quarta-feira, 16 de julho de 2008

Carta para os homens

Buenos Aires, 16 de julho de 2008.

Prezados Homens,

Acho que não preciso fazer toda uma introdução, e posso ir direto ao assunto, não? Não é preciso dizer que vocês, digo, nós, somos todos iguais. As mulheres já se encarregaram de espalhar a notícia. Ah, não, leitoras, não pensem que as estou chamando de fofoqueiras. Longe de mim. Até porque acho que nós, homens, somos mais fofoqueiros do que vocês.

Mas esta carta não é para falar sobre nossas misérias mais humanas, como a fofoca, ou o fato de sermos o verdadeiro sexo frágil. Não poderíamos parir. E sabemos disso. Não agüentaríamos as dores do parto, os pontos de uma cesariana e menos ainda todo o trabalho de amamentar a cada duas ou três horas durante sabe-se lá quanto tempo.

Não, esta carta é para que compartilhemos nossas misérias divinas. Muito se fala do pecado original e da expulsão do homem e da mulher do paraíso. Fala-se das dores do parto que a mulher ganhou como castigo. Fala-se do esforço que a humanidade teve de passar a fazer para se sustentar, para sobreviver. Mas ninguém fala, nem falou, sobre a pior sensação do homem. Somos incompletos. Fomos expulsos do paraíso e ficamos incompletos. E não estou falando de nenhuma costela que nos foi extraída, mas sim de um apêndice.

A verdade é que nós homens, depois que perdemos uma costela, ganhamos um controle remoto como compensação. E no paraíso, estávamos completos, e éramos felizes. Mas no dia que ganhamos o cartão vermelho por causa da maçã (mais envenenada do que a da Branca de Neve), perdemos o apêndice do nosso braço, o controle remoto.
Por isso, quando estamos em casa e ligamos a televisão, automaticamente nossos dedos tomam posse do controle, e começamos a zapear, da mesma maneira que fazíamos no Jardim do Éden, vendo 2 minutos de um filme de suspense, 5 de um de ação, 15 segundos de uma comédia romântica, meio capítulo de novela, que já encontramos começada, e 2 horas de futebol.

Não é que nós queiramos, mas ter o controle remoto nos devolve o nosso eixo, nos devolve ao nosso estado de paraíso, nos devolve o que realmente somos. E isso talvez as mulheres não saibam.

Homens, devemos contar essa verdade para todas as mulheres, sem exceção, porque entender isso ajuda a que elas nos entendam um pouco mais, apesar de sermos todos iguais.

Um abraço,

I.R.