quinta-feira, 6 de outubro de 2016

noventa

Foto: Ricardo Ramos

atravesso túneis a céu aberto
e buracos de espaço-tempo,
sem saber aonde vou.
o que há do outro lado?,
(se é que há outro lado)
apesar de me manter acordado,
a pergunta não tira meu sono.
nunca vou sobre trilhos,
mas gosto de abrir os braços
e fazer malabarismo sobre eles,
como numa corda bamba.
uma placa diz noventa,
e a esta altura,
não sei se são 90 quilômetros,
ou 90 quilômetros por hora,
não sei se são 90 poemas,
90 problemas,
se são 90 canções,
90 anos
ou 90 emoções descritas
após 90 suspiros,
30 de tristeza,
30 de saudade
e outros 30 de amor.
talvez sejam 90 passos,
quem sabe, 90 pedaços,
ou 90 botões,
desabrochando em flor...

I.R.