não quero voltar aos vinte
e ter certeza de tudo
e ser bom em quase tudo
tendo todo o mundo,
toda a vida, pela frente
não quero voltar aos vinte
e ser um gênio
e ser poeta
tendo todos os versos,
todas as rimas, pra escrever
não quero voltar nem ter vinte
não agora que as certezas são dúvidas
e que sei não ser poeta
nem gênio, nem grande
sou quase nada
e isso não me torna um ser especial
nem faz de mim um escolhido
sou poeira cósmica no universo
pronto para ser varrido
e se de mim se sabe quase nada
se sabe muito, se conhece a minha essência,
ainda mais se a sobrevivência for o meio
e a felicidade a parada final
aos trinta e meio
sei que não sei, que não vivi
sei que não vejo, nem conheci
sei que falta
sei que bato na trave, bato na porta
sei que sou quase
I.R.