segunda-feira, 28 de março de 2011
quimérico
Foto: I.R.
eu já não sei contar minhas tristezas,
talvez por serem poucas, quase nada,
mas sei, vendo de fora da manada,
que faltam por limpar as asperezas.
cabeça de tigre e asa de mariposa,
couro de rinoceronte e concha de caracol,
estômago de tubarão...
e o que era o princípio de um soneto, apenas era,
agora é livre,
sou eu, uma quimera,
um esturjão,
disposto a brincar e a perverter a ordem,
olhando por cima da manada que emana seu cheiro coletivo
já longe do meu.
caviar poético unindo pedaços,
um neo-ornitorrinco
despreocupado com a forma
com fome de sei lá o quê.
I.R.