a paz só é possível
quando se doma o ego,
quando se engole o orgulho,
e podemos nos orgulhar
da paz conquistada.
eu sou o outro
que também é eu.
mas o ódio é um negócio,
a guerra é o seu sócio,
e o mais lucrativo
é atacar o inimigo,
onde eu sou eu
e o outro é aquele
que deve ser morto por mim.
I.R.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
quinta-feira, 26 de junho de 2014
de roupa nova
Foto: Thiago Paulino
importa o que vestimos ou quem somos?
(da porta para fora e da porta para dentro)
talvez eu não tenha bolsos,
mas em minhas bolsas carrego
só aquilo que decido carregar.
o que expresso entre falas e farsas
não são ideias falsas,
talvez nem sejam ideias,
mas fragmentos de liberdade,
toda a liberdade que me permito me permitir.
I.R.
segunda-feira, 23 de junho de 2014
irrigando
Foto: Laura Mexia
mas não por um fio,
minha sombra faz malabarismos,
em um mundo de ponta cabeça.
meu cérebro se pendura
como morcego,
numa barra de desassossego...
mas eu, de cabelo em pé,
sei que mais do que fé
é preciso saber brincar.
I.R.
domingo, 22 de junho de 2014
uhuuuuuuu!!!!!!
Foto: Eduardo Yousef Haddad Ribeiro
vamos juntos na aventura
onde só emoção nos sobra,
vamos juntos na manobra,
velozes e contra o vento,
transbordando sentimento,
que ninguém já nos segura.
não há forma que nos prenda,
nem rima que nos segure.
nossas rédeas estão soltas
ao sabor da adrenalina...
vida correndo na veia,
tão humana e tão divina.
I.R.
quinta-feira, 19 de junho de 2014
sobre portas e luzes
Foto: Laura Mexia
se você tem certeza
de que já percorreu tudo
ou que o caminho chegou ao fim,
de que a porta aberta é um prêmio,
e a luz, uma espécie de salvação,
você está morto.
andar pelo quarto escuro, tateando,
achar a maçaneta e abrir a porta,
e parar diante do novo,
é descobrir um novo caminho,
talvez uma nova porta
que ainda não vemos
pelo impacto de tanta luz.
I.R.
quarta-feira, 18 de junho de 2014
alguma arte
Foto: Fernando Dassan
minhas mãos de papel
imaginam que lhe dão flores de pedra.
meu olhar matte, fosco,
vê nos seus olhos pétreos
a beleza congelada de um momento
diferente do meu.
meu instante é fugaz.
serei arrancado ou coberto,
durarei poucos dias,
enquanto você continuará,
com as flores na mão,
sentindo o vento, a chuva,
o sol, a erosão,
até que um dia, não sei.
tentei lhe entregar um poema de amor.
talvez meu amor, talvez meus poemas
sejam um flash ou um golpe de cinzel.
não há nisso um juízo de valor,
o valor não está no material
com o que somos feitos,
o valor está no jeito que damos
para sermos pelo tempo que f(l)or.
I.R.
segunda-feira, 16 de junho de 2014
de ventos e âncoras
Foto: Cynthia Dorneles
não acredito na coerência imutável,
estática,
pois a coerência que é sempre coerente
é aquela que não se pensa,
que não reflete,
que nem se permite errar.
acredito na ginga,
na mobilidade,
na coerência às vezes incoerente,
que se equivoca,
mas que não provoca um adversário,
brinca, joga,
pensa com um oponente.
ao som de um berimbau,
não mágico, mas real,
analiso minhas contradições,
revejo minhas opiniões,
me contradigo,
me cambalhoto,
me reinvento ao sabor do vento,
ou das âncoras que já joguei.
I.R.
sexta-feira, 13 de junho de 2014
dois para quatro
é nas diferenças,
não nas semelhanças,
que encontramos nosso encaixe.
não se busca um ponto de apoio,
mas um apoio mútuo,
um ombro a ombro,
nascido de um cara a cara.
na semelhança tudo são flores,
na diferença duram os amores
de uma estrada dura,
amaciada no calor do dia a dia.
I.R.
não nas semelhanças,
que encontramos nosso encaixe.
não se busca um ponto de apoio,
mas um apoio mútuo,
um ombro a ombro,
nascido de um cara a cara.
na semelhança tudo são flores,
na diferença duram os amores
de uma estrada dura,
amaciada no calor do dia a dia.
I.R.
quarta-feira, 11 de junho de 2014
maranha
Foto: Mariza Versiani Formaggini
de linha e sombra estamos feitos,
e se defeitos nos sobram
ou se estamos emaranhados,
é porque gostamos de improvisar.
I.R.
terça-feira, 10 de junho de 2014
fábrica de florestas
Foto: Rejane Dominguez
edifícios não são plantados,
mas é difícil que parem de crescer
e de se reproduzir,
como se suas sementes
fossem levadas pelo vento.
concretamente,
o concreto se solidifica
diante de nossos olhos
que antes podia olhar o horizonte.
a selva de pedra nos cerca,
e como cerca que odeia,
nos rodeia quase sem deixar opção.
o céu ainda nos cobre,
mas o torcicolo,
talvez nos plante no solo,
com raízes de vergalhão.
I.R.
domingo, 8 de junho de 2014
interessantes
Foto: Christian Lohn
não pode ser superficial,
passageiro,
mas duradouro,
enquanto seres pensantes.
o que nos torna sugestivos,
não é a sugestão
do que pensam que somos,
mas o tempero que temos,
o ardor que causamos
na mente desperta
de quem se aproxima de nós.
I.R.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
pescador de nuvens
Foto: Antonio Manuel Pinto Silva
jogo a linha...
na ponta do anzol,
um raio de sol
e um verso.
guardei algum,
para quando me disperso
ou não me despeço
de um eu que não se foi,
ou de alguém que não fui
(talvez ainda.)
pesco nuvens
que se desfazem entre meus medos,
desarmadas pelos meus dedos...
mas pesco,
mesmo com a instabilidade das águas
e a insegurança dos ventos,
pesco.
porque pescar não é sorte,
é esforço,
e o único remorso depois da morte
é não jogar a linha.
I.R.
segunda-feira, 2 de junho de 2014
la libertad
la libertad no viene en fórmula
o en blister,
no se encuentra en la biblioteca
o en la góndola del chino
o de farmacity.
la libertad no se caza, no se pesca,
no se define.
no está en la filcar,
en la guia t o en el gps
pero se busca, se encuentra, se pierde,
se vive.
todo lo que yo diga o escriba
acerca de la libertad
está aprisionado por los contornos
de las letras, el sonido de los fonemas,
las formas de las palabras...
la libertad es. y en ella somos.
I.R.
o en blister,
no se encuentra en la biblioteca
o en la góndola del chino
o de farmacity.
la libertad no se caza, no se pesca,
no se define.
no está en la filcar,
en la guia t o en el gps
pero se busca, se encuentra, se pierde,
se vive.
todo lo que yo diga o escriba
acerca de la libertad
está aprisionado por los contornos
de las letras, el sonido de los fonemas,
las formas de las palabras...
la libertad es. y en ella somos.
I.R.
domingo, 1 de junho de 2014
no passo
Foto: Julieta Grandio Orzechovski
não peço um desejo.
quando sopro a vela candente
depois do feliz aniversário,
não penso num pedido
nem peço desejo algum.
mas quando passa um trem,
trabalho para não ter trilhos estritos
nem túneis estreitos,
e me comprometo com a carga,
sem prometer a descarga
para a próxima estação.
I.R.
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