segunda-feira, 7 de julho de 2025

matrícula

disse a mesmíssima poeta,
aquella que lee en su horizonte bello:
“los números para los días,
los nombres pa’ las personas”

e o que me detona, no fundo do peito,
é uma bomba de poesia
para respirar na asma do smog.
num mundo sem jeito,
descuajeringado,
las personas ya no son lo de al lado,

mas um cpf, um cnpj,
un recuerdo alado de ícaro
um nariz entupido de ácaro…
y una resistencia ante la total derrota
aquela que por dentro nos consome,
é chamar as pessoas pelo nome,
y que los números se conviertan en palabras

Igor Ravasco

quinta-feira, 3 de julho de 2025

desapp

meus livros arremessados
tirados de los estantes,
en un instante,
jogados no chão
por um terremoto multicor,
que me lembram
que a vida é analógica
y no hay aplicación
que reemplace la emoción
de un abrazo analógico,
de una charla cara a cara,
dessa emoção rara
que é se entregar ao não saber

Igor Ravasco

sábado, 28 de junho de 2025

star

     la escritora lee,
     se pregunta - a ella o a mí -
     y escribe:

“quantos universos cabem em ‘estou’?”
gosto mais de estar do que de ser,
o transitório, o não monolítico,
     vivirse a sí con un senso crítico,
     descubrir a como sabe el sinsentido,

o sabor de estar,
inclusive o de estar sendo.

Igor Ravasco

quinta-feira, 26 de junho de 2025

para susana

é mais um de tantos causos
que se contam neste cabo...
y este es de una cabista uruguaya,
hoy canosa,
que camina no tan lentamente,
apoyada en su bastón,
e que por aqui aportou, épica,
em outra época.
nos trouxe sua música - el canto -
la risa que se entremezcla al llanto,
com sua fala que baila entre línguas,
portunhol sendo bom cabistês.
amo ver susana sonhando, fazendo,
essa jovem de 80, melodía encarnada -
marearte na pele e na voz,
tan enamorada de lo que hace,
que no importa si susana casó... o no

Igor Ravasco

quarta-feira, 25 de junho de 2025

ressalga

a praia dos anjos e seu mar pacífico
não tem tradução,
     no es playa de los ángeles,
embora los angeles tenha as suas
     con vistas al pacífico norte.
na querida, carriço, bancário, político -
poeta - morou até a sua morte.
carriço junior, profesor, anfibio, artista,
     vive en sus calles, nada en sus aguas,
     fue concebido en sus piedras,

e se inspira na sua ressalga,
em um movimento elástico,
     donde lo estético no es apenas plástico,
não é barulho, é marulho,
marejada ancestral que mareja os olhos.

Igor Ravasco

quarta-feira, 18 de junho de 2025

fome/hambre

tenho fome de viver,
de saborear o que vivo
colado no céu da boca,
siento esa hambre loca,
las ganas de ganarme el cielo
y en alto vuelo tocarlo con las manos.
(a pleno…) com meus planos,
receita secreta.
quero o amargo de um chocolate,
a vida folhada como um croassã,
una media luna con dulce de leche,
que se morde com total deleite.
quero o salgado e o doce,
o agridoce e o azedo,
quiero vivir sin miedo,
comendo o hoje
para brindar el después.

Igor Ravasco


sexta-feira, 13 de junho de 2025

voces

tu voz en mí
y mi voz en vos,

        não somos um,
        somos dois...
pero tu voz en mí
y mi voz en vos

        é uníssono
        em tom maior

Igor Ravasco

mar y asfalto

con su marea alta
y los destrozos de ayer,
com o mar lambendo a azaração,
e o meu corpo fincado na areia molhada,
sem poder mergulhar -
así conocí el mar y su fúria,
sus dioses impartiendo justicia,
e vivi ressacas na praia grande.
de donde salí para otros aires,
com a sua maré de buzinas,
miles de personas sin verse,
e  a solidão,
que te lambe como uma onda
durante una resaca
um domingo de manhã

Igor Ravasco


quinta-feira, 12 de junho de 2025

sou o que soy

                     sou mestiço,
                     fruto do sim e do não,
                     sou afroameríndioeuropeu,
                     cristão, umbandista, judeu
                     ateu nas horas vagas - 
y poeta,
que es pa' soportar los dolores
de mis venas abiertas,
y festejar los colores

                     da minha existência.
                     tenho forró no pulso,
y el impulso de la mpb en mi cerebro,
                     e celebro o samba
                     e o tango que trago no peito.
mi corazón es chico,
repique y piano,

                     e o meu plano é ser um afoxé
                     numa ladeira divina de salvador

Igor Ravasco

ojo

a palavra que não diz,
          la que no dice,
a que não disse,
          la palabra que no dijo,
          ojo,
          es vacía, es ruido,

é vazia de sentido
e me esvazia,
roubando meu ar.

Igor Ravasco

terça-feira, 10 de junho de 2025

partição

sou o real e o fake,
o cérebro natural,
o app artificial que consulto,
sou o adúltero e o adulto,
          el personaje que actúa
          y la persona que actúa,
a mentira nua, y la verdad burda,
sou a vontade absurda de berrar.
          tengo un rompecabezas
          armado en mi cabeza,
          tal vez lo desarme

no formato de versos

Igor Ravasco

domingo, 8 de junho de 2025

claroscuro

não há teto que me cubra
nem chão que me dê base,
     ni secreto tan secreto
     que yo descubra,
     pero que no me atraviese.
há ninhos nos galhos
     y ganas de niño de trepar.
queria ser silencioso, cauteloso,
criar imagens, guardar palavras,
quisiera não rasgar a alma, já rasgada,
pois sei que não há pressa
nem pressão.
     mientras dure el mientras tanto,
     camino, me lleno de encanto
     y me miento con ese mientras
     y disimulo uno que otro llanto...
     labro, pulo, laburo,
     gestiono un gesto medio oscuro,
sem culpa, sim, sem cúmplice...
comendo minhas vontades
     con alguna indigestión

Igor Ravasco

domingo, 1 de junho de 2025

para Gaza

                 me siento con la cabeza
                 entre las manos...
                 me siento mal
                 veo el mal, lo huelo.
                 no hay gasa para Gaza,
                 no hay risa,
                 no hay prisa
                 por defender la vida
                 que se muere todos los días,
                 como en La Matanza,
ou na Cidade de Deus.
onde está Deus?
não há gaze para Gaza,
não há riso,
há barbárie...
me sento com a cabeça
entre as mãos
me sinto mal... e choro.

Igor Ravasco

quinta-feira, 29 de maio de 2025

ciranda

não foi lia quem me deu essa ciranda,
nem nunca fui a Itamaracá...
              mas ciranda, cirandinha,
              vamos todos cirandar,
              dou meia volta, volta e meia,
              mesmo sem saber dançar.

e o que eu leio, o que eu lia,
o que eu vivi e vivo
influencia no que eu penso,
sinto, sofro e amo.
meu passado, meu presente
                                          e minha história,
              não são apenas memória,
mas o caminho em percurso
                                    nessa brincadeira de roda

Igor Ravasco

domingo, 25 de maio de 2025

qual é o fim?

a viagem finda
no preciso instante
em que a música termina.
momento precioso
              de carta jogada,
              de verso concluído
que preço algum poderá precisar.
                                          (adeus Araribóia,
                                          foi um prazer conhecê-lo.)
não luto contra o luto,
as cartas são sempre as mesmas,
mas os jogos e as regras diferem,
                            algumas acariciam,
                            enquanto outras ferem...

desembaralho,
                            pra voltar a embaralhar

Igor Ravasco

segunda-feira, 19 de maio de 2025

curta!

qual é o sentido da vida?
                             nenhum.
e o sentido da minha vida?
só eu posso responder,
                                 escolher, 
sem mentir pra mim mesmo,
em silêncio, em voz alta,
(em minúscula,
                           EM CAIXA ALTA...) 
esse sem sentido de todo dia
onde luto,
que eu curto, e compartilho, 
aprendendo a relaxar, 
a abrir esperto o espartilho....
                      até a hora de sair de cena...
                    
                    a vida é curta para ser pequena

Igor Ravasco 

sexta-feira, 16 de maio de 2025

mar e azeite

aquele menino de dezesseis
é baixo, é grande, tem medo
e ama,
talvez por primeira vez,
com cheiro de pão
e quiabo com carne seca.
aquele de dezessete
até tenta não fazer
o que o de dezoito fará,
descortinando um horizonte,
nem sempre belo.
aqueles jovens de vinte e nove
ou vinte e três, de trinta e cinco
ou de quarenta e dois, 
que nem sempre foram amados, 
nem sempre amaram, 
precisam de amparo, 
de um colo, de um conselho tardio, 
deste adulto de cinquenta, 
nessa estrada dos muitos eus

Igor Ravasco

quarta-feira, 14 de maio de 2025

trinca

na torre,
trança e transa são dilema,
                    dança ou tranca...


placebo, placenta, plateia...
                    uma tarântula ateia
caça lenta e inevitável.

tanta asa-branca,
tanto tantra, tanto mantra
                            cantado por baleia franca...

        (não sei limpar polvos.)

        e me pergunto:
quanta vida cabe
quando a vida acaba?

Igor Ravasco

domingo, 4 de maio de 2025

"more"

amar é a maré
que se enche e se esvazia
no pulsar do mar.

            maravilha, maravida,

a alma artesã de uma arte sã,
estrela desamarrada...

amar é oceano e estrada,
            
                   o caminho de volta para aldebaran

Igor Ravasco

sábado, 26 de abril de 2025

tempo

a hora que passa devagar
e a hora que passa rápido
duram os mesmos sessenta minutos,
e cada minuto sessenta segundos,
nesse tempo que voa
ou nessa hora que não passa mais.
tempo é número e palavra,
tempo é matemática e língua
e nem sempre se mede,
mas se sente e mais se vive.
o tempo se experiencia...
(experiência própria),
vivência tão pessoal,
onde só nos cabe pulsar.

Igor Ravasco

quarta-feira, 16 de abril de 2025

panapanã

quis caçar palavras
como quem caça borboletas,
mas borboletas não se caçam,
e o caça-palavras deveria ser
somente um jogo.
escrever não é um jugo,
viver não é um jugo,
e quem vive assim, não julgo,
mas a vida, pra mim,
é um “jugo”, um suco, em espanhol,
que deve ser saboreado lentamente.
quis caçar palavras
como quem caça borboletas,
mas borboletas não se caçam...

sua beleza é proporcional à sua liberdade.

Igor Ravasco

sexta-feira, 11 de abril de 2025

trilha sonora

é no silêncio que me ouço, 
como alguém que ouve
o que houve ou o que há, 
que relê o não reles bê-á-bá... 
é no silêncio que me escuto, 
que escrevo escritos silentes, 
salientes, 
sem lentes de aumento, 
excelentes pra não falar 
o que já estou dizendo...

sou alguém que está sendo
na senda do silêncio musical. 

Igor Ravasco 

terça-feira, 8 de abril de 2025

abrindo abril

a folha em branco,
a mente em branco,
as letras pretas
dançando diante
dos meus olhos castanhos...
não tenho tantas pretensões
mas às vezes sou pretensioso.
não falo latim nem grego,
não sei a arte da matemática,
sou um professor de língua
que dispensa a gramática
e suas normas,
e minhas normas,
pensando em suas formas...
a folha em branco,
a mente imensa...
amor, acenda um incenso, por favor.

Igor Ravasco

sexta-feira, 28 de março de 2025

por meio da linguagem

palavra, tu és...
és pura, espúria,
escura, és cura,
és espuma,
estrutura,
escultura... 
palavra, tu és fúria,
e se esfuma
como escuna
no espaço
que a vista alcança

Igor Ravasco 

quinta-feira, 20 de março de 2025

desolação

o ser humano, tão parte da natureza
quanto uma árvore, uma águia ou uma ameba
se sente separado dela
e se guia pela dualidade.
não vê que destruir a natureza
não é um crime, mas um suicídio.
que mundo deixarei a meu filho?
em que mundo queimarei
em verões sufocantes?
em que momento nos insensibilizamos
diante do sofrimento do outro,
que também somos nós?
por acaso o choro das crianças em gaza
é menos importante do que o choro
nos campos de concentração
da segunda guerra ou em todas as guerras?
o que não deixa dormir direito
é o cansaço de não me entregar ao pessimismo.
não verei um mundo melhor,
não deixarei a meu filho um mundo melhor,
só posso deixar a esperança.
essa que luto todos os dias para não perder.

Igor Ravasco

domingo, 16 de março de 2025

no bico

o que me distrai me destrói
se não for feito com consciência.
piloto automático
ou ponto morto,
o anestesiado não está absorto
em seus pensamentos.
quando rasgaremos as camisas de força
(auto)impostas pela alienação?

                    nunca existirá na farmacologia
                    um remédio contra a separatividade.

sou beija-flor levando água no bico
pra apagar uns incêndios.

Igor Ravasco

quinta-feira, 6 de março de 2025

o que é um poema?

talvez se eu disser que isto
não é um poema, você leia este texto
como receita ou prova de química.
mas se eu disser que é um poema,
“algodão,
caneta,
ovo de páscoa
e papel higiênico”,
deixam de ser palavras de uma lista
(bastante aleatória) de supermercado,
e é poesia, lida e interpretada
por “olhos-de-ler-poesia”
e que o leitor interprete o que puder,
pois a brincadeira por trás do texto
é uma senha na mão de poucos...
bicicleta, oito anos, voltas pelo labirinto,
desafio, memória, história... poema...
que não era, mas agora é.

Igor Ravasco


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

perdão

se errei te peço perdão...
não!
não funciona assim.             
mas...
porque errei,
e reconheço meu erro,
e não me vanglorio,
e sei o mal que causei,
peço perdão,
sem falsa humildade,
sem botar nos outros a culpa
ou a responsabilidade,
sem achar que, no fundo, tenho razão...
pois não tenho.

Igor Ravasco

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

estimação

não são milímetros
nem quilômetros,
não são centímetros
o que mede o sentimento.
uma relação fria, uma relação plena,
sólida, tóxica, pura... 
relações não se medem com trena.
também há ausência na presença.
ou plenitude na lonjura.
o que distancia não é a distância,
o que separa é a indiferença

Igor Ravasco

sábado, 8 de fevereiro de 2025

saudadear

saudade não é sensação,
é ação, é aperto.
saudade é deserto,
e, decerto, também oásis.
saudade não é miragem,
é imagem da realidade,
experiência concreta,
não um sentir.
então,
não sinto saudade de você,
mas te saudadeio,
e espero o dia em que fui,
ou você veio,
pra dessaudadearmos, enfim

Igor Ravasco 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

naturezo

sou um fenômeno,
um fenômeno da natureza,
um fenômeno complexo,
um ser multicelular complexo,
não dissociado do meio ambiente.
e ao mesmo tempo que sou único,
        irrepetível,
sou parte de um todo indissociável,
sou um com o um,
        comum.
sou eco e ressonância,
conhecimento e ignorância,
sou ego, não nego...

mas me descubro rio desaguando no mar

Igor Ravasco

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

sendo-canção

quando eu morrer,

quero reencarnar em melodia,

em música e letra,

quero tocar no rádio, 

em todas as plataformas,

quero ter forma de som.


quero ser escrito e composto, 

por alguém de santo, 

de terreiro, 

que se dedique por inteiro, 

e incorpore Gilberto Gil. 

serei canção de Gil, 

de Gilberto, 

que é mais que um mestre, 

ou poeta, 

Gilberto Passos profeta, 

o primeiro orixá do Brasil 


Igor Ravasco 




quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

titã

cansei das metáforas,
mas das contradições
sou amigo há tempos,
dá trabalho ser apenas um,
no meio de tanta dualidade
que criamos.
e se o ser é e não é,
sou isto e aquilo,
polos complementares
que não se excluem.

        o que admiro e critico no outro
        fala mais de mim do que dele

Igor Ravasco

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

antena

o que vivo, o que escrevo,
o que penso, sinto, vejo, leio,
faz uma pirueta
descrevendo uma parábola.
e eu, parabólica,
que não escreve parábolas,
mas poemas,
que nada mais são
que receitas de pudim,
digo do mundo,
falo de mim,
como todos fazem...
alguns sentados na porta
outros debruçados na janela,
nas salas de espera,
à espera das palavras
que nos façam falar

Igor Ravasco

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

es-prema

o momento nem sempre precioso
do imprevisto,
é a chave de que nem tudo é preciso,
e de que por mais que eu precise
de previsibilidade,
o impreciso da vida se impõe,
sem preço, sem prece,
às vezes com pressa e imperícia,
prensado na pele
impresso em palavras em times new roman 12.
pedras no caminho, flores com espinho,
nem tudo é tão bom, nem tudo é tão ruim,
talvez nem tudo tenha um fim
e o início da vida invadindo os pulmões
é a continuidade de um mistério,
um momento precioso
acertado na mosca com precisão.

Igor Ravasco

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Maiúsculas

Eu não tenho medo das maiúsculas,
acolho as maiúsculas
com o carinho
que tive pelas minúsculas para ser,
para sobreviver.
Sou um Eu maiúsculo,
e abraço e afago o minúsculo que fui,
pois cresço, adulteço,
e me maiúsculo no momento exato
em que o sapato aperta.
Sou Igor, sou Deus, sou Consciência.
Sou Humano, Cabista, Portenho,
sou a Impaciência, sou a Fome
e a Espera, o Manso e a Fera,
botando pra fora a Raiva
que também habita em mim.

Igor Ravasco

domingo, 12 de janeiro de 2025

manualidade

a vida é o que é,
a vida é o que há,
viver é artesanal,
arte humana, manual,
sem manuais de instrução.

ser sábio não é ser instruído,
amar não é falar de amor,
e o cuidado está no que se faz,
não na intenção.

sou artesão,
com tesão na arte,
pois a vida é o que é,
pé ante pé.
a vida é o que há
de triste e de bonito,
de calmaria e de atrito...

        viver é artesanato
        que leva uma vida pra ficar pronto

Igor Ravasco

sábado, 11 de janeiro de 2025

mascarados

usamos máscaras
diante das câmeras
e dos olhos que nos encaram.
usamos máscaras diante do espelho,
pra não encaramos nossos olhos,
e damos tapinhas nas nossas costas
apenas pra fugirmos de nós mesmos...

              evitamos o autoconhecimento,
              esse caminho sem volta,

porque quando acontece
o movimento de acontecer,
o tecido que se tece
cai na conta de se ser
sujeito de si...
              seguro de sua singularidade.

Igor Ravasco

sábado, 4 de janeiro de 2025

humanidade

mais que meus pensamentos, 
minha linguagem, minha abstração,
minha capacidade de fazer arte
e meu dedão opositor,
são minhas contradições
que me fazem humano,
humano demasiado humano.
são minhas contradições
e a consciência dos meus erros
que me fazem homem... 
sem culpas que consomem, 
quando a gente se perdoa, 
e aprende o que antes perdia, 
quando não se perdeu
e pediu perdão... 
aí me descubro doce e insensível, 
carinhoso, teimoso, insubstituível, 
manso, amoroso e insuportável 

Igor Ravasco 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

50

cinquento com o mesmo gosto
de quem um dia quarentou.
já trintei, já vintei,
destrinchei caminhos
encontrei meus passos,
e abraço minha sombra,
com a mesma importância
que me ilumino na minha luz.
cinquento com um gosto pela vida,
essa única que tenho,
que sinto, que pulso, que vivo...
esse não sei fantástico
que acontece a cada respiração

Igor Ravasco