domingo, 7 de outubro de 2018

manifesto ou #elenão

toda pausa é bem-vinda,
enquanto as ideias pousam.
mas em nome da liberdade,
com fome de amor
e sede de infinito,
preciso declarar
que não creio em mito
nem apoio quem apoia o horror

I.R.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

porque não estamos sós

redescubro a arte do malabarismo,
andando pela corda bamba,
por sobre o abismo,
imensidão azul
ou o céu nosso de cada dia...
ansiedade, adrenalina,
a realidade que se assoma
ou o sonho ao que se destina...
variar as variáveis,
sem tocar o invariável desejo
de chegar ao outro lado,
e de, lado a lado, saber como descer

I.R.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

outono

as palavras não ditas
são como folhas de outono
que caem
formando não frases,
como o leito de um rio seco.
é preciso trabalho e persistência
e nenhuma ciência,
além da melodia.
é necessário voltar à origem,
sentir a vertigem
da consciência se tornando imagem,
som e sabor de poesia

I.R.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

década + década

habita em mim uma ponte
extendida no horizonte do que vivo.
arco-íris,
que une de ponta a ponta
meu norte e meu sul,
com essa bússola descalibrada,
versão desalinhada
e moderna, com duas agulhas...
duas histórias, duas geografias,
duas culturas, dois idiomas...
e um sol... esse único sol
que nasce no rio da prata
e se põe nas águas frias
de uma praia grande
onde também não nasci

habita en mí un puente
extendido en el horizonte de lo que vivo.
arcoiris,
que une de punta a punta
mi norte y mi sur,
con esa brújula descalibrada,
versión desaliñada
y moderna, con dos agujas...
dos historias, dos geografías,
dos culturas, dos idiomas...
y un sol... ese único sol
que nace en el río de la plata
y se muere en las aguas frías
de una playa grande
donde tampoco nací

I.R.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

achegando

na distância,
o que distancia
não é o que se diz,
mas o que se anseia,
sem poder realizar.
relatos náufragos,
mensagem engarrafada,
trânsito que não transito,
não por ser herói
e menos por ser mito.
transmuto,
transmito.
não fico
e desmistifico à distância...
a ânsia do que se diz
é só o desejo de se achegar

I.R.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

silêncio

à noite, os acordes me acordam,
sem um acordo tácito...
tenho os dedos flácidos
e a mente em ebulição.
no apagar das luzes,
a granada que explode
não retumba,
tem um eco seco,
uma sonoridade muda,
que me muda, me transporta
e abre uma porta
para as janelas que fechei.
é no silêncio que se gera
e que se estabelecem os vínculos.
esse silêncio
que também é fazer poético,
poesia em estado bruto,
onde desvinculo os círculos,
poesia para lapidar
em silêncio.
à noite, o silêncio me acorda...

I.R.