sábado, 23 de janeiro de 2010

fragmentos de um dia

caminhamos num sobe e desce
de ladeiras
sob um mormaço quente.
não há vento,
nem um sopro refrescante,
apenas um bafo inclemente
que quase não nos deixa pensar.
a conversa flui entrecortada
e desemboca na tenacidade
da busca por um carro.
há carro.
há passeio.
as praias sem vento ocupam
o lugar das ladeiras
o passo é cansado e miúdo,
mas também mostra
e demonstra e confirma a tenacidade,
a força de vontade.
os índios assistem televisão...
"a gente vai se ver na Globo..."
e a busca pela pedra
se transforma quase numa viagem
de insistência,
numa aula sobre perseverança.
o vinho, o suco, a água,
não nessa sequência,
nem nessa necessidade,
resfriam ou esquentam o corpo.
quando se quer é possível.
assim como é possível ser amigo
de um antigo amor.

nunca deixei que se intrometessem na minha vida.

o telefone liga, mas não está ligando.

I.R.