sábado, 25 de abril de 2009

Ofício, obsessão, repetição ou vício

Dizer-se com a mente em branco e sem inspiração ou assunto para pôr no papel ou no blog é um lugar comum entre os que escrevem. O que talvez ninguém perceba é que repetir-se também é.

Constantemente nos repetimos, reeditamos ideias. Muitas vezes mudamos o ângulo de visão, é verdade, mas batemos nas mesmas teclas como forma de afirmação, autoconvencimento, problemas psicológicos, obsessão ou real falta do que escrever.

Talvez seja isso o que marca a consistência de uma obra. Acontece que não tenho uma obra, e se tenho, deve ter sido embargada desde o início e ainda não me disseram que trâmites tenho de fazer para autorizá-la. Então, se não tenho uma obra, por que também me vejo, me leio, repetido, autocopiado?

Bem, com certeza é melhor autocopiar-se do que plagiar, e muito melhor do que copiar e colar, prática comum entre escritores ou pseudo-escritores atuais. E se a repetição de ideias, a reedição de temas, o voltar uma e outra vez ao já discutido, mexido e remexido, servir para acrescentar pelo menos um quase nada, pode ser que já tenha valido à pena.

Eu tenho os meus assuntos preferidos. Não pretendo enumerá-los. Não tenho motivos para dizer quais são nem para fazer uma autoanálise. De vez em quando uma autocrítica e olhe lá.

Repito, não tenho uma obra, mas não acredito na crítica feita pelo mesmo que escreve. Acredito, sim, que escrever não é para todos. Eu não sei fazer um armário de madeira, com um trabalho delicado de decoração nas portas. Eu não sei fazer uma instalação elétrica. Eu não posso jogar nem 5 minutos de uma partida de futebol. Por que todo mundo poderia fazer um poema? Por que somos todos escritores, se não somos todos marceneiros, carpinteiros, eletricistas ou jogadores de futebol?

Tenho minhas obsessões. Tenho minhas reservas. Tenho vontade de não terminar esse texto ou que ele se autotemine e se autodestrua em 5 segundos.

I.R.