quarta-feira, 31 de agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
redada
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
arte por uns fios
a arte não se prende a detalhes
porém o que escrevo carece de valor
mais do que para mim e alguns poucos amigos.
os girassóis continuariam sendo flores
e até mesmo um quadro,
ainda que van gogh tivesse as duas orelhas.
beethoven surdo,
ray charles cego,
sivuca e hermeto albinos
e o adágio de albinoni
(dizem que não era dele)
me dá sono e não me emociona.
escrevo um poema dissonante,
atônico,
apenas para dizer
que sempre gostei do moustache curvo de dali.
mas aqui pra mim,
o bigode número um da arte
é o curto e fino de frida khalo.
a arte não se prende a detalhes,
e os males do hipocampo talvez tenham solução.
I.R.
porém o que escrevo carece de valor
mais do que para mim e alguns poucos amigos.
os girassóis continuariam sendo flores
e até mesmo um quadro,
ainda que van gogh tivesse as duas orelhas.
beethoven surdo,
ray charles cego,
sivuca e hermeto albinos
e o adágio de albinoni
(dizem que não era dele)
me dá sono e não me emociona.
escrevo um poema dissonante,
atônico,
apenas para dizer
que sempre gostei do moustache curvo de dali.
mas aqui pra mim,
o bigode número um da arte
é o curto e fino de frida khalo.
a arte não se prende a detalhes,
e os males do hipocampo talvez tenham solução.
I.R.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
com o sono nos trilhos
sábado, 20 de agosto de 2011
horar
Foto: Adriano Mello
ora a hora e o tempo são calma brisa,
ora o tempo e a hora são temporal.
o tempo lá fora nunca é o que antes fora,
e o relógio mostra apenas
um agora da verdade.
alguém pode me dizer que horas são?
I.R.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
ponto de vigia
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
just do it
domingo, 14 de agosto de 2011
imperfeito
Foto: I.R.
acredito em um deus imperfeito,
em um deus limitado,
em um deus que não pode tudo.
que infelizmente não pode tudo.
um deus que não pode acabar com a fome,
um deus que não pode evitar catástrofes
ou acabar com o mal.
mas é bom.
quando pode
ou é possível,
sim, quando dá,
ele é bom.
profundamente bom,
e acreditar nele me faz ter esperança
de que um dia, entre todos,
juntos,
poderemos ter, não um mundo perfeito,
mas um mundo melhor.
I.R.
sábado, 13 de agosto de 2011
365
Foto: I.R.
a roda do tempo deu uma volta completa,
desde aquele dia em que não sabíamos
muito bem onde estávamos pisando.
mas resolvemos pisar juntos,
e colocamos o pé em caminhos de terra,
em estradas de barro,
em avenidas com cimento novo,
na areia da praia
e em terreno pedregoso.
eu do seu lado.
você ao lado meu.
imperfeitos,
mas todo dia buscando ser melhor pessoa
para o outro,
para que a roda do tempo continue
dando voltas completas
nos caminhos que decidirmos pisar.
I.R.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
compromisso
Foto: I.R.
no cansaço do dia a dia,
talvez eu não tenha vontade
de fazer poesia.
para que escrever,
quando o que se quer é descansar
a garganta, a cabeça?
escrever, dizer, comunicar,
estabelecer pontes,
necessidade orgânica
e poética,
mesmo que as palavras caiam no vazio,
mesmo que não haja ninguém para ler.
I.R.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
olhos fechados
aos poucos meus olhos se fecham
mas os olhos de todos se fecham
ou vão se fechar.
e não estou falando da morte,
afinal, podemos morrer de olhos abertos.
meus olhos se fecham,
pesados,
cansados,
meus olhos se fecham
quase às sete da noite
sentindo a falta da sesta não dormida.
I.R.
mas os olhos de todos se fecham
ou vão se fechar.
e não estou falando da morte,
afinal, podemos morrer de olhos abertos.
meus olhos se fecham,
pesados,
cansados,
meus olhos se fecham
quase às sete da noite
sentindo a falta da sesta não dormida.
I.R.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Carta para um "culpador"
Buenos Aires, 08 de agosto de 2011.
Prezado,
Como é fácil querer responsabilizar os outros das nossas decisões, não é mesmo? E como, constantemente e até sem perceber terminamos fazendo isso.
Vou te contar uma história que aconteceu comigo. Um dia na semana passada, meu filho, de manhã, estava meio irritado. Reclamava de tudo. Tudo para ele estava mal, era feio, e não queria fazer xixi, nem escovar os dentes, nem tomar café da manhã, nem nada.
Eu tentava explicar para ele que cada uma dessas coisas era necessária, e que ele aproveitasse o dia, que começasse “pra cima”, com alto-astral. Aqui, talvez eu devesse ter parado de falar e respeitado o seu momento irritadiço sem dizer nada.
Mas, sinceramente, não sei. Acho que a felicidade se aprende e o olhar otimista pode ser desenvolvido. Não sei se tudo isso é inato.
Bem, mas acabei me irritando. E terminei gritando com o pequeno. Dei-lhe um grito, ele tremeu todo, chorou um pouco e aí, finalmente parece que acordou e passou a curtir feliz o dia.
Confesso que gostei do resultado do grito, mas não gostei de ter gritado. Eu poderia ter reagido de outra forma, não ter gritado e passado pela sua irritação sem me deixar atingir. Nesse momento, pensei o que em geral os pais fazem.
Os pais costumam dizer aos filhos: “Tá vendo, gritei com você, mas não queria gritar. A culpa é sua por me fazer perder a paciência. Por que você me fez gritar? Parece que gosta.”
Mas para tudo! Sou um ser pensante, poderia ter escolhido outro caminho, ter feito outra coisa. Gritei porque decidi gritar. Ninguém me obrigou a tomar essa atitude. Então aí, consciente disso, escolhi o meu caminho. Não coloquei nos ombros do meu filho a responsabilidade pelas minhas decisões. É fácil dizer que a “culpa” e dos outros, não é mesmo?
Sou responsável pelos meus atos. Então, dei um abraço no meu filho, começamos a conversar sobre outras coisas e superei a decisão de ter gritado com ele. Outro dia já tinha aprendido que também não é bom assumir culpas ou responsabilidades de forma super dimensionada, carregando os nossos ombros com o que não nos pertence. Faz mal ao próprio espírito.
É isso, meu amigo.
Um abraço,
I.R.
Prezado,
Como é fácil querer responsabilizar os outros das nossas decisões, não é mesmo? E como, constantemente e até sem perceber terminamos fazendo isso.
Vou te contar uma história que aconteceu comigo. Um dia na semana passada, meu filho, de manhã, estava meio irritado. Reclamava de tudo. Tudo para ele estava mal, era feio, e não queria fazer xixi, nem escovar os dentes, nem tomar café da manhã, nem nada.
Eu tentava explicar para ele que cada uma dessas coisas era necessária, e que ele aproveitasse o dia, que começasse “pra cima”, com alto-astral. Aqui, talvez eu devesse ter parado de falar e respeitado o seu momento irritadiço sem dizer nada.
Mas, sinceramente, não sei. Acho que a felicidade se aprende e o olhar otimista pode ser desenvolvido. Não sei se tudo isso é inato.
Bem, mas acabei me irritando. E terminei gritando com o pequeno. Dei-lhe um grito, ele tremeu todo, chorou um pouco e aí, finalmente parece que acordou e passou a curtir feliz o dia.
Confesso que gostei do resultado do grito, mas não gostei de ter gritado. Eu poderia ter reagido de outra forma, não ter gritado e passado pela sua irritação sem me deixar atingir. Nesse momento, pensei o que em geral os pais fazem.
Os pais costumam dizer aos filhos: “Tá vendo, gritei com você, mas não queria gritar. A culpa é sua por me fazer perder a paciência. Por que você me fez gritar? Parece que gosta.”
Mas para tudo! Sou um ser pensante, poderia ter escolhido outro caminho, ter feito outra coisa. Gritei porque decidi gritar. Ninguém me obrigou a tomar essa atitude. Então aí, consciente disso, escolhi o meu caminho. Não coloquei nos ombros do meu filho a responsabilidade pelas minhas decisões. É fácil dizer que a “culpa” e dos outros, não é mesmo?
Sou responsável pelos meus atos. Então, dei um abraço no meu filho, começamos a conversar sobre outras coisas e superei a decisão de ter gritado com ele. Outro dia já tinha aprendido que também não é bom assumir culpas ou responsabilidades de forma super dimensionada, carregando os nossos ombros com o que não nos pertence. Faz mal ao próprio espírito.
É isso, meu amigo.
Um abraço,
I.R.
sábado, 6 de agosto de 2011
a casa de cada um
Foto: I.R.
a casa de cada um é
mais do que um castelo,
independente do material,
sem importar o seu tamanho
e o que contém ou não em seu interior.
a casa de cada um,
é mais do que quatro,
cinco, vinte paredes,
é a individualidade intrasferível,
é o saber viver consigo e em comunidade,
é barro, tijolo, edifício
e céu azul.
a casa de cada um é um convite
ao diário respeito pelas diferenças.
I.R.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
matrioska
Foto: I.R.
uma caixa que guarda uma caixa
que guarda outra caixa
que contém uma caixa
que esconde outra caixa,
numa aparente prisão
em busca da menor parte.
mas a menor parte não existe,
pois também ela é parte do todo,
é infinita
e desencaixa do universo
como algo singular,
como um filho,
como a própria vida
montada num meteorito.
I.R.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
sopa
o gosto de agosto não é frio,
mas quente,
e tem cheiro de caldo,
sabor de sopa.
mistura de líquido e sólido
que, se feita por mãos mágicas,
não desagrada a ninguém.
I.R.
mas quente,
e tem cheiro de caldo,
sabor de sopa.
mistura de líquido e sólido
que, se feita por mãos mágicas,
não desagrada a ninguém.
I.R.
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