Foto: Fernando Kinukawa
precisamos nos libertar
das caixas que nos estreitam a visão,
que nos reduzem o pensamento;
devemos nos liberar
das caixas de nossas mãos,
prisões que nos impedem agir,
vemos, mas não podemos tocar,
nosso movimento, enfraquecido,
perde os dedos e a sensibilidade;
devemos nos livrar
das caixas de nossos pés,
sapatos incômodos
que amoldam nossos passos
a caminhos estranhos a nós,
mas aos que nos entregamos
como robôs.
precisamos arrancar
a caixa do nosso peito,
a caixa que nos oprime,
a caixa que não somos,
mas que aceitamos quando nos botam,
as caixas que nos embotam,
onde dentro há um coração quadrado
com medo de se molhar
e de se rasgar como papelão.
I.R.