Foto: Luiza Mesquita
guardei os meus segredos,
tranquei-os em meu quarto
e joguei a chave fora.
mas o tempo,
esse que inexoravelmente não para,
foi descascando minhas portas
e a curiosidade alheia
essa que inexplicavelmente não termina,
foi tentando arrombar o meu quarto
e tive de remendar a entrada
com madeiras avulsas,
resguardar meus segredos,
e impedir a entrada de estranhos
quando a fechadura cedeu,
coloquei uma corrente,
com um cadeado,
apenas pelo lado de dentro
um cadeado que só eu vejo,
um cadeado com combinação,
cujo segredo nem eu conheço.
I.R.