sábado, 29 de abril de 2023

sensorial

não tenho os pés sobre o chão,
meu corpo voa,
e a palavra que ecoa,
se acelera. 
mar, céu e terra unidos 
ao perder-se no horizonte. 
um belo horizonte que chega, 
um passado que se transforma, 
tatuagens feitas sobre cicatrizes, 
outras marcas, novas diretrizes... 
é preciso viver o presente.
saudade do teu abraço no meu

I.R.

quinta-feira, 20 de abril de 2023

palavreado

meta fora,
não é uma metáfora,
mas uma contradição.
paradoxo complexo,
amplexo entre significante e significado,
e a necessidade de um dicionário.
poemas simples eu prefiro,
porque quem com infiro fere,
com te interfiro será ferido.

I.R

sexta-feira, 14 de abril de 2023

resumindo

é preciso estar atento,
o verso chega como o vento sudoeste,
como um amor agreste,
no reverso de um poema
que pretendia ser de dor.
mas nesse vira e gira o mundo,
a alegria de um eu profundo
é a alegoria da existência,
o berço do bebê que nos habita,
que grita e chora de fome
da palavra que se respira
e que se come,
do universo numa casca de noz

I.R.


domingo, 9 de abril de 2023

texto

eu entrevia
que entre as vias da minha vida
havia uma entrelinha,
um subtexto,
um pretexto de estrelinha do mar
querendo estrelar a existência. 
resistência ao astrolábio, 
lábios, sem seguir uma linha, 
náufrago num oceano
que intervinha pra me trazer ao porto,
absorto do caos, poeta do cais, 
abraçando uma vida sem céus...

I.R.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

dialógico

relacionamentos não têm manual,
não tem receita,
é um se dá, se recua,
se recusa, se doa, se troca,
se experimenta
com carinho e com desfeita,
é um eu e um tu,
verdade com verdade,
alinhadas na liberdade do encontro.
relacionamentos não têm manual,
têm palavras, têm presença,
têm o mistério da conexão,
a força descomunal de um abraço
e a alegria singela de um cafuné

D.d.N. e I.R.

segunda-feira, 3 de abril de 2023

fora da caixa

conchinha do mar,
como caixinha de surpresa,
que testa a paciência
e os níveis de ansiedade.
conchinha com texto,
contexto de liberdade,
textura de livre-arbítrio,
que empresta à comoção
uma contextura física e emocional...
como um confeito feito à mão,
confete e serpentina,
serpente e adrenalina,
conchinha do maremoto,
do caos e do carnaval

I.R.

sábado, 1 de abril de 2023

contratempo

a areia que escorre,
a sombra que se projeta,
o tic-tac,
metrônomo que marca o ritmo,
põem tempero no meu tempurá.
tempo que passa,
que se gasta, que se gosta,
temperatura alta de outono
como pimenta ardida...
viver, às vezes,
é atravessar o compasso,
e improvisar na batida,
ex-mandamentos,
um andamento que não volta atrás

I.R.