quarta-feira, 18 de junho de 2014

alguma arte

Foto: Fernando Dassan

minhas mãos de papel
imaginam que lhe dão flores de pedra.
meu olhar matte, fosco,
vê nos seus olhos pétreos
a beleza congelada de um momento
diferente do meu.
meu instante é fugaz.
serei arrancado ou coberto,
durarei poucos dias,
enquanto você continuará,
com as flores na mão,
sentindo o vento, a chuva,
o sol, a erosão,
até que um dia, não sei.

tentei lhe entregar um poema de amor.
talvez meu amor, talvez meus poemas
sejam um flash ou um golpe de cinzel.
não há nisso um juízo de valor,
o valor não está no material
com o que somos feitos,
o valor está no jeito que damos
para sermos pelo tempo que f(l)or.

I.R.