adoro poemas
que começam com “não”,
embora quase não os escreva.
talvez negar seja fácil
sem proposta ou compromisso,
talvez seja isso,
ou talvez não...
creio na inexistência de deus,
mas os discursos ateus me cansam.
adoro o balé e a corrida das areias da praia da rama,
lutando com o asfalto, como muhammad ali,
mas tenho medo de que ali não sobre areia
para a praia dos anjos.
tenho medo de não me apaixonar,
tenho medo de nunca mais escrever,
insisto e repito que igor não é o poema,
mas um personagem, como peri, o bom selvagem,
que inventei pra falar do que pode ser
que senti.
gosto do sentido do nonsense,
do malabarismo circense no picadeiro,
acho palhaços tristes, e em geral sem graça,
creio na inexistência da raça,
mas o racismo é um de nossos maiores males.
viver não é linear, nem pra frente,
não vamos a lugar nenhum além da morte
e das areias dançantes da praia do anju.
não tenho medo de morrer,
tenho medo de ficar sem palavras.
mas acho que talvez a chave esteja no “se”,
esse “se” conjunção subordinativa condicional,
esse “se” genial, que nos diz que
‘se a gente não for, a gente não vai’.
I.R.