como traduzir em palavras
o tamanho de uma saudade?
se já é difícil explicá-la como conceito,
como sentimento...
como medi-la
ou que parâmetros usar?
talvez usando a única medida possível,
a medida da própria saudade.
e minha saudade não se mede só em tempo,
também se mede em distância
e em metros acima do nível do mar.
I.R.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
há uma palavra
há uma palavra que leio
e escuto sempre
e vejo gente que a defende
e a exibe com orgulho.
mas as pessoas são tantas e
tão variadas
que essa palavra se transforma em muitas
e o que antes parecia um
agora parecem muitos.
e já não sei o que leio
e o que escuto,
ou por que as pessoas se orgulham
de algo vazio
e o exibem entre os dentes,
como se de uma faca se tratasse.
prontos para a guerra.
há uma palavra que leio
e escuto sempre,
mas na boca de muita gente
é substantivo, não é verbo.
não tem ação,
não tem razão (de ser),
não é ser,
e não está onde está,
pois não estamos onde
o verbo nos convida a estar.
há uma palavra que leio
e escuto sempre.
I.R.
e escuto sempre
e vejo gente que a defende
e a exibe com orgulho.
mas as pessoas são tantas e
tão variadas
que essa palavra se transforma em muitas
e o que antes parecia um
agora parecem muitos.
e já não sei o que leio
e o que escuto,
ou por que as pessoas se orgulham
de algo vazio
e o exibem entre os dentes,
como se de uma faca se tratasse.
prontos para a guerra.
há uma palavra que leio
e escuto sempre,
mas na boca de muita gente
é substantivo, não é verbo.
não tem ação,
não tem razão (de ser),
não é ser,
e não está onde está,
pois não estamos onde
o verbo nos convida a estar.
há uma palavra que leio
e escuto sempre.
I.R.
sábado, 26 de novembro de 2011
rastro
o que resta quando
sentimos o resto do sopro
no fundo do copo d'água
na beirada da janela entreaberta
por onde entra uma réstia de luz?
resta o rosto do outro
olhando no fundo dos meus olhos rasteiros
esperando me encontrar aí.
I.R.
sentimos o resto do sopro
no fundo do copo d'água
na beirada da janela entreaberta
por onde entra uma réstia de luz?
resta o rosto do outro
olhando no fundo dos meus olhos rasteiros
esperando me encontrar aí.
I.R.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
longo caminho
não sou aquilo que tenho,
nem também o que perdi.
e se tenho algo,
procuro sentir que o que tenho
passa.
e se passa, não posso ser
o que tenho.
porque de fato, se tenho,
não quero ter,
quero só sentir que tudo me é dado
por empréstimo.
I.R.
nem também o que perdi.
e se tenho algo,
procuro sentir que o que tenho
passa.
e se passa, não posso ser
o que tenho.
porque de fato, se tenho,
não quero ter,
quero só sentir que tudo me é dado
por empréstimo.
I.R.
domingo, 20 de novembro de 2011
naturalmente
nada, nunca
nem ninguém,
notou a nuca negra
na nesga da nuvem.
nem mesmo eu,
no momento de nascer,
notei a novidade
e nasci nômade,
navegando noite afora
I.R.
nem ninguém,
notou a nuca negra
na nesga da nuvem.
nem mesmo eu,
no momento de nascer,
notei a novidade
e nasci nômade,
navegando noite afora
I.R.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
o que sente
e num ato de paixão extrema
ponho as mãos no meu peito
rasgo a minha pele
e lhe mostro como meu coração
bate, vermelho e intenso por você
e...
para!
para tudo,
paro tudo,
pois não escrevo coisas assim.
meus arroubos são medidos
e minha intensidade
não tem esse tipo de expressão.
uso a razão e o verso quase em prosa.
converso com quem me lê,
dialogo,
pergunto e planto a dúvida.
mas sei que
num ato de paixão extrema
rasgo a minha pele
e sinto o que sinto
só que não me interessa escrever aqui.
I.R.
ponho as mãos no meu peito
rasgo a minha pele
e lhe mostro como meu coração
bate, vermelho e intenso por você
e...
para!
para tudo,
paro tudo,
pois não escrevo coisas assim.
meus arroubos são medidos
e minha intensidade
não tem esse tipo de expressão.
uso a razão e o verso quase em prosa.
converso com quem me lê,
dialogo,
pergunto e planto a dúvida.
mas sei que
num ato de paixão extrema
rasgo a minha pele
e sinto o que sinto
só que não me interessa escrever aqui.
I.R.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
diálogo
o difícil em qualquer relação
é ver no outro um ser.
coisificamos os outros
e transformamos as coisas em deuses,
num mundo onde deus não existe.
mantemos monólogos caiados de diálogo,
tecemos discursos de oratória vazia
pronunciados na frente dos espelhos
trancamos nossos ouvidos para o outro,
fechamos nossos olhos,
e dizemos que deus está morto,
e é verdade que está morto.
pois o matamos
porque qualquer deus só renasce
ou existe,
no contato com o outro.
no monólogo deus está morto,
apenas no diálogo podemos
dizer que existe uma força
que entre muitos nomes
podemos também
(ou até podemos)
chamar de deus.
I.R.
é ver no outro um ser.
coisificamos os outros
e transformamos as coisas em deuses,
num mundo onde deus não existe.
mantemos monólogos caiados de diálogo,
tecemos discursos de oratória vazia
pronunciados na frente dos espelhos
trancamos nossos ouvidos para o outro,
fechamos nossos olhos,
e dizemos que deus está morto,
e é verdade que está morto.
pois o matamos
porque qualquer deus só renasce
ou existe,
no contato com o outro.
no monólogo deus está morto,
apenas no diálogo podemos
dizer que existe uma força
que entre muitos nomes
podemos também
(ou até podemos)
chamar de deus.
I.R.
domingo, 13 de novembro de 2011
13-15
o bom da vida
não é estar sempre de acordo
com os outros.
mas saber que a unidade só existe
no respeito às diferenças.
somos diferentes
e nos respeitamos,
mas sermos unidos
não é só consequência,
é uma construção de amor.
I.R.
não é estar sempre de acordo
com os outros.
mas saber que a unidade só existe
no respeito às diferenças.
somos diferentes
e nos respeitamos,
mas sermos unidos
não é só consequência,
é uma construção de amor.
I.R.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
11-11-11
onze do onze do onze
é só uma coincidência
de um calendário gregoriano qualquer.
no calendário juliano
hoje ainda é 29 de outubro
e no calendário judaico estamos em 5772.
a passagem do tempo é real,
a contagem do tempo é uma convenção,
mas nada disso importa.
a pergunta é
o que fazemos com ele?
o que fazemos de nós?
I.R.
é só uma coincidência
de um calendário gregoriano qualquer.
no calendário juliano
hoje ainda é 29 de outubro
e no calendário judaico estamos em 5772.
a passagem do tempo é real,
a contagem do tempo é uma convenção,
mas nada disso importa.
a pergunta é
o que fazemos com ele?
o que fazemos de nós?
I.R.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
nove de novembro
você me conta suas novidades
e sorri
um sorriso de desafio vencido
e de contentamento,
um sorriso de trabalho bem feito
e reconhecimento,
um sorriso emocionado
que me devolve entre lábios abertos
e dentes expostos
o porquê gosto tanto desse sorriso seu.
I.R.
e sorri
um sorriso de desafio vencido
e de contentamento,
um sorriso de trabalho bem feito
e reconhecimento,
um sorriso emocionado
que me devolve entre lábios abertos
e dentes expostos
o porquê gosto tanto desse sorriso seu.
I.R.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
luta
e o ódio alimenta o ódio,
talvez pensemos que não devamos lutar.
mas nem toda luta é violenta
nem toda luta é filha do ódio,
geradora de morte,
e por mais que nos tentem dissuadir
pelas causas justas
é sempre preciso (e eu preciso) lutar.
I.R.
domingo, 6 de novembro de 2011
lulu
era cósmica e sagrada,
era seu encontro com o mundo,
sua realização como eu.
momento para sentir-se viva,
acreditar-se plena
ser mais que um anjo ou um santo
e saber-se deus.
lulu dançava
e seu dançar era
um caminho sagrado.
lulu dançava
e a gafieira era um templo,
onde com seus irmãos,
ela simplesmente era.
lulu dançava e era.
e agora continua sendo
em algum passo por aí.
I.R.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
44 anos de um dia 3 de novembro
na hora do agradecimento,
agradeço a vocês, meus pais,
pelo três de novembro,
quando colocaram seu primeiro cimento
numa relação de quarenta e quatro anos.
e a decisão livre de unir-se num relacionamento
trouxe outras decisões,
outros caminhos tomados
que os levaram até mim,
ou me trouxe até vocês.
e se hoje me compete ser livre,
e apenas porque sou livre,
fazer o meu destino,
é porque aquele amor menino
de vocês cresceu
e rendeu frutos
que continuam dando novos frutos
e uma sombra grande e boa para descansar.
I.R.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
reta
apenas a percepção de 'mim'
e a consciência de 'você'
é que pode me fazer seguir o seu rastro
sem me rastejar.
e a vida não é o que nos sobra
ou o que nos resta.
a vida é o que temos
e viver é o que somos,
réstia de sol iluminando
nossos rostos,
e nossos restos de sorrisos
sabendo que está tudo no caminho,
e que de resto, sempre há tempo
para se refestelar.
I.R.
e a consciência de 'você'
é que pode me fazer seguir o seu rastro
sem me rastejar.
e a vida não é o que nos sobra
ou o que nos resta.
a vida é o que temos
e viver é o que somos,
réstia de sol iluminando
nossos rostos,
e nossos restos de sorrisos
sabendo que está tudo no caminho,
e que de resto, sempre há tempo
para se refestelar.
I.R.
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