quinta-feira, 29 de maio de 2025

ciranda

não foi lia quem me deu essa ciranda,
nem nunca fui a Itamaracá...
              mas ciranda, cirandinha,
              vamos todos cirandar,
              dou meia volta, volta e meia,
              mesmo sem saber dançar.

e o que eu leio, o que eu lia,
o que eu vivi e vivo
influencia no que eu penso,
sinto, sofro e amo.
meu passado, meu presente
                                          e minha história,
              não são apenas memória,
mas o caminho em percurso
                                    nessa brincadeira de roda

Igor Ravasco

domingo, 25 de maio de 2025

qual é o fim?

a viagem finda
no preciso instante
em que a música termina.
momento precioso
              de carta jogada,
              de verso concluído
que preço algum poderá precisar.
                                          (adeus Araribóia,
                                          foi um prazer conhecê-lo.)
não luto contra o luto,
as cartas são sempre as mesmas,
mas os jogos e as regras diferem,
                            algumas acariciam,
                            enquanto outras ferem...

desembaralho,
                            pra voltar a embaralhar

Igor Ravasco

segunda-feira, 19 de maio de 2025

curta!

qual é o sentido da vida?
                             nenhum.
e o sentido da minha vida?
só eu posso responder,
                                 escolher, 
sem mentir pra mim mesmo,
em silêncio, em voz alta,
(em minúscula,
                           EM CAIXA ALTA...) 
esse sem sentido de todo dia
onde luto,
que eu curto, e compartilho, 
aprendendo a relaxar, 
a abrir esperto o espartilho....
                      até a hora de sair de cena...
                    
                    a vida é curta para ser pequena

Igor Ravasco 

sexta-feira, 16 de maio de 2025

mar e azeite

aquele menino de dezesseis
é baixo, é grande, tem medo
e ama,
talvez por primeira vez,
com cheiro de pão
e quiabo com carne seca.
aquele de dezessete
até tenta não fazer
o que o de dezoito fará,
descortinando um horizonte,
nem sempre belo.
aqueles jovens de vinte e nove
ou vinte e três, de trinta e cinco
ou de quarenta e dois, 
que nem sempre foram amados, 
nem sempre amaram, 
precisam de amparo, 
de um colo, de um conselho tardio, 
deste adulto de cinquenta, 
nessa estrada dos muitos eus

Igor Ravasco

quarta-feira, 14 de maio de 2025

trinca

na torre,
trança e transa são dilema,
                    dança ou tranca...


placebo, placenta, plateia...
                    uma tarântula ateia
caça lenta e inevitável.

tanta asa-branca,
tanto tantra, tanto mantra
                            cantado por baleia franca...

        (não sei limpar polvos.)

        e me pergunto:
quanta vida cabe
quando a vida acaba?

Igor Ravasco

domingo, 4 de maio de 2025

"more"

amar é a maré
que se enche e se esvazia
no pulsar do mar.

            maravilha, maravida,

a alma artesã de uma arte sã,
estrela desamarrada...

amar é oceano e estrada,
            
                   o caminho de volta para aldebaran

Igor Ravasco