quinta-feira, 5 de junho de 2014

pescador de nuvens

Foto: Antonio Manuel Pinto Silva

jogo a linha...
na ponta do anzol,
um raio de sol
e um verso.
guardei algum,
para quando me disperso
ou não me despeço
de um eu que não se foi,
ou de alguém que não fui
(talvez ainda.)

pesco nuvens
que se desfazem entre meus medos,
desarmadas pelos meus dedos...
mas pesco,
mesmo com a instabilidade das águas
e a insegurança dos ventos,
pesco.
porque pescar não é sorte,
é esforço,
e o único remorso depois da morte
é não jogar a linha.

I.R.