quinta-feira, 20 de março de 2025

desolação

o ser humano, tão parte da natureza
quanto uma árvore, uma águia ou uma ameba
se sente separado dela
e se guia pela dualidade.
não vê que destruir a natureza
não é um crime, mas um suicídio.
que mundo deixarei a meu filho?
em que mundo queimarei
em verões sufocantes?
em que momento nos insensibilizamos
diante do sofrimento do outro,
que também somos nós?
por acaso o choro das crianças em gaza
é menos importante do que o choro
nos campos de concentração
da segunda guerra ou em todas as guerras?
o que não deixa dormir direito
é o cansaço de não me entregar ao pessimismo.
não verei um mundo melhor,
não deixarei a meu filho um mundo melhor,
só posso deixar a esperança.
essa que luto todos os dias para não perder.

Igor Ravasco