terça-feira, 26 de setembro de 2023

monólogo interno

está nublado e frio, venta,
contraponto do calor que me espera,
mas isso não é hoje, é só amanhã,
e o amanhã não existe.
liberei a pista
do fluxo da minha consciência,
mão e contramão,
indo lento, indo lendo, indo lindo,
respeitando meus tempos,
preenchendo lacunas
sem querer respostas,
pois não se trata de gabaritar.
na lista do que não fiz,
nessa inexistência do amanhã,
não perco o passo,
mas na linha que traço,
escrevo o abraço que ainda nunca te dei

I.R.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

metamórfico

la ilusión se ha roto
y no me regaló un vals,
sino palabras.
cambio de ruta,
y el envión de la foja cero,
de una voluntad que no afloja,
pero de un yo que ya no espero nada.
no soy libre como el viento,
no vuelo como los pájaros,
pero mantengo la puerta de mi jaula abierta…
y la emoción...
sí, la emoción de una orquídea, de una idea,
de una orquídea violeta fuera de foco,
y yo, loco, bajo todas las narices,
me bifurco como sus raíces,
y me convierto o me desconcierto en flor

I.R.

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

desponto

e eis que ocorre o corre,
b.o. nosso de cada dia,
que não adia, mas é pontual
e pontua ponto por ponto,
sem desconto, mas com juros,
enquanto conjuro as parcas,
parco de recursos...
eu clown, eu arlequim.
rei morto, rei posto
e o que se viu no meu rosto
foi a onda de água salgada
trazendo o sorriso
porque tudo passa,
a corte,
o corte,
quem curte.
vida que segue, que se embola,
e se embala na rede

I.R.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

pequena

tudo está confuso e simples,
num emaranhado de emoções,
de um eu emocionado,
que ando tão à flor da pele.
o tapete já não voa mais,
mas não se varre nada pra debaixo dele.
o castelo de cartas marcadas caiu
e estes versos mesquinhos,
escrevi numa esquina de buenos aires,
de onde vim, ou para onde venho.
o ar não está bom, mas o vinho ajuda.
tudo está claro, há um piso
onde escorrego e caio,
e saio de cena...
valeu a pena.
a alma não é grande, mas valeu.

I.R.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

tessitura

o silêncio da cidade grande é barulhento,
gente, ansiedade, motor, modernidade,
e se as palavras são levadas pelo vento,
a calmaria só é possível dentro de nós,
que não somos calmos,
mas uma porção de pulsão,
uma punção de versos,
dos seus versos,
da sua poesia que leio em voz alta,
do desejo de lê-la,
da vontade de tê-la na minha garganta,
que recita, excita e que canta
um canto de sentidos, encanto da iara,
relógio de areia movediça,
que se move dentro de mim.

I.R.

sábado, 9 de setembro de 2023

re-creio

a vida é como gangorra,
brincadeira responsável
onde preciso do outro pra poder brincar.
não há gangorra na solidão,
no enroscar-se como gongolo,
no comer pelas beiradas
sem nunca ir ao miolo,
não há estradas sem buracos
sem pedágios nem acidentes,
vou com a faca entre os dentes,
me recuperando, me re-superando...
a vida é um quebra-cabeças?
talvez um jogo de encaixe, um feixe de luz,
na unidade de uma colcha de retalhos

I.R.

sábado, 2 de setembro de 2023

espelho, espelho meu...

o desejo de escrever
sem explicar, sem descrever,
e com discrição,
só fala de mim.
rascunho compulsivo
um recorte do instante.
mas não me procurem no texto,
fui à praia, traduzir o contexto
da minha existência.
e se biscuit não é comida,
biscoitos em excesso fazem mal.
talvez o excesso seja retrocesso de vida...
dialogo no processo de escrever,
diálogo desconexo, no reflexo...
escrevo, logo resisto,
vivo conforme o imprevisto,
não reclamo
e me declamo um poema de amor.

I.R.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

open Bach

me abro,
porque lo que me queda
después de abrirme
es abrirme,
para no volver a cerrarme.
me corro,
sin pena ni gozo,
pero solo me corro,
porque no quiero correr.
y juego a dos puntas,
a dos lenguas,
una juerga a leguas,
que la tomo como tal.

I.R.