sábado, 24 de agosto de 2024

ravascando

sei lá se você ravasca,
se sai da casca,
se você se lança
só sei que nessa dança
eu ravasco...
será que se você ravascasse...
não sei, 
eu ravasco,
mas não ravasqueio,
porque ravasquear
não é ravascar,
e se ontem ravasquei,
se amanhã ravascarei
é porque ravascar não se define, afinal. 

I.R.

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

reflexo

coloco a criança no verso,
ponho a palavra no berço.
refletido na janela,
me reconheço palavra e criança,
no berço, no verso, no reverso da medalha
que já não uso,
eu tão esclarecido e tão obtuso,
tão adulto e tão infantil.
ansioso, zen e sem paciência,
na adultez e na adolescência,
sou palavra, verso, berço, criança,
alegria, tristeza e esperança...
sou do verbo ser, ser do verbo estar.

I.R.

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

possivelmente

talvez seja o momento,
seja a hora, seja o dia.
talvez seja o tormento,
a tempestade, a alegria.
talvez seja a melancólica espera,
ou apenas a esfera que gira,
e que nada responde.
talvez seja uma profusão de gametas, 
uma produção de cometas, 
uma chuva de meteoros, 
tácteis e sonoros. 
não sei... quase sempre não sei. 
nenhum texto sou eu, 
mas todos são sobre a existência 
de quem os escreve, de quem os lê, 
talvez seja...  talvez não... 
quiçá... 

I.R.

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

energia

a rua está às escuras,
minha casa não tem luz
e venta lá fora,
venta muito,
e há luz nos morros, 
em outras casas,
em algumas consciências.
caminho na escuridão,
de olhos fechados,
sem direção certa. 
não acredito nas trevas,
minha falta de luz não é metafórica, 
é apagão. 
não tenho velas.
viva a lanterna do celular!

I.R.

sábado, 10 de agosto de 2024

ambiente (de/dis) simulador

se a realidade é uma simulação
quem está jogando esse the sims?
meu sim, meu não,
o que me entristece, o que celebro...
meu coração e meu cérebro
em rota de colisão,
chegada do caos
jogando uma pá de cal no meu cais.
um banho sem sais, sal direto na ferida,
cérbero que me espera na porta.
(um cão ou três cães?)

I.R.

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

bivalve

não é algo nem algoz, é alvo.
e eu sei qual é
o objetivo da página em branco,
da mente em branco,
do coração em brancas nuvens,
que não escreve versos de amor.
o objetivo de não ser subjuntivo,
mas subjetivo, e escrever o que sinto.
porém pressinto que, pra sentir,
não devo mentir, não devo inventar.
então, eu preciso perceber
que não se trata do alvo,
mas de algo...

muito além de acertar.

I.R.

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

as coisas são

as coisas são o que são...
o sol renasce e ‘remorre’ todos os dias,
a lua tem fases
e os pinguins de vez em quando
chegam à praia grande,
não como as baleias,
que têm sua temporada de vir.
alguns jovens jogam altinha,
alguns não jovens ouvem música
em grandes caixas de som.
as coisas são como são,
mas como me afetam
o mar, o sol, a bola,
a música alheia, os pinguins,
a mulher cheirosa que passa,
enquanto sou um com a praia grande,
isso diz respeito a mim.
as coisas são como são
e eu, grão de areia,
vou sendo como vou

I.R.