Há uns cem metros da minha casa há uma Igreja dos Santos dos Últimos Dias. Outro dia, passando com o jovem Ravasco, o primeiro nascido na Argentina, ele me perguntou o que era aquela construção. Eu lhe disse que era um templo de uma religião conhecida como mórmon. E o diálogo continuou com a pergunta: "Eles são católicos?". E eu lhe respondo que não, que eles são cristãos, mas não são católicos. E começo a lhe explicar um pouco sobre o cristianismo e suas muitas divisões.
Talvez o que eu não esperasse foi a pergunta seguinte: "Papai, e você, acredita em Jesus?" E eu lhe digo que acredito que a mensagem de Jesus é boa, mas não sou cristão, pois para um cristão Jesus é Deus. E eu não acredito nisso. E lhe explico que sou judeu. E lhe falo um pouco sobre o judaísmo e suas diferentes linhas de pensamento e prática.
E a conversa continuou sobre muitos -ismos, e apareceram Sidarta Gautama, o Buda, e o Budismo, Maomé e o islamismo, apareceu o hinduísmo e seus muitos Deuses, as religiões de matriz africana, o candomblé, a umbanda, e o ateísmo. E eu lhe dizia que não importa se você acredita em Deus ou não e nem que nome você dá a esse Deus se é que você acredita em um. Importa a maneira como vivemos, o que fazemos aqui, agora, e como trabalhamos para fazer deste mundo um lugar mais justo, mais igualitário. Algo como ama o seu próximo como a si mesmo. Ou não faça aos outros o que não gosta que façam com você.
E quando parecia que a conversa tinha terminado, ele se virou para mim e me perguntou: "Papai, e o capitalismo?"
Ri para dentro. Pensei um pouco e lhe disse: "Olha, meu filho, apesar do capitalismo não ser oficialmente uma religião, tem muita gente fazendo do dinheiro um Deus por aí."
I.R.