...

Para a mãe do Santiago, por exemplo, o paraíso seria uma boa noite de sono, umas 12 horas, mais ou menos, sem ter que acordar para dar de mamar e fazer arrotar, e depois ao acordar, encontrar o café na cama e a casa limpa. Quando eu posso, ajudo com o café na cama, e com o almoço, e com o jantar, mas limpar a casa nunca foi meu forte.

Para mim, o paraíso é um fim de semana inteiro sem fazer nada, com direito à pipoca, cerveja e vitória do Vasco no domingo... não ria deste último, por favor.

E para o Santiago, meu filho de quase 3 meses, o paraíso é que a mãe dele não tenha só um par de peitos para alimentá-lo. Mas que tenha 50 pares de peitos, de tetas mesmo, cheios de leite, onde ele possa mamar o dia inteiro sem parar.

E o seu paraíso, qual é?

Um abraço,

I.R.