com os nervos à mostra,
à flor da pele,
o que me impele
não é a vontade de ir,
mas a necessidade de tocar em frente.
estou folha seca ao vento,
exposto ao relento,
mas disposto ao orvalho
de uma nova manhã.
quando me falam do paraíso
ou do fogo do inferno,
do gozo ou do sofrimento eterno,
eu lembro que o limbo das criancinhas
não existe mais.
nada, purgatório, setenta virgens, reencarnação,
a vida após a morte é uma preocupação
tão mais forte do que a vida,
que às vezes nos esquecemos
que morrer é tão natural aos homens
quanto às formigas e às tartarugas.
quero que o sono leve
leve o sonho
e lave a sina,
quero que o sino
avise com sanha
o fim de toda mágoa,
de toda manha
e, como o repique,
só termine de repicar
amanhã de manhã.
tu cielo azul, tu cielo gris y tu tráfico caótico, tu costado cultural, tus cafés, tus librerías, tu corrupción y la soberbia de algunos de tus hijos, la recoleta, la villa 31, palermo, la boca y lugano, tu tango, tus taxis, cúpulas y mistérios, tu noche, tus travestis, tus curas y tus putas, tu falsa moral y tu desenfreno, tus vecinos y tus mafias, hay muchas ciudades en una, quizá por eso tu nombre sea plural. I.R.
queria traduzir um texto,
não por lazer,
mas por trabalho.
queria escrever um poema,
não por trabalho,
mas por prazer.
só que agora,
a hora é de parar.
o filho que quer ir à praia
diz que o resto pode esperar.
na grade do aro me liberto, rodo solto, de peito aberto, caminho pela areia espalhada, de minha ampulheta quebrada e nado num mar amniótico, sem um cordão umbilical. I.R.