a cabeça do
poeta faz cálculo com as palavras,
e se palavras não são números,
são inúmeros universos,
incalculáveis interpretações...
calculo verbos, pronomes, conjunções,
conjuro substantivos em vez de equações,
equaciono períodos compostos,
equilibro apostos,
e não aposto nos vocativos
ou nos períodos simples.
e falo das coisas, talvez de mim,
não como operação aritmética,
evitando a arritmia e a homilética,
me apoiando nos dicionários...
mas não escrevo diários.
quando termino, o poema é teu,
e eu já não tenho nada a ver com isso.
I.R.