ninguém pode me dizer que voltei,
porque jamais fui.
não fui e não vou a lugar algum
além do que já estou.
e se alguém quiser me contrariar,
que me mostre a passagem,
meu passaporte carimbado
ou minha simples menção de um dia ir.
I.R.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
zoo ilógico
o homem, ao se sentir superior,
com o primado entre os primatas,
não lembra que somos todos parentes
desde tempos primitivos.
assim, ao ver o babuíno que baba,
ao que pagamos pra ver por trás da jaula,
paro e penso que é um primo
que vou visitar de vez em quando na prisão.
I.R.
com o primado entre os primatas,
não lembra que somos todos parentes
desde tempos primitivos.
assim, ao ver o babuíno que baba,
ao que pagamos pra ver por trás da jaula,
paro e penso que é um primo
que vou visitar de vez em quando na prisão.
I.R.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
reencarnação
se me for dado o direito
de decidir sobre minha próxima encarnação,
já sei.
abro mão de ser rico, famoso,
homem ou mulher.
não me importa a cultura,
meu credo,
minha orientação sexual,
meus amigos,
nada.
reencarno em qualquer um.
se puder decidir,
se me for dado o direito de escolher,
na próxima quero ser um personagem do rubem fonseca.
I.R.
de decidir sobre minha próxima encarnação,
já sei.
abro mão de ser rico, famoso,
homem ou mulher.
não me importa a cultura,
meu credo,
minha orientação sexual,
meus amigos,
nada.
reencarno em qualquer um.
se puder decidir,
se me for dado o direito de escolher,
na próxima quero ser um personagem do rubem fonseca.
I.R.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
compartilhando
nem minha felicidade
nem minha tristeza
são feitas por você.
você não me faz nem uma coisa nem outra,
mas sabemos que
...
eu sou feliz
e também sou triste.
assim como também é certo, meu amor,
que sua felicidade e sua tristeza
não são feitas por mim.
o bom é que ambos,
às vezes tristes, às vezes felizes,
às vezes cansados,
com sono, irritados,
com dúvida, com tesão,
tensão,
ou...
sentimos que crescemos juntos
e nos tornamos mais parceiros
ao compartilharmos
esses e outros estados de nosso humor.
I.R.
nem minha tristeza
são feitas por você.
você não me faz nem uma coisa nem outra,
mas sabemos que
...
eu sou feliz
e também sou triste.
assim como também é certo, meu amor,
que sua felicidade e sua tristeza
não são feitas por mim.
o bom é que ambos,
às vezes tristes, às vezes felizes,
às vezes cansados,
com sono, irritados,
com dúvida, com tesão,
tensão,
ou...
sentimos que crescemos juntos
e nos tornamos mais parceiros
ao compartilharmos
esses e outros estados de nosso humor.
I.R.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
neuronofagia
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
para escrever
para escrever poemas
não preciso ler poemas.
assim como não preciso rimar,
ou mesmo ser poeta.
não necessito formas e fórmulas,
mas sua existência me inspira,
e os pequenos papéis que encontrei
espalhados pela casa
me levam a escrever pra você
este poema de amor.
I.R.
não preciso ler poemas.
assim como não preciso rimar,
ou mesmo ser poeta.
não necessito formas e fórmulas,
mas sua existência me inspira,
e os pequenos papéis que encontrei
espalhados pela casa
me levam a escrever pra você
este poema de amor.
I.R.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
aço, ferro, seda?... bodas...
os anos passam
e isso não significa apenas
que eu, você,
e todo o mundo fique mais velho.
os anos passam
e como um dia meu pai prometeu ao meu avô,
hoje ele ama a minha mãe mais do que ontem,
e aos 41 anos de casados eles se amam mais do que aos 40.
I.R.
e isso não significa apenas
que eu, você,
e todo o mundo fique mais velho.
os anos passam
e como um dia meu pai prometeu ao meu avô,
hoje ele ama a minha mãe mais do que ontem,
e aos 41 anos de casados eles se amam mais do que aos 40.
I.R.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
2°
segundo o que venho seguindo
leva uma eternidade
aceitar ser o segundo
e não o primeiro
e um sopro,
uma brisa no toldo,
ser o todo ou ser o tolo,
sem direito a meio segundo
para se arrepender.
I.R.
leva uma eternidade
aceitar ser o segundo
e não o primeiro
e um sopro,
uma brisa no toldo,
ser o todo ou ser o tolo,
sem direito a meio segundo
para se arrepender.
I.R.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
22222
entro no blog e me deparo com a realidade de que em visitas tenho um 2 a mais do que gil e dois 2 a mais do que o super helinho de 86.
isso não significa nada, mas me fez lembrar dessa música
a propaganda prefiro deixar só na lembrança.
I.R.
isso não significa nada, mas me fez lembrar dessa música
a propaganda prefiro deixar só na lembrança.
I.R.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
13 anos portenhos
buenos aires, rainha do prata,
cidade de imigrantes,
se ainda caminho por suas ruas
e vivo com você uma comum
relação de amor e ódio
é porque ainda não fui devorado.
você faz trapaça
e me dá outras chances
ou aos poucos, bem aos poucos,
eu a vou decifrando?
seu céu azul, seu céu cinza e seu trânsito caótico,
sua face cultural,seus cafés, suas livrarias,
sua corrupção e a soberba de alguns dos seus filhos,
recoleta, villa 31, palermo, la boca e lugano,
seu tango, seus táxis, cúpulas e mistérios,
sua noite, seus travestis, suas putas,
seu liberalismo e sua falsa moral,
há tantas cidades em uma,
talvez por isso seu nome seja plural.
buenos aires, velha esfinge,
cidade generosa
que me que convida a inverter o jogo...
por isso, buenos aires, decifra-me
ou um dia quem vai te devorar sou eu.
I.R.
cidade de imigrantes,
se ainda caminho por suas ruas
e vivo com você uma comum
relação de amor e ódio
é porque ainda não fui devorado.
você faz trapaça
e me dá outras chances
ou aos poucos, bem aos poucos,
eu a vou decifrando?
seu céu azul, seu céu cinza e seu trânsito caótico,
sua face cultural,seus cafés, suas livrarias,
sua corrupção e a soberba de alguns dos seus filhos,
recoleta, villa 31, palermo, la boca e lugano,
seu tango, seus táxis, cúpulas e mistérios,
sua noite, seus travestis, suas putas,
seu liberalismo e sua falsa moral,
há tantas cidades em uma,
talvez por isso seu nome seja plural.
buenos aires, velha esfinge,
cidade generosa
que me que convida a inverter o jogo...
por isso, buenos aires, decifra-me
ou um dia quem vai te devorar sou eu.
I.R.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
184
Foto: Automática
talvez eu não seja muito original,
nem faça grandes surpresas,
mas isso você já sabe,
assim como sabe das minhas manias,
minhas manhas, meus medos
e eu conheço
seu sorriso, seu cheiro
e seus momentos "chinchudos"
seus dotes culinários,
sua visão aguda,
sua amizade e seu incentivo.
e se digo que te amo
e se você me diz que me ama,
é porque nos amamos
e nem sempre nos dizemos para que não se gaste
e o pôr do sol não seja o início da noite,
mas um intervalo antes de um novo dia.
I.R.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
metamorfose
Foto: Thomas Shahan
quero ter asas de mosca,
a possibilidade de voar em zigue-zague
ou em marcha ré,
fazendo do ar um play-ground.
quero sugar o sujo e fazê-lo néctar.
mas, sobretudo,
quero ter olhos de mosca,
o poder de ver o tudo em fraqmentos
e reconhecer que a verdade
é não mais que um mosaico de várias verdades.
I.R.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
aos poucos
tenho dentro do meu peito
versos de amor que ainda não te escrevi
e rimas que só você conhece.
mas para que escrever tudo
se nos entendemos com o olhar
e a graça de escrever aos poucos
só se compara ao prazer de te escrever?
I.R.
versos de amor que ainda não te escrevi
e rimas que só você conhece.
mas para que escrever tudo
se nos entendemos com o olhar
e a graça de escrever aos poucos
só se compara ao prazer de te escrever?
I.R.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
a palavra é de prata
nem sempre o silêncio é de ouro.
de acordo como não se diz,
o silêncio pode ser triste,
vingativo.
o não falado, carregado de significado,
pode ser cortante,
feridor.
um silêncio infeliz,
amargo como bílis corroendo as entranhas,
pronto para descarregar no outro
a angústia das próprias frustrações.
I.R.
de acordo como não se diz,
o silêncio pode ser triste,
vingativo.
o não falado, carregado de significado,
pode ser cortante,
feridor.
um silêncio infeliz,
amargo como bílis corroendo as entranhas,
pronto para descarregar no outro
a angústia das próprias frustrações.
I.R.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Carta para um devoto de Maria
Buenos Aires, 07 de fevereiro de 2011
Prezado,
Das figuras com quem mais me identifico no Panteão religioso, independente de sua denominação, a que se mais se destaca é Maria. Sei que escandaliza um pouco quando digo, mas prefiro não chamá-la de virgem, afinal eu não sei se foi, e também não acredito que a virgindade seja uma virtude em si mesma.
Deus, que é unissex, se tivesse gênero seria mulher. Mãe Cósmica, Mãe Terra, Mãe Natureza. Nenhum mulher surgiu da costela de um homem. Mas nós, serem humanos, nascemos do ventre de uma mulher. Assim, Maria não é o lado feminino de Deus. Maria é Deus, a que gera, a que cria.
Mas não me interessa falar de gênero ou sexo ou virgindade. Me interessa Maria, e sua figura amorosa, compassiva, protetora, acolhedora, dolorosa, mulher que incentiva, que luta, de fibra, geradora de vida, de milagre, de força.
Verdade ou mito? Realmente importa?
As palavras do Gita se tornam menos importantes se Krishna, de fato não existiu? Os ensinamentos de Jesus se tornam vazios se a sua figura não passar de um mito? Ideais como o desprendimento, a superação, o amor seriam menos importantes se Maria fosse apenas parte de uma história? Verdade ou não, Jesus é a mais do que a continuação de Maria. Jesus é Maria. Tudo é Maria.
O meu único problema com Maria é que a oração proposta pelo catolicismo para reverenciá-la (dizer adorá-la seria mais honesto), contém uma palavra na qual não acredito. Diz a oração: ..."rogai por nós pecadores". Nós os pecadores? Espera aí. Não acredito no pecado. Acredito que cometemos atos justos e injustos. Somos responsáveis pelo que fazemos. Creio na lei da ação e da reação. "Quem semeia vento, colhe tempestade." Lei do karma. É, no pecado eu não acredito. E se não acredito, não posso dizer que sou um pecador. Tenho acertos, erros, faço coisas boas, ruins, sou generoso e mesquinho. Enfim, um típico ser humano.
Nesse dilema, não me sobram muitas opções. Ou paro de rezar a Ave Maria ou tenho que transformá-la. Talvez uma opção seja:
Ave Maria, cheia de graça,/o Senhor é convosco./Bendita sois vós entre as mulheres/e bendito é o fruto de vosso ventre, Jesus./Santa Maria, mãe de Deus (próprio Deus),/Rogai por nós pequeninos/agora e na hora da nossa morte.
Amém.
Um abraço,
I.R.
Prezado,
Das figuras com quem mais me identifico no Panteão religioso, independente de sua denominação, a que se mais se destaca é Maria. Sei que escandaliza um pouco quando digo, mas prefiro não chamá-la de virgem, afinal eu não sei se foi, e também não acredito que a virgindade seja uma virtude em si mesma.
Deus, que é unissex, se tivesse gênero seria mulher. Mãe Cósmica, Mãe Terra, Mãe Natureza. Nenhum mulher surgiu da costela de um homem. Mas nós, serem humanos, nascemos do ventre de uma mulher. Assim, Maria não é o lado feminino de Deus. Maria é Deus, a que gera, a que cria.
Mas não me interessa falar de gênero ou sexo ou virgindade. Me interessa Maria, e sua figura amorosa, compassiva, protetora, acolhedora, dolorosa, mulher que incentiva, que luta, de fibra, geradora de vida, de milagre, de força.
Verdade ou mito? Realmente importa?
As palavras do Gita se tornam menos importantes se Krishna, de fato não existiu? Os ensinamentos de Jesus se tornam vazios se a sua figura não passar de um mito? Ideais como o desprendimento, a superação, o amor seriam menos importantes se Maria fosse apenas parte de uma história? Verdade ou não, Jesus é a mais do que a continuação de Maria. Jesus é Maria. Tudo é Maria.
O meu único problema com Maria é que a oração proposta pelo catolicismo para reverenciá-la (dizer adorá-la seria mais honesto), contém uma palavra na qual não acredito. Diz a oração: ..."rogai por nós pecadores". Nós os pecadores? Espera aí. Não acredito no pecado. Acredito que cometemos atos justos e injustos. Somos responsáveis pelo que fazemos. Creio na lei da ação e da reação. "Quem semeia vento, colhe tempestade." Lei do karma. É, no pecado eu não acredito. E se não acredito, não posso dizer que sou um pecador. Tenho acertos, erros, faço coisas boas, ruins, sou generoso e mesquinho. Enfim, um típico ser humano.
Nesse dilema, não me sobram muitas opções. Ou paro de rezar a Ave Maria ou tenho que transformá-la. Talvez uma opção seja:
Ave Maria, cheia de graça,/o Senhor é convosco./Bendita sois vós entre as mulheres/e bendito é o fruto de vosso ventre, Jesus./Santa Maria, mãe de Deus (próprio Deus),/Rogai por nós pequeninos/agora e na hora da nossa morte.
Amém.
Um abraço,
I.R.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
reescrevendo
escrever como quem prega,
fazendo da poesia a boa nova
e do poema um púlpito...
ouse
sinta a própria alegria
ame
ou
conhece-te e me devores
descer da montanha é tão sábio quanto subir
frases de efeito
reais ou imaginadas,
perseguidas ou detestadas...
a busca pela eternidade verbal.
versos complexos,
caixas dentro de caixas dentro de caixas,
espelhos contrapostos.
labirintos embalados à vácuo.
não.
amo vocês, meus amores.
isso é complexamente simples
e acho que hoje para um poema
isso me basta.
I.R.
fazendo da poesia a boa nova
e do poema um púlpito...
ouse
sinta a própria alegria
ame
ou
conhece-te e me devores
descer da montanha é tão sábio quanto subir
frases de efeito
reais ou imaginadas,
perseguidas ou detestadas...
a busca pela eternidade verbal.
versos complexos,
caixas dentro de caixas dentro de caixas,
espelhos contrapostos.
labirintos embalados à vácuo.
não.
amo vocês, meus amores.
isso é complexamente simples
e acho que hoje para um poema
isso me basta.
I.R.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
processo de criação 2
resetar,
deletar, apagar, eliminar,
voltar a escrever,
tela em branco
anunciando meus caracteres,
meu caráter impresso
expresso na possibilidade
de cortar,
copiar, colar,
inserir
salvar,
indo e vindo
como um cursor
em curso,
criando um discurso
nem sempre pronto para imprimir.
I.R.
deletar, apagar, eliminar,
voltar a escrever,
tela em branco
anunciando meus caracteres,
meu caráter impresso
expresso na possibilidade
de cortar,
copiar, colar,
inserir
salvar,
indo e vindo
como um cursor
em curso,
criando um discurso
nem sempre pronto para imprimir.
I.R.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
odoyá
morando a muitos quilômetros
de distância do mar
e ao lado de um rio
de qualidade duvidosa,
me pergunto
se iemanjá
aceitaria minhas oferendas
em um copo com água mineral
(e sal se for necessário).
I.R.
de distância do mar
e ao lado de um rio
de qualidade duvidosa,
me pergunto
se iemanjá
aceitaria minhas oferendas
em um copo com água mineral
(e sal se for necessário).
I.R.
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